terça-feira, 24 de agosto de 2021

Engajamento Espontâneo: Ainda existe isso no RPG?

 

Engajamento Espontâneo: um fóssil?

People, hoje vou falar sobre um fenômeno que muitas vezes parece ser apenas uma relíquia de algum tempo remoto, e que é algo absurdamente raro: o Engajamento Espontâneo.

O que seria isso?

Eu chamo de “Engajamento Espontâneo” aquele tipo de envolvimento de uma pessoa com um material que ocorre de forma natural, por gosto e por identificação direta. Não é aquele engajamento que surge por conta de doses maciças de propaganda e Marketing.

HEY! SE NESSE MOMENTO VOCÊ ENTENDEU QUE EU ESTOU FALANDO QUE O ENGAJAMENTO QUE SURGE POR CONTA DE UMA CAMPANHA DE MARKETING BEM FEITA É RUIM, VOCÊ ENTENDEU COMPLETAMENTE ERRADO!

É POSSÍVEL SIM CRIAR ENGAJAMENTO SINCERO COM BOM MARKETING, E ACHO O MÁXIMO QUE ISSO SEJA POSSÍVEL.

Mas eu chamo de Engajamento Espontâneo aquele que ocorre da seguinte forma: a pessoa conhece/lê um material, e por gostar muito daquilo, de forma totalmente espontânea decide falar sobre aquilo, recomendar, e até mesmo produzir conteúdo sobre aquilo de alguma forma, seja, um vídeo, um relato de sessão, um stream.

Veja bem, SEM que tenha ocorrido uma forte campanha de marketing ou bombardeamento de exposição daquilo material. Aquele que não precisa disso.

Como exemplo, vou citar o RPG com a maior quantidade de vídeos em meu canal: o Pocket Dragon.

Os vídeos foram feitos muito antes do Rafael Beltrame criar a comunidade do jogo no Facebook (comunidade essa que ajudou MUITO na popularização do PD). Na época,o Pocket Dragon era um documento bemmmmm longe das discussões e preferências da comunidade. Mesmo sendo um dos primeiros jogos OSR do país, as comunidades OSR ignoravam a existência do jogo (como aliás continuam a ignorar qualquer jogo REALMENTE underground e fora do Hype, mas enfim....).

Eu conheci o jogo no site da Red Box Editora (atual Buró), me apaixonei pela proposta, e mesmo sem ninguém mais comentando, sem qualquer indicativo de que isso iria atrair público, comecei a fazer vídeos com ele. Os 3 primeiros vídeos do Canal, intitulados “Como jogar RPG de mesa sozinho”, foram utilizando e apresentando o Pocket Dragon.

Atualmente, meu canal tem mais de 30 vídeos sobre esse sistema.

E não foi o único caso.

Abordei o Desafio dos Bandeirantes, o RPG A TRAMA, e muitos outros, movido por esse “engajamento espontâneo”. Até o jogo “Stranger Things RPG”, escrito pela Lorena, uma menina na época com 13 anos de idade, apareceu no meu canal.

Na verdade o título desse artigo foi enganoso: o RPG solo nacional tem muitos exemplos além de mim desse tipo de Engajamento. É algo bem comum na comunidade, e é basicamente o que move a produção de conteúdo da galera.

Mas fora dele, acho que dá sim pra dizer que é um fenômeno em extinção.

Na verdade, nem mesmo campanhas de marketing de sucesso tem garantido um engajamento consistente; da pra citar uma dezena de jogos que investiram bastante em propaganda, tiveram boas vendas ou FCs de sucesso, que posteriormente geraram ZERO engajamento.

Atualmente o que tem ocorrido é a sucessão vertiginosa entre focos de interesse, guiados por exposição fruto de campanhas de marketing hora inteligentes e instigantes, hora apelativas e de mau gosto (e muita coisa que fica no meio termo entre esses 2 extremos).

 

Geralmente a principal justificativa das pessoas ao tentarem explicar porque não exercem esse engajamento espontâneo é a questão do “tempo”: dizem ter o interesse, mas falta o tempo para se engajarem.

Que é um argumento que eu – Tarcísio – acho uma desculpa muito fajuta; a mesma pessoa  que usa esse argumento maratona 10 séries por ano na Netflix, ou assiste One Piece, ou lê tudo que sai de D&D.

É uma questão de prioridade, isso sim.

E NÃO HÁ NADA DE ERRADO EM TER OUTRAS PRIORIDADES DE CONSUMO QUE NÃO O ENGAJAMENTO ESPONTÂNEO. Só não entendo esse medo ou vergonha de admitir isso. Porque a menos que você viva em um estado de semi escravidão (e infelizmente isso ainda existe em nosso país), um mínimo de controle de tempo e agenda você tem sim. Se não tem, algo está muito errado, e aí é bom reavaliar muita coisa....

No solo, temos uma vantagem ENORME com relação a isso, por um fator muito simples:

É totalmente possível a gente se engajar com nossas próprias criações!

Temos a chance e o privilégio de podermos virar os maiores fãs, consumidores e entusiastas de nossos próprios jogos. Isso é fantástico.

Bom, é isso!

segunda-feira, 23 de agosto de 2021

ENTREVISTANDO O AUTOR: ENIO PEREIRA

Olá, pessoal, tudo jóia com vocês?

Esse ano tive a honra IMENSA de conhecer o escritor Enio Pereira. Posso dizer tranquilamente que o livro "Divagações de Sangue" é um dos livros mais legais que já vi/li, e recomendo a leitura a todo mundo.

Fiquei muito feliz que o Enio topou fazer essa entrevista.

Além da literatura, eu e o Enio temos outro ponto em comum: o Horror Punk, sendo ele o empresário da banda Os Desconhecidos, a melhor coisa que apareceu no rock nacional nós últimos anos!


Sem mais enrolação, vamos lá!

  1- Enio, antes de tudo, como você se apresentaria para alguém que ainda não conhece você e seu trabalho de escrita?

Começo agradecendo pela oportunidade de conceder esta entrevista; fico realmente honrado e lisonjeado. Sobre me apresentar, bem, o melhor a se fazer nestas horas é ser breve. Poderia falar algo assim: “Olá, meu nome é Enio Pereira, cheguei aqui em 1971, já faz algum tempo, e... Não é de hoje que me atrevo a escrever, porém, atualmente, sinto uma necessidade maior de compartilhar com todos aqueles que assim quiserem um pouco de minha tacanha vivência, criação e humanidade, por isso aqui estou”.


2- Você lançou o livro "Divagações de Sangue" pela editora Chiado Books, em uma edição muito bacana. Como foi o processo de escrita dessa obra em específico?

Foi uma boa oportunidade oferecida pela Chiado. A coisa foi negociada aos poucos e quando se tornou viável, não hesitei e trabalhamos em conjunto para lançar o livro. A respeito da escrita, foi um processo não linear, digamos assim; aliás, tal fato se refletiu na própria narrativa apresentada. Pouco depois de ter chegado a SP (sou natural do Rio Grande do Sul) fui trabalhar em um hospital. Isso foi em fins de 2011. Por algum motivo comecei a pensar sobre vampirismo em outra perspectiva, mais existencial; também me vi pensando no que se veiculava naquele momento em relação ao universo vampírico no cinema, por exemplo, e, sendo sincero, não gostava nada daquilo (sem citar nomes). Já se vão uns dez anos e fica difícil para mim precisar qual foi o elemento primal que desencadeou a escrita, mas girava em torno disso e também do fato de eu me deparar com situações mórbidas e angustiantes no hospital. Falando mais concretamente sobre o “escrever” em si, lembro de começar os primeiros apontamentos em umas folhas para rascunho e anotações de menor importância. Em um lado o papel era impresso com o nome de pacientes e seus leitos, no outro, em branco, escrevi as primeiras notas. Fazia isso para não perder certos tópicos que me vinham à mente, mas já neste momento a escrita foi se encadeando. Em 2006 escrevi um texto altamente inspirado em Clarice Lispector, não tão extenso, mas que considero como um romance psicológico (chama-se “Paisagem pré-histórica”), pois o espaço diegético em que o enredo se desenvolve é em dimensão psíquica, dentro da mente do protagonista. A princípio pensei em fazer algo do mesmo tipo, mas tendo como mote o vampirismo e – talvez – a licantropia. Na época não dispunha de um laptop ou celular com tela de toque, nem em casa, nem no trabalho, por isso estas anotações foram se avolumando e passei a guardar a papelada cheia de garranchos e parágrafos confusos (minha letra é horrorosa) em uma sequência do que viriam a ser os capítulos. Aos poucos, meu protagonista foi do mundo psíquico ao tangível, passando pelo etérico, sugestivamente onírico e – também – sobrenatural. Estes papéis ficaram parados certo tempo, ainda confusos, até que adquiri um laptop velho e lento que utilizei como máquina de escrever; com isso dei sequência ao trabalho transcrevendo o texto (e nisso melhorando-o e o expandindo) para a memória do PC, revisando... Era uma máquina antiga, como já falei, e nos lugares onde trabalhei, assim como em minha casa, nos anos de 2012, 2013 e 2014, o acesso à internet era mais difícil e o laptop não se prestava a isso, o que me obrigou a escrever quase que exclusivamente dependendo de minhas memórias, de modo que precisei fazer um trabalho posterior bem extenso de pesquisa para corrigir óbvios deslizes e imprecisões. Em fins de 2014 decidi que o texto estava concluído e resolvi procurar editoras, o que foi muito frustrante, pois praticamente ninguém se interessou. As propostas que se apresentavam eram inacessíveis para mim devido à falta de recursos financeiros. Estes fatos me entristeceram e deixei o livro de lado, até que uma falha no HD do PC quase fez eu perder o texto, assim como outras coisas que escrevi: letras de músicas, contos, anotações... consegui recuperar o livro e o imprimi, ele e outros escritos. Passou-se mais um período de clausura, mas a vontade de lançar o texto nunca sumiu. Minha esposa, ciente disso, viu que a Chiado Books estava recebendo originais e me incentivou a procurar por esta editora.



3- Quais as principais inspirações que você apontaria nesse trabalho? Não apenas literárias, mas de outras mídias também?

As inspirações para este livro se processaram em mim com a mesma fluidez que ocorre em relação a tudo que faço em termos de criação: elas vieram de todos os lugares. Aprendi a ler tarde. Minha mãe era analfabeta e meu pai estudou até a terceira série do que hoje chamamos de ensino fundamental; sou oriundo desta situação (de fragilidade social). Éramos uma família pobre; meus pais se separaram quando eu tinha sete anos de idade; essa turbulência toda afetou meus estudos, mas nunca minha curiosidade e capacidade de observação. Lembro de muita coisa de minha infância: do que ouvia dos adultos, do que assistia na TV preto e branco e do que conheci através do rádio. Disso tudo vieram minhas maiores influências na primeira fase da vida. Tive infância pobre e vulnerável, como relatei acima, e esta vivência de privações e exposição a perigos tanto de natureza social quanto os mais diretos, “das ruas”, foi algo que me marcou profundamente, nem sempre de forma negativa, pois a necessidade também é uma oportunidade de aprendizado. Da pré-adolescência até a fase adulta me interessei por quadrinhos, cinema, teatro, literatura, política e Rock and Roll. Os Anos 80 foram intensos, sombrios e medonhos, ao menos sob meu ponto de vista, pois me via assombrado por filmes distópicos nas telas grandes (Mad Max, Robocop, Exterminador do Futuro...), música eletrônica, Heavy Metal, Punk Rock, Gothic Music, cores intensas nas roupas e a possibilidade real de uma terceira guerra mundial eclodir. Assustando-me ou não, o fato é que adorava estas coisas e sigo marcado por tudo isso até hoje. Contudo, devo admitir que três obras literárias me influenciaram diretamente na construção deste Romance, são: “O Principe” (Maquiavel), “A Metamorfose” (Kafka) e “O Elogio da Loucura” (Erasmo de Rotterdã). As demais influências que posso considerar pontuais são o “Drácula” de Stoker (obviamente) e os filmes da Hammer com Christopher Lee.


4- Qual o tema principal do "Divagações de Sangue"?

O tema principal é o vampirismo, porém, sob a perspectiva particular de um indivíduo, um vampiro, que reflete sobre si mesmo, sobre sua concretude (ou não) e sobre a realidade. Em nível subjacente, atrevo-me a dizer que se trata de uma alegoria para tratar de aspectos da natureza de nós mesmos enquanto espécie, visto que a percepção humana da realidade que nos circunda, em plano macro e microcósmico, é tudo o que temos de fato para especular o que quer que seja sobre a existência.


5- Voltando um pouco no tempo, você escreveu uma dissertação sobre Augusto dos Anjos... eu sou maluco por esse poeta e acho que tem tudo a ver com o tema, mas, na sua opinião, o que o Augusto nos ensina sobre o horror?

Sou um apaixonado pela literatura universal e vários autores me impressionam, mas, meu caro, com Augusto dos Anjos a vibração é outra, por isso a escolha de sua obra para meu trabalho de mestrado foi óbvia. Certo vez um prosador, falando de Ovídio (se não me engano) disse a seu confrade: “Como o poeta pode saber o que estou sentindo?”... Sempre que me questionam quanto a Augusto eu lembro disso e do quanto tal questionamento faz sentindo em se tratando do poeta paraibano. A poesia fala conosco em nível mais profundo e nos revela nossa própria dimensão e realidade; todo poeta nos propõe este mergulho, faz isso conosco, porém, a obra augustiana parece nos falar não apenas em nível sub-reptício, mas em todos os níveis, possíveis e impossíveis. É algo muito pujante, emocional, psíquico, profundo e aterrorizante pelo simples fato de que ele - Augusto -, quando fala da morte, dos vermes e do pó, nos lembra de forma radiante que este é o nosso destino final, trágico, porém, inevitável. A morte é o destino de tudo, de nós ao cosmos, tudo vai morrer um dia. Assim, o genial poeta nos demonstra a realidade inexorável e esta é a força motriz não apenas de sua obra, mas do horror pleno, absoluto e universal.


6- Qual seria uma boa trilha sonora para acompanhar a leitura do seu livro?

Não vou falar muito quanto a isso, pois não pretendo direcionar aquele que me ler. Farei algumas sugestões esparsas, mas não aleatórias, e deixo o restante para os caros leitores:

- “Os Planetas” – Gustav Olst / - “Descending Angel” – Misfits

- “A Night Like This” – The Cure / - “Black Celebration” – Depeche Mode

- “Here Today/Gone Tomorrow – The Ramones / - “Necrophilia” – GBH

- “First Last And Always” – Sisters of Mercy / - “Decades” – Joy division

- “A Tempestade” – Legião Urbana / - “Ódio” – Restos de Nada

- “Love in a Void” – Siouxsie and The Banshes / - “War Pigs” – Black Sabbath

- “Longe” – Plebe Rude / - “Major Tom” – Peter Schilling


7- Quais os planos para o futuro, Enio?

Em relação ao que escrevo, meu maior desejo seria poder fazer isso sem obstáculos, mas para tanto eu teria que vender bem e com isso viver de literatura, algo que me parece improvável. Seria perfeito, pois me dedicaria em tempo quase integral a vários projetos artísticos, a maioria literários (dedicaria tempo também à composição e produção musical). Quem estiver lendo isso agora, por favor, me dê uma chance, compre meu livro, divulgue para que outros comprem e com isso passo a ter a escrita como profissão e prometo trabalhar com afinco para lhes oferecer o melhor (risos). Tenho um livro de contos pronto e quero muito lançar. Tenho outros trabalhos inéditos e gostaria de publicar todos, assim como dar andamento a outros projetos: contos e textos mais extensos; já escrevi poemas, mas desisti deles, pois vejo-me como péssimo poeta, no entanto, talvez eu tente novamente (risos).


8- Enquanto escritor, a pandemia lhe afetou de alguma forma no seu processo criativo?

Sem dúvida. Acima falei de um livro de contos que preparei, chama-se “Abissal”, e um destes textos relata uma situação que se passa em plena pandemia; conta um fato insólito, sobrenatural, vivido por um sujeito que é praticante de Judô e que está mergulhado em problemas muito sérios. Escrevi outro conto, que não é de terror e não faz parte de “Abissal”, que também se passa em meio à pandemia e é um relato de um sujeito pobre e semiletrado que busca emprego e demais meios para a sobrevivência de si mesmo e de sua família, sofrendo todos os reveses deste processo em um contexto como o que vemos agora, diante de um pais - Brasil - literalmente rasgado ao meio sob perspectivas fascistas.


9- Se acontecesse um Apocalipse zumbi, e você tivesse que ficar trancado dentro de casa sem sair, quais livros não poderiam faltar na estante da sala?

Junto aos livros, HQ’s e alguns vinis viriam bem a calhar, acredito. Mais alguns VHS, DVD’s, K7’... estas coisas de velho (das quais não vou falar). Sobre os livros, teria junto de mim alguns que não li: “A montanha mágica” (Thomas Mann), “Finnegans Wake” (Joyce); outros que não ainda finalizei a leitura: “Dom Quixote” (Cervantes), “Ulisses” (Joyce), “O nome da Rosa” (Humberto Eco), a série “Sherlock Holmes” de Doyle, “O nascimento da tragédia” (Nietzsche) e os de cabeceira: “Eu” (Augusto dos Anjos), “A arte da guerra” (Sun Tzu), “A Arte da prudência” (Gracian), tudo do Maiakosky, Kafka, Oscar Wilde, Leminsky, Isaac Asimov, Herman Melville, Ana C. Cesar, Poe, Lovecrafth, Stephen king, F. Paul Wilson, filósofos gregos e alemães e outros que não lembro agora.


10- E aqui um espaço livre para você falar o que quiser; o que quiser MESMO.

Yeah! Gostaria de falar direto ao coração das pessoas, ou projetar minha fala por telepatia, como faria o professor Xavier (talvez eu seja um adulto infantilizado), e dizer a todos que leiam, leiam muito, pois a civilização precisa disso, precisa de lucidez, que só o conhecimento proporciona e a leitura nos traz o real conhecimento. Contudo, alerto que o ato de ler precisa ser desmistificado. Quem diz que não gosta de ler, ou que não lê, não percebe que isso é uma inverdade porque não se fala a respeito do ato de ler como o que ele realmente é. Ler é interpretar e, principalmente, sentir o mundo, a existência e a realidade. Lemos o tempo todo: quando nos olhamos no espelho ou pela janela, quando olhamos para o céu, quando percebemos as árvores, os animais, o vento, quando sentimos solidão, paixão, calor ou frio, quando ouvimos... tudo isso é ler no sentido mais amplo e real. Temos que exercitar essa nossa incrível capacidade como a grande experiência existencial a que temos direito, como o que a vida tem de melhor para nos proporcionar, aprendendo cada vez mais e crescendo com base nesta dádiva, tanto como indivíduos quanto como sociedade.

Link para adquirir o livro do Enio:

sábado, 21 de agosto de 2021

Meu novo cronograma Parte 1

 Bom, galera, quem me conhece sabe que eu odeio sistematizações ou muita organização na hora de criar. Aliás, meu processo criativo às vezes - muitas vezes - beira o caos absoluto.



Mas se tem algo que eu curto é estabelecer prazos limites para terminar os projetos.

Devido a enorme quantidade de trabalho aqui no sitio e na cidade, tive que restruturar todo meu cronograma.

Segue aqui as novas datas de lançamento. Lembrando que aqui estão listados apenas os trabalhos grandes. Jogos pequenos e suplementos continuarão saindo praticamente toda semana:


- DOMINIA - LIVRO DE AMBIENTAÇÃO

PRAZO ORIGINAL: SETEMBRO DE 2021

NOVO PRAZO: FEVEREIRO DE 2022


- ELES ESTÃO ENTRE NÓS - LITERATURA

PRAZO ORIGINAL: SETEMBRO DE 2021

NOVO PRAZO: DEZEMBRO DE 2021


- DIAS CINZAS -  FOUND FOOTAGE

PRAZO ORIGINAL: OUTUBRO DE 2021

NOVO PRAZO: TEMPORARIAMENTE SUSPENSO


- TEMPLOS ABANDONADOS & CRIATURAS SINISTRAS - RPG OLD SCHOOL

PRAZO ORIGINAL: DEZEMBRO DE 2021

NOVO PRAZO: MARÇO DE 2022



terça-feira, 17 de agosto de 2021

200!

 Olha só:

Esse é o Post de número 200. 

Viva o underground.

Viva a produção independente.

Viva quem consegue viver ALÉM do hype.


Viva quem alimenta a cena independente e vai além de bombardeios marketeiros pulando na cara a cada 5 descidas da timeline.

Pode até parecer pouco, mas é uma meta não muito comum quando falamos de blogs underground.

Porque realmente não é fácil manter a motivação ao longo do tempo.

A maioria infelizmente para na metade do caminho, e eu não culpo quem faz isso não.

Ainda mais na cena do RPG nacional, uma cena altamente influenciada por nomes e campanhas de marketing.

Ficar no underground exige uma resiliência enorme, e pra mim esse número - 200 - é um sinal de que hoje sou mais resiliente do que era anos atrás.

Mas como sempre falo: nunca foi pelos números.

Sempre foi pela vontade de escrever sobre coisas que gosto. E sempre foi assim.

Quando se falava de D&D, eu estava falando de Fortaleza de Berdolock. Quando o assunto quente era trazer material para The One Ring, eu estava fazendo gameplays transcritas de "Lá e de Volta Outra Vez", um RPG de Senhor dos Anéis que só meia dúzia de pessoas conheciam 

E nem era consciente, juro que simplesmente são esses meus interesses.

Eu naturalmente tenho um carinho especial por aquilo fora do holofote, pelo underground.

O esforço que eu vejo na cena underground é difícil de ver fora dela.

E muitas vezes um jogo feito no word pra mim tem mais paixão, verdade e entusiasmo que muito documento frufruzento feito em apps caríssimos por profissionais de Edição.

Então é isso. Teve 200 disso, e vai ter outros 200.

Viva o underground.

Viva a produção independente.

Viva quem consegue viver ALÉM do hype.

Viva quem alimenta a cena independente e vai além de bombardeios marketeiros pulando na cara a cada 5 descidas da timeline.

Você não precisa escolher - Reflexões

 Olá, pessoas

Nesse post de número 199 no blog, quero falar um pouco sobre um fenômeno muito comum na comunidade RPG brasileira.


Frases como "Curto coisas narrativas, odeio combate tático", ou

"Curto D&D, então Vampiro não é pra mim", ou

"Gosto de dados multifacetados, então não jogo sistemas que só usam D6" ou o clássico

"Jogo RPG em grupo, então não curto solo"...

Essas frases e outras similares são facilmente encontradas nas diversas comunidades por aí, como se tudo precisasse ser OU uma coisa ou outra.

Logicamente, todo mundo tem seus gostos e preferências, mas eu falo de quando as pessoas usam suas preferências para diminuir OUTRAS preferências.

Eu particularmente não entendo tanta divisão nesse assunto. Não entendo porque é difícil para algumas pessoas entender que é possível se divertir na campanha hiper mega narrativista de um ESTE CORPO MORTAL e TAMBÉM no combate porradeiro de uma aventura de D&D.

Ou porque o fato de jogar solo me impediria de gostar de RPG em grupo.

Me parece que uma parte da galera confunde o "Eu não gosto" com o "Isso é uma merda".

Na faculdade de música eu tive uma matéria muito boa chamada "APRECIAÇÃO MUSICAL". A proposta dessa disciplina era analisar músicas e composições para ALÉM dos gostos pessoais; analisavamos os elementos e características da composição e víamos o que a música estava oferecendo, sem deixar nosso gosto entrar na análise.

Isso aumentou tanto a minha percepção sobre gêneros que sou grato até hoje por ter estudado ela.

Eu odeio samba, mas consigo analisar um samba e ver toda a intenção da música, a sua estrutura melódica, harmônica. No fim, eu continuo odiando aquela música, mas com a certeza de saber que eu entendi a proposta da mesma e o que ela pretendia, e COMO isso era feito.

Levo muito isso para o RPG. 

Eu não curti Forbidden Lands. Mas após ler o livro, eu sei o que o sistema faz, como tenta fazer, e o tipo de experiência que ele proporciona.

Falta isso, falta "APRECIAÇÃO" nos comentários da galera.

Porque enquanto faltar isso, quase sempre vai ser só um cara rabugento que só sabe falar bem do sistema que conhece e já acha que tudo que foge daquilo é ruim e mal feito. 

É isso!

Entrevista: Isabella Leão, escritora e game designer

 Olá,  pessoal, tudo jóinha? É com enorme alegria que hoje apresento aqui no blog uma entrevista com a escritora e Game designer Isabella Le...