Mostrando postagens com marcador Entrevistas. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Entrevistas. Mostrar todas as postagens

domingo, 15 de setembro de 2024

Entrevista: Isabella Leão, escritora e game designer

 Olá,  pessoal, tudo jóinha?

É com enorme alegria que hoje apresento aqui no blog uma entrevista com a escritora e Game designer Isabella Leão.  

Apesar de ser a entrevistada mais jovem dentre as mais de 40 pessoas já entrevistadass aqui, a Isabella tem uma produção muito sólida e de uma qualidade inequívoca. 

Bom, segue essa entrevista incrível repleta de informações, dicas e revelações da autora!

Como já é tradição: sem edição ou cortes!

 

1- Primeiramente, conte para quem talvez não conheça o seu trabalho. Quem é você?

 Acho que essa é a pergunta mais difícil pra mim!

Bom, vou começar com perguntas que normalmente me fazem. Eu sou a Isabella, sou uma escritora gaúcha, trabalho com escrita, diagramação e edição de imagens, sou apaixonada por terror, medievalismo e Babymetal. Eu vivo com a minha mãe, tenho 20 anos, moro na zona rural de Porto Alegre, não faço faculdade, sou de gêmeos, e minha santa protetora é Joana D'arc.

             Eu sou autora de A Herdeira de Umbrea, um romance de fantasia sombria, do Pandora RPG, da novela #Polipa, e, em breve, autora de Clube do Ocultismo.

2- Quando é como você iniciou na escrita? O que veio primeiro, o RPG ou a literatura?

 Ah, eu comecei bem nova. Tinha uma oficina de escrita no meu colégio, era algo bem simples para as crianças, mas foi lá que comecei a ter algum interesse. O primeiro livro que me despertou a vontade de ser escritora foi Alice no País das Maravilhas, porque eu amei a história e era tão simples que senti que poderia fazer também. Depois eu comecei a escrever algumas fanfics, mas sempre que eu mostrava para as pessoas que conhecia, elas não liam. Resolvi, então, publicar no wattpad e deu bastante certo. Eu publiquei #Polipa na forma de folhetim (um capítulo por semana) e ganhei muito público, muitos elogios e conforme a história crescia, eu me motivava mais a trabalhar com isso. Hoje #Polipa tem 170 mil leituras, mas não costumo recomendar muito ela porque é um gênero que não trabalho mais.

 Eu finalizei #Polipa em dezembro de 2020 e comecei, em Janeiro de 2021, a escrever A Herdeira de Umbrea, mais ou menos na mesma época que pensei em criar um RPG. Eu tinha conhecido RPG um ano antes por conta do RPG de Game of Thrones, que eu quis ler mais para devorar tudo da obra e aprender sobre o universo em si, mas as regras e o jogo em si me despertaram uma curiosidade sobre aquilo. Daí um primo meu me ensinou a jogar, mas eu não gostei muito, por ser muito travada, eu não me sentia à vontade para interpretar e agir como queria. Eu só voltei a me interessar por RPG quando conheci o canal Me, Myself and Die e adorei o jeito como ele jogava sozinho. Inicialmente eu comecei a escrever o Herdeira de Umbrea junto do que chamei na época de Umbrea RPG e ia testando as versões do sistema. Enquanto jogava, eu também estava bem viciada em Sailormoon e me deu vontade de também usar o sistema para jogar neste cenário, foi então que me veio da ideia do Pandora RPG, como algo mais genérico e versátil. Como eu conhecia mais de escrita do que de RPG, acabei fazendo um sistema bem focado em elementos narrativos, o que me ajudou a criar o sistema de oráculo, fazer classes e arquétipos serem mais focados em papéis narrativos do que profissões em si, etc. E também eu assistia cada episódio do Me, Myself and Die anotando tudo o que ele sentia falta durante o jogo e colocando no meu sistema.

 Acabou que A Herdeira de Umbrea foi publicado em março de 2022 e o Pandora RPG apenas em 2023, pois me exigiu muito mais estudos e era uma área que eu não conhecia tanto, mas acho que nestes dois anos eu devo ter lido uns 50 livros de RPGs diferentes. Sempre gostei muito de pesquisar para escrever minhas obras, então era um prazer manter essa compulsão de leitura.  


 3- Fale um pouco de cada uma das suas obras principais

             Bom, vou falar das que já escrevi e dos meus próximos lançamentos. E sou apaixonada pelas minhas obras, então aguentem!

 A Herdeira de Umbrea: este foi meu primeiro romance autoral e ainda é meu carro-chefe de divulgação e vendas. Ele nasceu da união de duas paixões minhas: terror e fantasia medieval. A história fala sobre a Vikni, uma espadachim que persegue o Demônio de Yafira, uma criatura que amaldiçoou a família dela e causou, por um engano, a morte de sua mãe pela Igreja de Haggndar por associação com bruxaria. A trama tem várias camadas e pontos de vistas, Vikni não é uma heroína, assim como seus inimigos não são necessariamente vilões. Além disso, o cenário carrega os elementos da fantasia sombria: a bruxaria é vista como perigosa e como uma maldição; os monstros são cruéis e associados às sombras; há muitas cenas em que fome, frio, sede são os grandes inimigos; além de os personagens sofrerem violência, abusos, injustiças, etc. A obra que, sem dúvidas, mais se assimila a Herdeira de Umbrea é Berserk, uma grande fonte de inspiração minha.

 Apenas Bruxas Caminham no Escuro: este foi um conto ambientado no mesmo universo de A Herdeira de Umbrea que eu lancei em comemoração às 100 vendas do romance. Ele apresenta a Yulia, que será uma das protagonistas do livro seguinte. Ele ajuda ambientar mais o universo e tem um tom de folk horror, diferente do romance que se mistura à aventura. Como é bem curtinho, apenas 22 páginas, também acaba sendo um cartão de visitas para leitores conhecerem tanto meu cenário, como meu estilo de escrita.

 Pandora RPG: esse é meu primeiro sistema de RPG, sendo universal e versátil. Ele nasceu de alguém que usava para jogar fantasia medieval sombria e Sailormoon usando as mesmas regras, então, né? O Pandora tem um sistema bem legal de arquétipos e classes, focados em papéis narrativos do cinema e literatura, o que permite adaptar um mesmo arquétipo a diversas histórias. Ele também tem um sistema tático bem original e intrincado, mas também tem a opção do monstro-desafio para deixar as lutas em tom narrativo-literário. O sistema de crafting dele é super completo, inspirado em Genshin Impact e Zelda. A regra dos Desafios é ponto alto do jogo, permitindo conduzir pesquisas, investigações, combates narrativos, missões e diversas outras tarefas de um modo que junta game design eficiente e incentivos narrativos e psicológicos. E pro pessoal do solo, o Pandora tem um sistema bem legal de geração de histórias, informações e tem dezenas de tabelas. O sistema usa apenas d6, então fica fácil para qualquer um jogar em casa. Ah, e ele é gratuito e tem uma licença de uso gratuita para as regras do jogo.

 #Polipa: eu não quis começar por ele, apesar de ter sido o primeiro, mas #Polipa conta a história de Poliana e Filipa, duas adolescentes do nono ano, que, apesar de inimigas, acabam se apaixonando e enfrentam a questão do preconceito, aceitação e os obstáculos de um primeiro amor lésbico. Eu não trabalho mais com romances românticos, mas me orgulho muito de #Polipa, foi a obra que fez eu acreditar em mim como escritora e ouvir de muitas pessoas que era "o melhor livro que já tinham lido". Tudo bem, eram adolescentes que diziam isso, mas eu também era uma adolescente quando escrevi, então significou demais. #Polipa está gratuita no wattpad. 

 

             Agora vou falar das próximas obras.

 

Sussurros de Umbrea, Livro 2: o título ainda é um mistério, mas o “Umbrea II” (esse virou o apelido oficial dele) já está escrito e estou na fase de revisão e diagramação. O livro ficou bem maior (330 mil palavras, ou 1200 páginas em A5) e é a continuação direta de A Herdeira de Umbrea. Foi um trabalho quase ininterrupto de 2 anos e estou super satisfeita com o resultado. Não quero dar spoilers, mas para os leitores de A Herdeira de Umbrea, vocês encontrarão o mesmo nível de violência, terror e muito mais desenvolvimento do mundo, dos personagens e da cultura dravhosí. Espero publicar o livro em Dezembro de 2024, também pela Amazon.

 Clube do Ocultismo: este é uma obra que a qual dedicarei meu 2025. Ela se passa em Tóquio de 1999 e irá misturar elementos de lendas urbanas japonesas, terror e ambiente escolar do ensino médio. Eu lançarei tanto um romance, quanto um RPG. O romance contará a história de Nayami e Ami que decidem, após presenciarem eventos paranormais, criar um clube escolar para investigarem estas lendas. Já o RPG, que usa como base o Pandora, tem regras detalhadas da vida escolar japonesa, da cultura local, traz dezenas de lendas urbanas, youkais, além de oferecer todas as ferramentas necessárias para jogar, tanto solo, quanto em grupo. Ainda não tenho previsão, mas creio que ambos virão em 2025. O texto do RPG já está pronto, mas falta toda a parte de diagramação, revisão e artes, já o romance está com toda a estrutura e enredo prontos, mas ainda não comecei a escrever.


   4- Quais são suas inspirações?

  Todas as minhas obras nascem do seguinte sentimento: eu queria muito ler "tal coisa", mas essa "tal coisa" não existe, então irei escrever!

Minha principal inspiração é sempre a História mesmo. Para escrever os livros de Umbrea, pesquisei bastante sobre a cultura eslava, desde a mitologia até a revolução soviética e me foquei, principalmente, no período entre 900 e 1200 de Kyev em direção ao leste, misturando culturas ocidentais e orientais. Meu primeiro contato com os eslavos foi por conta da lenda da Baba Yaga, que foi algo que me apaixonei completamente e comecei a ler tudo sobre a mitologia deles, gosto do modo como o terror é construído se misturando ao folclore local. Outros eventos que me aprofundei foram as cruzadas e também a inquisição. O livro Malleus Maleficarum, por exemplo, escrito em 1486 me deu muito suporte para tratar a bruxaria de forma coesa com os pensamentos da época. Na parte dos combates eu costumo usar HEMA (para o ennponí) e kenjutsu (para o asthení), assim eu fico constantemente assistindo vídeos de luta para deixar as lutas mais coesas. Inclusive o Livro dos 5 Anéis, de 1645, também serviu como base para criar o asthení. Gosto de ver escritos da época e entender como aquilo era visto no contexto próprio.

Indo agora mais para obras e autores, o que fez eu me apaixonar pelo medievalismo foi Game of Thrones, primeiro com a série e depois com os livros. Até hoje sou apaixonada pela obra e é uma das minhas franquias favoritas. Em relação a Umbrea, a obra que mais se assemelha, sem dúvidas, é Berserk, que é outra grande inspiração minha. Claymore também foi uma grande influência no meu modo de pensar e ver a fantasia sombria. Indo pro lado do horror, meu autor favorito é Stephen King, adoro a construção do terror, a atmosfera gradual e o clímax que ele cria. Ler Stephen King é uma aura de escrita criativa. Um autor que também gosto e me comparam às vezes é o Andrzej Sapkowski, autor dos romances de The Witcher. Além de usarmos a mesma base cultural e mitológica (os eslavos), temos uma fluidez parecida no ritmo da história. A ambientação dele vai um pouco mais para a fantasia e a alta magia, enquanto eu vou para o realismo e o terror. Em termos literários, se você gosta da escrita do Andrzej e da ambientação de Berserk, vai gostar bastante do meu universo de Umbrea. 

O terror japonês também moldou muito minha forma de ver o mundo e de criar as minhas histórias, acho que é inegável notar as influencias orientais na minha forma de criar as histórias e as cenas. Ringu (original do Chamado) é meu terror favorito japonês no cinema, e, nos animes, creio que Another e Corpses Party, e nas série minha paixão atual é Girl From Nowhere (sim, ela é Tailandesa, mas a ambientação é semelhante). As lendas urbanas do Japão me fascinam e minha favorita é a Futakuchi-Onna. Ano que vem estarei iniciando mais um universo meu, chamado Clube do Ocultismo, e vou trazer o terror japonês unido à vida escolar (pois Mahou Shoujo também é uma de minhas grandes paixões!). Estou adorando trabalhar nesse projeto e imergir ainda mais na cultura nipônica.

Embora eu não goste muito de falar de política e religião, sem dúvidas a Santa Joana D'arc é uma grande inspiração para a minha vida, tenho uma ligação muito forte com ela e é com quem converso em muitos momentos da minha vida.

            

5- Quais são as maiores recompensas de trabalhar com escrita? E quais os maiores desafios?

Vou começar falando das recompensas!

A primeira grande recompensa é ver a obra pronta, eu fico folhando meus livros do início ao fim várias vezes. Além disso, há um prazer enorme em criar um universo, algo que eu acho que todas as pessoas deviam sentir um dia. Dar vida a personagens, criar culturas, elaborar enredos. Criar mecânicas para o RPG também me desperta a mesma sensação, é um frio gostoso no estômago que não sinto de nenhum outro lugar.

Ter leitores, é claro, também é muito prazeroso. Gosto de manter contato pessoal com quem esteja disposto a conversar sobre meus livros e adoro ouvir teorias, interpretações diferentes, expectativas. É, sem dúvida, um dos meus assuntos favoritos.

Agora se o objetivo é a recompensa financeira, daí recomendo olhar o Top #100 da Amazon, é triste, mas é a realidade. Não elaborarei mais sobre hehe

 Sobre os desafios, posso listar os principais para mim:

 Tempo: escrever toma muito tempo, e não estou falando apenas da parte de digitar, pois pesquisa, organização e estudos ocupam o maior período de dedicação a um livro. Às vezes, levo horas para escrever mil palavras até organizar da forma correta cada parágrafo e frase, ou pesquisando um assunto muito específico. Tem uma cena de barcos em Umbrea II que me fez ficar dias pesquisando o assunto (e por conta de apenas 2 capítulos!!)

 Dinheiro: escrever dá pouco retorno financeiro e ocupa muito tempo, ou seja, você dedicará uma boa parte da vida sem ter retorno para sequer se sustentar. Além disso, se não tiver recursos para imagem, diagramação, artes, revisão, marketing, etc., terá que dar um jeito de fazer isso por conta. Ou seja, mais tempo! Acho que esse é o ponto que mais me dificulta, pois termino de escrever um livro e gasto quase um igual tempo apenas para fazer a parte técnica dele, enquanto eu poderia estar escrevendo novas obras.

 Alcance: acho que é natural que nós escritores queiramos que alguém leia nossas obras e é um pouco (bastante!) frustrante quando não temos o alcance que desejamos. É extremamente difícil competir, usando livros, contra redes sociais, filmes, jogos e outras formas que estão tentando reter a atenção das pessoas. Isso sem contar os próprios outros livros, muitas vezes comum recheado investimento em arte e publicidade. 

 Sei que muitas pessoas também têm dificuldade com bloqueio criativo, organização de enredo, estudo, gramática, mas, pessoalmente, essas são coisas que não vejo como desafios em si, ou, pelo menos, são desafios que dão prazer em superar, pois gosto muito, não só de escrever, mas como também de estudar escrita e os assuntos que eu abordo nos meus livros. Sou realmente apaixonada pelos temas que abordo, então isso é prazeroso.


6- Além de RPG e literatura, quais outros assuntos você se interessa?

 Eu passo boa parte do meu tempo acordada lendo ou escrevendo mesmo, eu mantenho vários projetos ao mesmo tempo, então quando me esgoto em um, eu pulo pro outro.

Por algumas limitações pessoais, não posso sair de casa cotidianamente, então meus lazeres acabam sendo assistis filmes, animes e séries, ler mangás. Vou citar alguns dos meus favoritos aqui:

Filmes: O Chamado, Rurouni Kenshin (os 5 filmes live action), La Vie De Adele, Linda Linda Linda, The Blair Witch, The Witch, Hagazussa, The Exorcist, About Time, Little Women (um caso raro que o filme é melhor que o livro).             

Séries: Game of Thrones, The Borgias, Girl from Nowhere, Alice in Borderland, Penny Dreadful, The Haunting of Hill House, Night Has Come, All of Us Are Dead.           

Animações: Ghost in the Shell, Evangelion, Sailormoon, Tenshi no Tamago, Sakura Card Captor, Konosuba, Frieren, Perfect Blue,           

Mangás: Suzumiya Haruhi no Yuutsu, Claymore, Berserk, Pokémon, Atelier of Witch Hat.

Ah, foi o que lembrei de cabeça, desculpem obras amadas que eu esqueci!

 Eu gosto de alguns jogos também, mas não me considero gamer, nem nada. Gosto muito de Tomb Raider, Pokémon, alguns Final Fantasy (13, 9 e 7) e também perdi muitas horas de vida em Genshin Impact.

 E amo ouvir Babymetal! Ouçam também, é muito bom, passo a maior parte do meu dia ouvindo as músicas delas.

 Também perco um tempo de vida nas redes sociais, principalmente no X/Twitter. Gosto de algumas influencers como a Julia Wieniawa, Sofia Espanha, Mharessa, Doarda, Mumeixxx.

Eu queria ter alguns hobbies mais artesanais, mas me falta ânimo. Adoraria fazer cenários e miniaturas pros meus RPGs. Todo ano me comprometo a isso e todo ano falho.

 

 7- Qual seu maior sonho enquanto escritora?

Eu tenho um compromisso leal com as minhas personagens de tentar levar a história delas para mais pessoas. Essa vai ser sempre minha prioridade, em respeito a elas, eu vou continuar escrevendo e nunca vou permitir que a história delas seja deturpada ou se curve a exigências externas. Então acho que o meu maior sonho é ser lida mesmo, meio óbvio, eu sei, mas é o sentimento que mais predomina em mim.

Claro, eu adoraria conseguir ganhar com a escrita o bastante para me sustentar e poder terceirizar os trabalhos técnicos de um livro, poder pagar publi para divulgações, investir em marketing. São coisas que não só me ajudariam a ter mais alcance, como me permitiriam dedicar mais tempo à escrita.

 

8- Você já passou por algum período de bloqueio criativo? Como você lida com isso?

Não, bloqueio criativo nunca me prejudicou. Eu passo até pelo inverso, penso e crio histórias num ritmo mais rápido do que consigo escrever, por questões pessoais, sei que não terei tantos anos com capacidade plena para escrever, então certamente muitas obras que eu queria fazer jamais serão escritas.

E existem bastante técnicas para driblar o bloqueio criativo. Por exemplo, eu só começo a escrever um livro quando tenho toda a estrutura organizada, do início ao fim, com cada capítulo resumido em pelo menos um gordo parágrafo. Bagagem também ajuda muito a evitar isso, então antes de escrever um tema, leia pelo menos uns 10 livros que sejam o mais parecidos possível para entender o que é feito e, principalmente, o que ainda não é feito.

E conversem com seus personagens, viagem para o mundo deles, não deixem a matéria da nossa realidade limitar o livro.

Se nada funcionar, me contratem como consultora! =D

 

9- aqui você pode falar o que você quiser. Pode ser seus contatos, alguma pergunta que você gostaria de responder e nunca te perguntaram, ou até uma receita de bolo! kkkkkk. Seja livre.

Bom, vocês podem me encontrar nas redes sociais por @isabellap4ndora em praticamente todas: x/twitter, instagram (essas duas são as principais, então prefiro elas), facebook, telegram e até gmail. Como a maioria dos meus trabalhos vem pelas redes sociais, estou sempre olhando as DMs, e respondo todos que forem respeitosos. E podem ir direto ao assunto, pulem "oi/tudo bem" pra conversar comigo.

Bom, quanto a coisas que eu gostaria de falar e que nunca me perguntaram, tenho muitas, mas sou tímida demais para ter autoestima o bastante para sair respondendo assim sem me perguntarem. Talvez não pareça, mas sou extremamente travada ao lidar com outras pessoas.

E sobre receitas de bolo, no Umbrea II teremos várias receitas típicas dos dravhosí. Além de terror, melancolia e angústia, o livro trará fome!

Acho que é isso, obrigada a todos que leram até aqui, quem se interessou pelo meu trabalho, fique a vontade para tirar quaisquer dúvidas comigo, posso demorar um pouquinho, mas sempre olho as mensagens.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

Entrevista: Artista e criadora de jogos Fernanda Bianchini

 Olá, pessoal, tudo bem com vocês?

Hoje venho animadíssimo com mais uma grande entrevista. Dessa vez com a artista e criadora de jogos (e muitas outras coisas) Fernanda Bianchini.

A Fernanda tem a peculiaridade de fazer absolutamente tudo a que se propõe de forma competente. Atualmente a artista tem ilustrado diferentes materiais, mas tudo isso é discutido na entrevista a seguir.

Fernanda, você é uma pessoa muito ativa na comunidade do RPG solo em geral, tendo escrito jogos, feito ilustrações e até mesmo mantido um blog com gameplays. Poderia nos contar como foi que você conheceu o mundo dos RPGs em geral?

 Engraçado que não me considero assim ativa na comunidade! ^.^"  Me acho tão ausente, as vezes sumo por semanas. Mas enfim, essa não foi a pergunta. XD Descobri o RPG com uns... 12 anos, creio. Por volta do que, na minha época, era a sexta série do fundamental. Uma amiga deu um jeito de recriar um jogo de videogame dela (não lembro qual) para jogarmos com papel e dados. Depois disso conheci o Gurps, que um colega mestrou por quase um ano, se minha impressão de tempo estiver certa, e em seguida descobri Vampiro, A Máscara, que quase não joguei (não imaginava a opção de jogar solo), mas amava criar personagens e estórias pra eles. Daí por diante uma coisa puxa outra.

Você também é sempre citada e lembrada pelas suas incríveis ilustrações, tendo inclusive ilustrado um livro meu. Como foi que você começou a desenhar?

Não sei precisar quando comecei a desenhar, mas gosto muito desde criança, e cheguei a fazer um curso do estilo anime/mangá por volta dos meus 13 anos, minha época mais fissurada em animes. Mas sempre por diversão, por hobby. Só agora estou começando a fazer desse gosto uma profissão. Aos poucos, vamos ver no que dá! ^.^

Você tem algum método ou técnica recorrente para criar suas ilustrações?

Geralmente começo rascunhando no papel, depois levo pro digital. Mas, sinceramente, não. Minha técnica é o doce e perfeito caos. Qualquer dia vou começar colorindo e finalizar rascunhando! XD

Quais são os temas ou assuntos que você mais gosta de desenhar/ilustrar?

Gosto de Fantasia! Em especial criaturas e animais. E os tão polêmicos furries. -^.^-

Quais os seus materiais favoritos na hora de criar suas artes (lápis, giz, tipo de papel, arte digital, etc...)?

No momento estou entusiasmada em desenhar no tablet. É meu primeiro tablet e desenhar direto na tela era algo que há tempos eu assistia artistas fazendo em vídeos pela internet, mas eu não tinha condições financeiras. É tão estranhos e divertido! Mas o papel comum, lapiseira e caneta nanquim continuam sempre comigo. (Sim. Lapiseira. Chorem, colegas das artes que defendem que artista de verdade usa lápis apontado com estilete: LA-PI-SEIII-RA. Com grafite B de preferência X3) E pra colorir, lápis de cor comum.

Os RPGs que você escreveu tem a peculiaridade MUITO bacana de nunca focarem em combate e violência, mas sim em coisas como cooperação, ajuda e companheirismo. Isso é muito raro de se ver. Poderia contar um pouco sobre essa sua forma de abordar o RPG e histórias de maneira geral?

Claro! A coisa é simples: Enjoei. 

Desde que me entendo por gente em TODOS os jogos que consigo resgatar na memória, o padrão era sempre o mesmo. Vai jogar Super Mario: mata os monstros até chegar no chefão, mata o chefão, venceu. Space Invaders, aquele do Atari, atira e mata os alienígenas. Vai jogar rpg com os amigos: "Escolham suas Armas", mata o goblin, mata a quimera, mata o Dragão. Ah, Dragões... acho que esse pode ter sido o primeiro gatilho. AMO dragões, não quero matá-los, não podemos conversar? 

Até meu jogo favorito de computador, que é de Fazendinha (Stardew Valley), me obriga a matar as criaturas que moram nas minas, que estão lá no canto delas, sem fazer mal pra ninguém. Por quê???

Então resolvi procurar jogos diferentes, por que não é possível que matar, ferir, atacar, sejam as únicas possibilidades. E comecei a prestar mais atenção nas estórias que consumo também, como filmes, séries, livros, quadrinhos, etc.

A partir desse momento, notei que jogos sem violência não são tão fáceis de achar, e em geral são direcionados ao público infantil (ou só taxados como infantis mesmo). Então comecei modificando os rpgs com temática de batalha para se adaptarem ao que eu queria jogar. Peguei o seu T-Monsters GO e usei a mecânica do combate para meus monstros apostarem corridas, brincar de vôlei de praia e coisas assim. Peguei o Diário do Caçador, do Thiago Junges e fui jogar como um veterinário de monstros, que vai em busca de descobrir o que está incomodando o monstro, o que o fez atacar as pessoas, e curá-lo, ou realocá-lo, ou o que for, sem ferir. 

Nessa busca por rpgs não violentos, encontrei alguns que me inspiraram muito: o seu rascunho de Senhores de Polares, que me tocou muito; o Lascas, do Cezar Capacle, que até chorei quando estava lendo; Amores da Vila do Caju, do Jorge Valpaços, que mais parece um abraço e colo do que um jogo, SMD (Serviços de Manutenção do Domo), também do Jorge Valpaços; Cartographe, da Campfire Estúdios; Apenas Um(a) Taverneiro(a), do Lucas Fowl; Escola de Magia e Feitiçaria de Talakan, seu; entre outros poucos.

E, claro, com seu incentivo constante de: quer jogar, e não achou? Crie! Criei o Larp (Sangue Feérico) para incentivar à mim mesma a prestar atenção nas coisas boas e sutis ao meu redor, e postei no grupo do Solo RPG, caso mais alguém quisesse experimentar. Criei um Dominus do meu querido jogo de fazendinha, só para ter o gosto de nunca precisar matar monstros nele. Outros Dominus amigáveis, como o Pequena Sereia e Jasmine, criei por que um colega do grupo comentou que a filha dele queria um jogo de princesa e ele não encontrou, e os Dominus Série de Época e Turning Red, por conta do filme de mesmo nome e da série Bridgerton. 

Sigo nesse clima. Ainda acompanho gameplays do pessoal da comunidade, com espadas afiadas e cabeças rolando, mas quando pego meus dados rolo alternativas diferentes para resolver os conflitos. No momento estou escrevendo um joguinho de rpg solo/coop baseado no jogo digital Feel The Snow, chamado Contos de Neve, como uma meio que adaptação analógica onde não é preciso matar as criaturas para conseguir recursos. Quando estiver pronto, penso em colocar no Bazar Verde. E se conhecer algum rpg de proposta diferente dos clássicos do gênero fantasia, me avisa! Quero conhecer mais.

Quais são suas principais influências (nas artes e também no RPG)?

Essa pergunta é difícil de responder, pois muda constantemente. ^.^" 

Hoje, no rpg, creio que o Studio Ghibli; Stardew Valley, de ConcernedApe; os rpgs que já citei; e o que vou observando em todo o material que consumo, mesmo nas gameplays violentas fico imaginando como faria diferente.

Em questão de desenho, hoje, não tenho nada que possa apontar, conscientemente, como uma influência principal, mas quando algum estilo me chama muito a atenção, puxo o caderno e rabisco tentando imitar os traços. Por exemplo, tenho rascunhos de Wolfwalkers e Song Of The Sea, da Cartoon Saloon, da animação Turning Red, da Pixar, entre tantos outros, e acredito que posso acabar incorporando alguma coisa nos meus desenhos, mesmo sem perceber, pois acredito que as influências funcionam assim nas artes.

Onde você busca inspiração para escrever ou desenhar algo?

Em tudo que estiver ao meu alcance: livros; histórias que ouvi por aí; quadrinhos; filmes; séries; artes alheias que passaram por mim no pinterest, no instagram, em murais na rua; músicas... De repente, alguma coisa pode acabar voltando à mente e gerando alguma ideia para uma estória ou ilustração. 

História engraçada: uma amiga me apresentou uma música que ela achou que eu iria gostar e na época eu não estava no clima e acabei não dando muita atenção. Anos depois "redescobri" a tal música e viciei tanto nela que fiz toda uma jogatina de rpg solo usando a letra e a história da música. Fui toda empolgada mostrar como se fosse uma grande novidade e ela me lembrou que já tinha me apresentado àquela música fazia muuuito tempo.

Em quais projetos você está envolvida atualmente?

Tenho um rpgzinho em produção há um tempo, que já até postei algumas playtests no grupo, mas ainda não finalizei, o tal do Contos de Neve. 

Fiz artes para o rpg Velhas Histórias Ao Redor Dos Vagalumes, do P.J.Acácio. 

Há um projeto de rpg com um grupinho brabo (segredo). 

Meu portfólio de arte que, enfim, dei início (valeu o empurrão Acácio!), mas falta alimentá-lo. 

E o seu projeto, de T-Monster GO, cuja arte já entreguei, mas ainda me sinto parte e ele está em andamento.

Além de tudo que foi falado aqui, quais outros assuntos despertam o seu interesse?

Uhm... felinos, livros, cafeterias. XD Pergunta difícil! 

Agora poderia citar um filme, seriado, banda ou livro que você recomendaria que TODO mundo conhecesse.

Só um?! Eita. Ok! Vou recomendar um filme que achei simplesmente fantástico: Kimi no Na wa (ou Your Name, como chegou pra cá). Não darei resenha pois, se tiver a oportunidade, assista sem saber o que te espera e confia que é muito bom!!!

E agora nessa última pergunta, temos algo que não é uma pergunta!kkkkkkkkk! O espaço aqui é livre para você falar o que quiser, agradecer, xingar, dar dicas ou até mesmo responder algo que não foi perguntado mas que você gostaria muito de falar.

Arte, RPG, Livros, Filmes, Quadrinhos, Séries, Músicas... Tudo é uma tentativa de colocar um sentimento no mundo. Eu gostaria muito que a humanidade notasse, sentisse, imaginasse e com isso, todos, TODOS, pudessem desenvolver Empatia. Acredito que a empatia pode prevenir e resolver muitos problemas entre nós humanos e, por consequência, muitos problemas que estão à nossa volta. Nos últimos anos, me parece, muita empatia se perdeu. Desejo que ela ressurja. E se com um desenho ou um joguinho eu puder despertar a mínima fagulha de empatia em alguém, todo o trabalho valeu a pena.

Agradeço muito, Tarcísio, pelo espaço e pelos incentivos que você me deu pra postar os desenhos, compartilhar os jogos e as jogatinas. E por ter criado o grupo acolhedor que é o Solo RPG, onde, enfim, senti segurança para expor meu material. E eu não fui a única. Continue assim! Você está mudando o mundo pra melhor.


terça-feira, 3 de outubro de 2023

Entrevista: Dayla Assuky Dmorje

Olá, pessoal

Hoje tenho a honra de apresentar mais um grande novo talento da literatura fantástica em nosso país: Dayla Assuke Dmorje é responsável pela trilogia "Light Novel: Rebelião", além de ser a própria ilustradora dos livros.

Nessa entrevista Dayla nos conta um pouco sobre seu trabalho, métodos, inspirações e planos futuros.

Vamos lá então!

1- Vamos começar com o básico: Dayla, como você se apresentaria para alguém que está tendo contato com sua obra pela primeira vez?

R:  Meu nome é Danielle, desenhar e escrever são terapias para mim. O tempo passa que eu nem sinto. Amo demais, e não viveria sem. Pensei em desistir muitas vezes, porque não é um caminho fácil, mas sempre volto a ativa, como uma fênix.

2-  Você atua como escritora e ilustradora. Poderia nos contar um pouco como foi o seu início nessas 2 áreas?

R: Desenhar é desde de os quatro anos, era me dar uma caneta que eu saia rabiscando até as paredes. Na adolescência comprei varias revistas de como desenhar mangá e estudei com base nelas. Com uns dez anos já criava histórias bem simples e infantis que estão guardadas em algum lugar aqui em casa. Meu sonho era ser mangaká, porém percebi que não dispunha de tempo para isso e se eu quisesse seguir esse ramo, provavelmente eu desenharia histórias de outros autores e não as minhas, por isso decidi começar a escrever livros. Escrever também é uma arte, porém requer menos tempo e assim consigo contar mais histórias. No entanto, como o desenho está no meu coração, eu sempre desenho meus personagens e algumas cenas.

3- Vamos falar sobre sua produção escrita, especialmente a Light Novel REBELIÃO – Uma Noite Fatal. Poderia contar um pouco sobre o universo do livro?


R: O livro uma noite fatal conta a história da protagonista Marine. Era uma noite tranquila como tantas outras até que sua casa é invadida por dois desconhecidos. Eles discutem com os pais da jovem e exigem que os levem a uma nave escondida nos fundos da casa. No meio desse dialogo, Marine descobre que seus pais possuem um passado renegado o qual jamais a contaram. No fim, ela é raptada e levada para Óregon, onde tudo de fato começa.

4-  Como é o seu processo de escrita? Como é para você pegar essas histórias em sua mente e transformá-las em páginas de um livro?

R: Meu processo de escrita sempre foi bem caótico, escrevia conforme vinham as imagens e sons na minha cabeça. Eu vejo toda a história aos poucos como um filme e vou escrevendo conforme vou assistindo. Porém, eu percebi que seria vantagem começar a planejar, por isso hoje em dia sou mais organizada e isso melhorou consideravelmente a história, garantindo um final à altura.

5- Quais autores você poderia citar como inspirações?

R: Não sei se posso citar algum autor como inspiração, creio que posso citar filmes. Star Wars está presente nos sabres de luz, nos poderes dos legionários e na desordem social, porém vai muito além de Star Wars. Tem influencias de X-men e filmes da Marvel. É todo um universo na mescla dos filmes e seriados que mais amo.

6- Agora vamos falar sobre suas ilustrações. Quais estilos e técnicas você mais utiliza e mais gosta em seus desenhos e pinturas?

R:   O estilo que uso é mangá, amo de paixão este estilo e sou sincera ao dizer que não sei desenhar outro com o mesmo carinho. Desenho tradicional com lapiseira no papel, a coloração é por meio de lápis de cor, aquarela, guache, canetas etc... depois tiro uma foto e dito no ibispaint com melhora nas cores, sombras e luz. Os cenários eu sou péssima, então busco referencias e peço para a I.A fazer.

7- Quais são as maiores recompensas e os maiores desafios de trabalhar com arte em nosso país, na sua opinião?

R: A maior recompensa é receber comentários fofos de quem gostou da história e dos personagens, sinto muita alegria de atingir o coração de outras pessoas. O maior desafio é a divulgação, chegar até essas pessoas, o publico ideal. As redes sociais só entregam quando pagamos e isso dificulta demais as coisas. Também existe poucas iniciativas do governo quanto a eventos onde o artista é convidado de forma gratuita, os poucos que existem são concorridos e cheios de burocracias.

8-    Quais os próximos passos? Planos futuros?

R: Agora que finalmente terminei a saga Light Novel Rebelião, pretendo começar um novo livro chamado Safira. Ele vai conter especialmente: comédia, reflexões sobre a vida, família, drama e aventura. Vai ser um livro bem divertido recheado de personagens peculiares. Uma viagem entre mundos que compartilham a mesma realidade paralela.

9-   Essa última nem chega a ser uma pergunta; é um espaço livre para você dizer o que quiser. Pode colocar coisas que não foram contempladas pelas perguntas, pode fazer jabá, indicar formas de adquirir seus trabalhos, pode xingar...o espaço é todo seu!

Bom, acho que a única coisa que desejo complementar é que um sonho bem pra longe, eu acho, mas que eu amaria ver realizado, é que meu livro se tornasse um filme. Vem Netflix! Hehehehe

Obrigada pela oportunidade e desculpa pela demora em responder, sucesso para ti!

AAqui os lugares onde você pode conhecer mais o trabalho da autora:

Facebook: Face Dayla

Site: Site Autora

Instagram: Insta Autora

 

terça-feira, 18 de abril de 2023

Entrevista: S. Malizia (Escritora)

Bom pessoal, hoje nosso blog tem a honra de bater um papo com a autora S. Malizia, uma escritora que eu recomendo fortemente vocês conhecerem e acompanharem.

Essa entrevista foi realizada uns 2 meses atrás, mas um bug no blogger acabou impedindo...mas agora está tudo ok.

Malizia deu respostas muito completas e muito interessantes, que podem inclusive esclarecer muitas dúvidas para quem quer começar a publicar.

Vamos lá!

1-Primeiramente, vamos começar com o básico: como você se apresentaria para alguém que está conhecendo você e seu trabalho de escrita pela primeira vez?

Eu diria o seguinte: comece qualquer leitura minha com a mente aberta e não procure padrões para me inserir.

Uma criação literária é sempre um novo mundo a ser desbravado, então vá na fé, guarde os preconceitos no fundo da gaveta e aproveite o momento.

2-Voce poderia falar um pouquinho para nós sobre seu livro ““Arsayalalyur – Ponte de Luz”? Sobre o que é a história? Onde podemos adquirir a obra?

“Arsayalalyur – Ponte de Luz” é meu primeiro romance e o que mais me exigiu coragem. Era um daqueles escritos fadados a terminar os dias sem encontrar a luz dos olhos de um leitor, mas como a vida segue caminhos misteriosos, acabou publicado.

Arsayalalyur, que significa “Uriel” em um dialeto etíope chamado Ge’ez, é uma história, sobretudo a respeito de livre-arbítrio e de como lidamos com as consequências. Isso tudo mascarado em uma narrativa um tanto “Dark Fantasy”.

Ali, você vai encontrar Uriel, arcanjo que após discordar de uma ordem recebida do Pai, empreende uma trajetória própria, como um anti-heroi, em busca de seu destino, algo que ele houvesse escolhido, de fato.

Com isso, ele desce à Terra, impactando e alterando a ordem dos acontecimentos na vida de uma jovem suicida e atraindo para si, batalhas incertas, mortais, experimentando a humanidade e entrando em contato com realidades sociais comumente esquecidas e deuses depostos pelo cristianismo.

O livro pode ser adquirido através da Amazon, em formato digital e em formato físico, comigo, através das mídias sociais.

 

3- O que além de literatura você tem como inspiração para criar suas histórias? Músicas, filmes...

Músicas são componentes importantes em meu processo criativo; sou capaz de visualizar cenas inteiras a partir de uma faixa.

Até abri um canal no YouTube onde há uma playlist para cada personagem, como uma assinatura musical. Faço isso como uma forma de driblar a procrastinação ao mesmo tempo em que procrastino. É uma tática.

Como inspiração também observo muito, escuto as histórias desconexas em uma ligação dentro de um ônibus lotado, estou sempre atenta às formas, ao que nos torna humanos, já que o escritor deve saber criar essa ilusão do “estar vivo” em seus personagens, pois é o que cativa (ao menos a mim).

 

4- Muitas pessoas que acompanham nosso blog tem o desejo de escreverem contos e lançarem livros...que conselhos você daria a elas?

O primeiro conselho que dou ao aspirante a escritor é que leia muito e de tudo, para que, com a prática, possa separar o joio do trigo e, essencialmente para que desenvolva o senso crítico e maturidade literária.

Vivemos em um momento em que somos bombardeados por informação e disso surge uma imensa mitificação sobre todos os assuntos. Por isso, a leitura hoje é tão importante, principalmente depois que o hábito de ler passou de atividade de fruição individual para atividade planejada para engajar popularidade em mídias sociais.

De início, soa como algo bom, mas é como uma faca de dois gumes: se não podem te controlar negando o conhecimento, como a Igreja costumava fazer durante a Era Medieval, como a ditadura militar fazia no Brasil, quem sabe não te estejam controlando ao te afogar em informações advindas de fontes duvidosas? Haja visto o fenômeno das Fake News, intensificado nas campanhas políticas de 2018 até agora, tanto aqui como nos EUA.

Daí eu retomo o ponto sobre a leitura ser um ato por si. De que se aprenda a gostar de ler por gostar de ler e não  visando a obtenção de outra  coisa que não o completo aproveitamento da atividade.

O segundo conselho é: escreva para contentar a si mesmo, não para corresponder ao que esperam que você escreva, o que outro autor já escreveu ou o que está na moda.

Isso é um tiro no pé desmotivador,  especialmente quando você percebe como funciona o mercado literário que, infelizmente, é um mercado como qualquer outro, então cuidado com as armadilhas, especialmente as engendradas pelo ego.

Mas não se preocupe, tudo isso é sanado seguindo à risca o primeiro conselho. A partir dali, a magia acontece por si.

 

5- Qual a parte mais bacana de ser escritora? E qual a parte mais desafiadora?

Não há parte bacana em ser escritora exceto, talvez, que você vá gastar menos com psicólogo/psiquiatra, se for o caso, já que boa parte da revolta, frustração, ódio, vai para o papel. Escrita e catarse são temas intrínsecos.

Brincadeiras à parte, não sou tão radical.

A melhor parte é a sensação após uma obra concluída, seja conto ou romance.

Uma parte que gosto também são os eventos literários, onde encontro pessoas para pentelhar, digo, conversar, a respeito das obras.

O maior desafio é o silêncio, quando não te dizem nem que sim, nem que não.

O caminho do livro é o leitor e se, de alguma forma, essa parte não funciona, é muito triste e a vontade de desistir prevalece.

 

6- A versão final de suas histórias e capítulos costuma ser muito diferente das ideias iniciais que você tem? Durante o processo de escrita, você altera muitas coisas ao revisar seu próprio material?

Na verdade, não. Quando escrevo os rascunhos já os modelo e acaba que a forma final é bastante semelhante a estrutura original. Sou muito atenta a grafia e o modo de expor as ideias, isso sim eu costumo alterar nas revisões.

 

7- Você poderia citar algumas autoras/autores ou obras que influenciam sua escrita?

Essa é uma pergunta complexa, pois há muitos autores e obras que eu gostaria de citar. No entanto, para encurtar, vou selecionar apenas algumas:

De Neil Gaiman, Fumaça e Espelhos, especificamente o conto “Mistérios de Assassinato” que foi de grande ajuda na hora de me basear quando criava seres angélicos e de como apresentá-los na literatura.

O Evangelho segundo Jesus Cristo, de José Saramago – adoro o Saramago – pelos mesmos motivos. A maneira como ele desce os personagens bíblicos de seu pedestal e os torna mais próximos a nós.

A duologia “A queda de Atlântida”, por Marion Zimmer Bradley, que deu a nota sombria aos protagonistas de “Arsayalalyur”.No fundo, acho que eu os imaginava no início, como a acólita Domaris e o príncipe atlante Micon de Ahtarrath.

“O Servo dos Ossos”, de Anne Rice, pela maestria com que ela desenvolve os personagens e os torna complexos. Eu tenho uma regra interna para personagens que é: Nunca deixe que suas personalidades sejam rasas como pires. Seres humanos não são assim.

A série “Fronteiras do Universo”, de Phillip Pullman, pela maneira com que ele transubstancia temas complicados em material fantástico e envolvente.

H.P.Lovecraft, especificamente o romance “O Caso de Charles Dexter Ward”, mas tenham em mente que, como inspiração, eu foco no que há de melhor em cada narrativa.

 

8- Essa aqui é meio que uma continuação da pergunta anterior: qual obra já foi escrita que VOCÊ gostaria de ter sido a autora?

Olha, eu sou muito indecisa, então essa é um resposta que muda conforme o meu humor.

No momento, eu gostaria de ter escrito o livro-enigma “A mandíbula de Caim”, de Edward Powys Matters.

 

9- Quais são seus próximos planos literários e lançamentos?

Tenho planos de escrever a continuação de Arsayalalyur, que na verdade será uma prequela.

O romance, que já está em fase final se chama “Psychomachia” e não é proposital que tenham esses nomes ruins de pronunciar.

Assim que publiquei Arsayalalyur, me veio à cabeça terminar uma história de vampiros que comecei quando era pré-adolescente,  super influenciada pela Anne Rice.

Ocorreu que essa história se encontrou com teorias formadas a partir da leitura da trilogia do Sprawl, de William Gibson, especialmente o Neuromancer e Count Zero, mais o Realidades Adaptadas de Philip Dick, resultando em uma drástica mudança nos planos originais.

Eu não queria somente escrever minha história de vampiros, eu queria questionar o porquê de cada dia da minha existência se parecer com uma espécie de castigo orquestrado por roteiristas sádicos, como numa versão de terror com baixo orçamento de “O show de Truman”. Muitas vezes eu escuto as risadas, quando cai a quarta parede.

Foi então que eu sonhei com esta palavra: “Psychomachia”.

 A partir daí, encontrei o poeta latino Prudêncio e seu livro original, onde uma batalha entre vícios e  virtudes ocorre dentro da cabeça do personagem bíblico, Lot.

Para quem leu Arsayalalyur, Lot é um personagem recorrente em meu texto e considerei isso um sinal para prosseguir. E assim segue. Um dia termino.

Também tenho um projeto, mais voltado para História das Religiões, onde me proponho a traçar uma linha do tempo do aparecimento do arcanjo Uriel através dos textos religiosos, canônicos e apócrifos. Vai ser a minha forma de me desculpar por fazer exatamente o que recriminava na literatura e artes visuais: transformar o arcanjo Uriel em vilão ou anti-heroi, que seja.

Meu objetivo é clarificar a história desse personagem bíblico, retornar Uriel, ou Luz do Senhor, ao seu lugar de direito, por mais doido que isso soe.

 

10- Conte alguma coisa da cultura pop que você gosta mas teria vergonha de falar em voz alta, e o que você gosta nessa obra (eu por exemplo amo os filmes de Crepúsculo).

Vez ou outra escuto aquelas músicas de sofrência porque são o puro suco da alma humana.

Têm o elemento primordial do romance universal e você se sente identificado com aquilo, muitas vezes.

Sobre literatura, eu gosto de Paulo Coelho.

Li “O Alquimista” aos oito anos de idade e segui lendo, posteriormente.

Agora me parece crime admitir isso, mas não consigo compreender a crítica, principalmente se ela vem de autores cujo conteúdo é aquém das obras dele.

Nessa leva incluo também o Dan Brown e J.K.Rowling.

O Dan Brown, por exemplo, de forma indireta me abriu as portas para a pesquisa sobre o arcanjo Uriel, ao mencionar o quadro “ A virgem das rochas” em seu romance, “O Código Da Vinci”.

Segui o fio e me deparei com um labirinto de curiosidades a respeito desse arcanjo que foi vetado do cânon bíblico, depois reinserido , depois retirado novamente em 2005 porque o então Papa, João Paulo II estava preocupado com o crescimento desenfreado de um suposto “culto” aos anjos.

Após Dan Brown, por exemplo, tomei conhecimento de pesquisas acadêmicas a respeito de Uriel, baseadas em fontes canônicas, como o trabalho do advogado e escritor Carmine Alvino, que descortinaram um novo panorama para a história de Uriel que, em suma, poderia se tornar um outro romance ou um trabalho acadêmico, quem sabe?

Tudo isso por causa de um livro de Dan Brown, vejam só.

 

11- E aqui o espaço é todo seu, Malizia. Pode falar o que quiser, fazer o seu jabá, elogiar, xingar, indicar...ou talvez tudo isso junto!

Se você me leu até aqui, parabéns, fico muito agradecida.

Estou sempre nas redes destilando ódio, caso alguém queira perguntar ou me dizer algo a respeito dos livros ou sobre Uriel ou sobre escrever.

Te convido a me seguir nas redes sociais através dos links abaixo:

YouTube Autora

Instagram Autora

Facebook Pessoal

Facebook Profissional


quarta-feira, 12 de abril de 2023

Entrevista: Oghan N'thanda

 Olá, pessoas, tudo bem com vocês?

Hoje temos uma nova entrevista, dessa vez com o escritor Oghan N'thanda, que além de publicar romances e contos dentro do gênero "steampunk" também atua dentro do cenário nacional de RPG. 

Como já é tradicional aqui, a entrevista não tem cortes. Aproveitem e depois vão atrás das obras do Oghan, vale muito a pena!

1- Vamos começar com o básico: como você se apresentaria para alguém que está tendo contato com sua obra pela primeira vez?

Olá, eu sou o Oghan, sou autor de afrofuturismo e primeiro autor de steampunk do Brasil, já traduzi a saga Terra de Ninguém, do Batman, pela DC Comics, venci o Prêmio Wattys em 2018 na categoria Construtores de Mundo, atuei como revisor do selo Valiant Comics do Brasil, além de ser autor dos romances: A canção do silêncio, a máquina do mundo e Os Oradores dos Sonhos. Em formato de conto já publiquei com as editoras Draco, Multifoco, Andross, Jambô, Empíreo, Grupo Editorial Quimera, Revistas Nocaute e Trasgo, e Omenana, na Nigéria.


2- Você é reconhecido por ser o primeiro e maior autor nacional a abordar o universo/tema do afrofuturismo. Esse ainda é um termo que ainda gera dúvida entre alguns leitores. Você poderia explicar para nós o que é o afrofuturismo?

Uma correção, é steampunk.

Eu sou o primeiro autor de Steampunk do Brasil e um dos autores com o maior numéro de obras publicadas no gênero: até agora são 13 contos e 2 romances.

Steampunk é um gênero estético e literário que combina elementos da ficção científica, da fantasia e do estilo de vida da Era Vitoriana com tecnologias futuristas imaginárias movidas a vapor. O termo "steampunk" foi cunhado no final da década de 1980 como uma brincadeira com a ficção cyberpunk e se refere à ênfase na tecnologia a vapor e na aparência retrô da moda vitoriana.

O steampunk tem uma estética distinta que geralmente envolve corsets, espartilhos, óculos de aviador, armas de metal e engrenagens expostas. As histórias de steampunk geralmente se passam em uma realidade alternativa em que a tecnologia evoluiu de maneira diferente e as invenções a vapor são predominantes.

As obras de ficção steampunk podem incluir elementos de mistério, aventura e romance, e geralmente apresentam personagens inventivos e engenhosos que usam a tecnologia a vapor para superar desafios e obstáculos. O steampunk tem uma forte comunidade de fãs e é frequentemente celebrado em convenções e eventos de cosplay. No steampunk nós chamamos o cosplay de Steamplay.

Já o afrofuturismo é um movimento cultural que combina elementos da cultura afrodescendente com a ficção científica, a fantasia e a cultura pop. O termo foi cunhado na década de 1990 pelo crítico cultural Mark Dery e se refere à maneira como os afro-americanos e as culturas da diáspora africana abordam a especulação sobre o futuro e a tecnologia em suas obras. O afrofuturismo tem como objetivo imaginar um futuro em que as culturas afrodescendentes ocupem um papel central e ativo. Isso pode envolver elementos como tecnologias futuristas inspiradas em culturas africanas, referências a religiões africanas, histórias de ficção científica que abordam questões raciais e sociais, entre outros. O afrofuturismo tem sido explorado em diversas áreas da cultura popular, incluindo música, literatura, cinema, moda e arte visual. Artistas afrofuturistas incluem Octavia Butler, Sun Ra, Janelle Monáe, George Clinton e N.K. Jemisin. O afrofuturismo tem se tornado cada vez mais popular nos últimos anos, com mais artistas e criadores incorporando elementos afrofuturistas em suas obras e projetos.Tem algumas autoras e autores que eu gosto muito: Margareth Weis, Tracy Hick, Stephen King, Italo Calvino, jose J Veiga, Glenn Cook, Terry Pratchet, China Mieville. Nos nacionais gosto do Ed Kasse, Ana Lucia Merege, Cirilo Lemos, Ale Santos, Lu Ain Zayla, Sandra Menezes.


 3- Como foi que você começou a escrever dentro dessa ótica afrofuturista?

foi meio sem querer, eu estava percebendo uma movimentação da comunidade negra ao redor desse gênero, que se tornou mais forte após o lançamento dos filmes do Pantera Negra, por outro lado eu sempre quis trabalhar com ficção espacial de alguma forma e trazer a minha visão do que seria uma SPACE OPERA com foco na negritude e identidade afro-diaspórica.

4- Qual foi o primeiro livro que você publicou? E qual você considera a obra sua mais interessante para alguém começar a acompanhar o seu trabalho?

Meu primeiro livro publicado foi O Baronato de Shoah, também meu livro mais importante, por ser um épico stempunk com várias referências a cultura pop, como Final Fantasy, Dungeons & Dragons e as Revistas Heavy Metal. Com o passar dos anos o livro e o cenário, Nordara, ganharam um peso ainda maior por fazerem parte do movimento Steamfunk, um movimento que coloca mais cultura negra no steampunk com a cultura africana como protagonista - o meu livro é inspirado nos judeus etíopes e na cultura cananeia.


5- Agora algumas questões mais pessoais: como é ser escritor em nosso país? Quais as maiores recompensas e os maiores desafios?

Ser escritor no Brasil é um desafio, se você pensar somente na venda do livro direto, sem querer se espalhar para outras áreas: eu me envolvi com redação publicitária e com a indústria da criatividade, como roteiro, podcast e criação no geral e tem sido bom para mim. 

O Brasileiro também é muito isolado culturalmente, ele não se conecta com os países de idioma espanhol, nem inglês, o que dificulta nosso acesso e nossa expansão comercial.

Nós precisamos melhorar nossa postura e nos expandir, temos ferramentas virtuais pra isso, hoje.


6- Quais as suas maiores fontes de inspiração?

Tem algumas autoras e autores que eu gosto muito: Margareth Weis, Tracy Hick, Stephen King, Italo Calvino, jose J Veiga, Glenn Cook, Terry Pratchet, China Mieville. Nos nacionais gosto do Ed Kasse, Ana Lucia Merege, Cirilo Lemos, Ale Santos, Lu Ain Zayla, Sandra Menezes.


7-      Você também participa ativamente da cena nacional de RPG. Poderia contar um pouco sobre seus projetos atuais nessa vertente?

Meu projeto atual é com o pessoal da Craftando Jogos, onde estamos desenvolvendo O Último Ancestral RPG, baseado no livro de mesmo nome do Ale Santos, um livro finalista do prêmio jabuti.e  semi-finalista do 1º CCXP Awards. Atualmente já terminamos o Fast Play e a capa!


8-      Cara, aqui nessa última “pergunta” o espaço é todo seu. Use para falar tudo que as perguntas não permitiram, faça seu jabá, xingue, critique...seja livre!

Eu quero convidar cada um de vocês a ser a inspiração que vocês não tiveram quando mais jovens. Sejam os escritores, escritoras, que vocês queriam ver nos eventos, na internet, nas revistas, podcasts! Sejam o símbolo da mudança e o abraço para a próxima geração.

E leiam meus livros, por favor.

Aqui a paginada AMAZON onde vcs podem adquirir as obras do Oghan: Amazon - Livros do Oghan

O CANSAÇO e a ESTAFA no meio do RPG - Breve Reflexão

 Olá, pessoal, tudo jóinha com vocês? Depois de um longo inverno nesse blog, venho aqui falar um pouquinho sobre um fenômeno muito recorrent...