Galera, segue mais uma entrevista ilustre, dessa vez com o grande Marcelo Collar, que está produzindo e escrevendo o RPG solo Nômades, que logo logo entrará em fase de Financiamento Coletivo.
Se você quiser saber mais sobre esse RPG solo que trata de realidades paralelas de uma forma muito original, está no lugar certo!
Com vocês, o Cara!
Cara,
estou muito ansioso para ver o NÔMADES... como você apresentaria o jogo para
alguém que ainda não conhece?
Nômades é um jogo em
que você, sozinho ou com alguns amigos, conta histórias sobre personagens que
vocês inventam. Cada jogador será responsável por narrar da perspectiva de um
ou mais personagens e decidirá todas as ações dele. Durante a narrativa, o
sistema de regras impõe restrições ao rumo da história. Quem joga, em parte
cria, e em parte é levado pelas consequências daquilo que criou.
Nessas histórias, os
personagens são nômades, seres que têm o poder de viajar entre diferentes
realidades. Esse poder, no entanto, tem um custo: viajar entre os planos deixa
os nômades e as pessoas que os cercam vulneráveis ao Vazio, uma força que tenta
corrigir anomalias do universo. Apesar dessa ameaça, a capacidade de conhecer
outros planos de existência, na maioria das vezes, é tentadora demais para os
nômades.
Nômades usa esse cenário
como pano de fundo para as histórias que conta; o foco é nos conflitos internos
dos personagens. Assim, ele tem a tendência de levar a narrativa para um clima
parecido com o de RPGs como Vampiro: A Máscara ou Mago: A Ascensão.
O jogo é bem aberto a
possibilidades, e os jogadores podem, teoricamente, jogar em qualquer
realidade: seja em um mundo semelhante ao nosso, seja em um universo de
fantasia medieval, seja em um futuro distópico. As regras são simples e
maleáveis, e abraçam vários estilos de jogo.
Quais
você diria que foram as inspirações do NÔMADES (entre as várias mídias...)?
Talvez a principal
influência seja série de livros A Torre Negra, do Stephen King. Dela veio a
inspiração para tratar de viagens entre realidades, tanto entre mundos muito parecidos
com o nosso como entre lugares muito diferentes. O game Pathologic também me
influenciou bastante, inspirando o aspecto mais surrealista da história: o
Nômades tem bastante disso, dessa parada meio David Lynch. Na campanha
principal do livro, por exemplo, os protagonistas são uma mulher sem nome e um
homem corvo. Séries como Twin Peaks e Dark também foram boas influências. De um
ponto de vista de narrativa e criação de um universo, tenho a tendência de me
inspirar por diversas fontes, sejam livros, games, filmes, séries e até
músicas.
A estrutura do jogo é
inspirada na narrativa de séries de TV. Cada sessão é um episódio, que termina
com um gancho para o episódio anterior. Cada temporada tem cinco episódios, e
ao final de uma temporada, é possível criar um gancho para a próxima.
Quais
RPGs você colocaria como inspiração?
A descoberta do RPG
solo foi o estopim para a criação de Nômades. Há anos eu planejava um livro
jogável que fosse além de fórmulas no estilo Aventuras Fantásticas. Cheguei a
criar alguns protótipos, mais puxados pros wargames e jogos de tabuleiro, mas
nunca evoluí muito.
Comecei no RPG solo com
o Mythic, que foi o ponto de partida para o desenvolvimento do meu sistema
solo/dmless. Mas acredito que as regras de criação de personagens e resolução
de ações tenham sido inspiradas – não sei se alguém já disse isso alguma vez na
história da humanidade – pelos RPGs live action da White Wolf, como Mind's Eye
Theatre: The Apocalypse, que cheguei a jogar na época. Os personagens têm
características, adjetivos, que são mencionados para se obter vantagens nos
testes. A prioridade é a narrativa, e esse sistema mais solto, sem um rigor
matemático, se aplica bem quando não há um “juiz” dando as cartas. Dependendo
dos personagens, é possível jogar sem ficha, na mesa de bar, por exemplo.
Cheguei a fazer isso durante um playtest. O sistema de combate, por outro lado,
é um pouco mais concreto, há armadura, armas, dano, pontos de vida,
movimentação, e os personagens podem morrer se não forem espertos! Ainda assim,
quis manter a coisa simples.
O que
te motivou a escrever um jogo voltado para o solo, e não para o grupo?
O Nômades é voltado ao
GMless, ao jogo sem narrador e sem necessidade de preparação. Ele funciona bem
tanto solo como em grupos pequenos; recomendo até três pessoas. Eu gosto muito
de jogar ele solo, e me esforcei para criar sistemas simples para garantir que
o jogador solo nunca trave na narrativa. Não coloquei perguntas complexas, por
exemplo, pois observei a tendência que elas têm travar um pouco a fluidez da
narrativa quando não estamos num dia especialmente inspirado para contar
histórias.
Sempre tem algo prestes
a acontecer, e o fato de ele trazer também um universo próprio facilita nessa
questão. É muito mais intuitivo você saber quais organizações, seres estranhos,
gangues e personalidades estão prontas para entrar em cena. Além disso, a
Cidade, lugar onde se passam a maioria das histórias de Nômades, é uma cidade
normal, como a minha ou a sua. Isso permite que os jogadores incorporem elementos
da vida real em suas narrativas, se quiserem. Quer um lugar para ambientar sua
história? É só olhar pela janela.
Voltando à pergunta: a
vontade de criar algo que pudesse ser jogado solo veio da minha experiência
como jogador de wargames e board games. Gosto muito quando eu, como jogador,
tenho a possibilidade de explorar um jogo sozinho. Não tenho um grupo fixo de
boardgames, e é cada vez mais difícil ter tempo para encarar um wargame hoje em
dia. Então jogar sozinho – mesmo jogos que não têm essa opção – é uma constante
pra mim. Eu queria fazer algo nesse sentido, e algo que fosse possível de
produzir dentro da realidade brasileira. Um boardgame é mais caro, mais difícil
de colocar na rua, ainda mais fazendo todo sozinho. Um livro me pareceu mais viável,
e o RPG solo caiu como uma luva nessa proposta.
Em
breve começará o financiamento coletivo do NÔMADES. Você poderia falar um
pouquinho sobre como será?
Quero que o Nômades
seja um livro competitivo no mercado em termos de qualidade e acabamento, mas
quero também que seja acessível. O meu plano é que ele seja impresso papel
couche, todo colorido. Já fiz quase dez orçamentos e acredito que seja um
projeto viável. Detalhes como capa dura, verniz localizado na capa e outros
luxos estão sendo estudados. É um sonho de longa data, então pretendo me
esforçar ao máximo para que ele seja produzido da forma como eu idealizei.
Além disso, penso em
alguns brindes, como moleskines – pegando a ideia do Tiago e da Aline no Ronin
– marca páginas, um card com as duas principais tabelas do jogo e um índice com
todas as tabelas disponíveis... enfim, alguns extras para incrementar o pacote.
Também estou rodando um curta-metragem – bem curto mesmo, deve ter uns três
minutos – que servirá de divulgação para o financiamento. Ainda não tenho uma
data para lançar o curta e a campanha, mas pretendo fazer tudo ainda neste ano.
Por fim, estou
planejando um jogo introdutório em forma de livreto, poucas páginas. Será uma
aventura pronta, com tabelas específicas para esta aventura. Servirá como um
tutorial e uma introdução ao universo de Nômades, pois as regras e ambientação
vão sendo explicadas conforma a aventura progride. Ah, ela talvez tenha o final
mais sinistro que já escrevi na vida!
Você
pensa em futuros suplementos?
Ideias não faltam! Já
tenho alguns rabiscos para o primeiro suplemento e uma ideia geral do que quero
abordar no segundo. O universo de Nômades têm histórias que eu comecei a criar
na cabeça há mais de dez anos. Então muito do que eu escrevi desde então está
ligado a este universo. Tenho bastante coisa pra dizer, bastantes personagens
para apresentar. Claro, o lançamento ou não depende muito do sucesso da
campanha e do interesse do público pelo Nômades. A minha parte eu garanto!
Hahaha!
Recentemente
, junto com o Alexandre Selliach, vocês montaram o selo independente Loners
Solo RPG. O NÔMADES sairá dentro do selo, ou será independente?
Nômades é meu projeto
principal, será lançado de forma independente. Tenho várias outras ideias de
jogos que pretendo produzir, jogos menores, que caem bem na ideia que eu e o
Alexandre tivemos para o selo.
Falando
nisso, como surgiu a ideia de montar esse selo?
Estávamos falando de
RPG, eu acho. Aí a ideia surgiu daí. Temos que planejar o que faremos com ele
ainda, não falamos sobre o Loners há algum tempo, mas já tenho pelo menos umas
três ideias de jogos bem focados que quero fazer! O que falta é tempo, o
Nômades acaba tomando todas as minhas horas livres!
Cara,
agora o espaço é seu, para falar o que quiser! Pode elogiar, criticar,
recomendar, fazer jabá, cantar um bolero russo… seja livre, o espaço é seu!
Bom, quero convidar
todo mundo pra acompanhar o desenvolvimento do Nômades lá no @nomadesrpg, tanto
no Instagram como no Facebook. Conforme o livro vai ficando pronto, vou
publicar mais previews e vídeos. E agora, claro, aquele bolero russo:
Я пришел с конца времен
Чтобы исправить то, что
было не так
Освободить заключенных
и дай им рай.
Я пришел с конца времен
Купать меня в крови
Очистить всю вселенную
За порогом.
Я пришел с конца времен
Чтобы положить конец
всей боли
За порогом
Я Освободитель.
Pagina oficial do projeto no facebook: https://www.facebook.com/nomadesrpg/
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