sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Entrevista com Marcelo Collar , de NÔMADES!


Galera, segue mais uma entrevista ilustre, dessa vez com o grande Marcelo Collar, que está produzindo e escrevendo o RPG solo Nômades, que logo logo entrará em fase de Financiamento Coletivo.

Se você quiser saber mais sobre esse RPG solo que trata de realidades paralelas  de uma forma muito original, está no lugar certo!

Com vocês, o Cara!


Cara, estou muito ansioso para ver o NÔMADES... como você apresentaria o jogo para alguém que ainda não conhece?
Nômades é um jogo em que você, sozinho ou com alguns amigos, conta histórias sobre personagens que vocês inventam. Cada jogador será responsável por narrar da perspectiva de um ou mais personagens e decidirá todas as ações dele. Durante a narrativa, o sistema de regras impõe restrições ao rumo da história. Quem joga, em parte cria, e em parte é levado pelas consequências daquilo que criou.
Nessas histórias, os personagens são nômades, seres que têm o poder de viajar entre diferentes realidades. Esse poder, no entanto, tem um custo: viajar entre os planos deixa os nômades e as pessoas que os cercam vulneráveis ao Vazio, uma força que tenta corrigir anomalias do universo. Apesar dessa ameaça, a capacidade de conhecer outros planos de existência, na maioria das vezes, é tentadora demais para os nômades.
Nômades usa esse cenário como pano de fundo para as histórias que conta; o foco é nos conflitos internos dos personagens. Assim, ele tem a tendência de levar a narrativa para um clima parecido com o de RPGs como Vampiro: A Máscara ou Mago: A Ascensão.
O jogo é bem aberto a possibilidades, e os jogadores podem, teoricamente, jogar em qualquer realidade: seja em um mundo semelhante ao nosso, seja em um universo de fantasia medieval, seja em um futuro distópico. As regras são simples e maleáveis, e abraçam vários estilos de jogo.

Quais você diria que foram as inspirações do NÔMADES (entre as várias mídias...)?
Talvez a principal influência seja série de livros A Torre Negra, do Stephen King. Dela veio a inspiração para tratar de viagens entre realidades, tanto entre mundos muito parecidos com o nosso como entre lugares muito diferentes. O game Pathologic também me influenciou bastante, inspirando o aspecto mais surrealista da história: o Nômades tem bastante disso, dessa parada meio David Lynch. Na campanha principal do livro, por exemplo, os protagonistas são uma mulher sem nome e um homem corvo. Séries como Twin Peaks e Dark também foram boas influências. De um ponto de vista de narrativa e criação de um universo, tenho a tendência de me inspirar por diversas fontes, sejam livros, games, filmes, séries e até músicas.
A estrutura do jogo é inspirada na narrativa de séries de TV. Cada sessão é um episódio, que termina com um gancho para o episódio anterior. Cada temporada tem cinco episódios, e ao final de uma temporada, é possível criar um gancho para a próxima.



Quais RPGs você colocaria como inspiração?
A descoberta do RPG solo foi o estopim para a criação de Nômades. Há anos eu planejava um livro jogável que fosse além de fórmulas no estilo Aventuras Fantásticas. Cheguei a criar alguns protótipos, mais puxados pros wargames e jogos de tabuleiro, mas nunca evoluí muito.
Comecei no RPG solo com o Mythic, que foi o ponto de partida para o desenvolvimento do meu sistema solo/dmless. Mas acredito que as regras de criação de personagens e resolução de ações tenham sido inspiradas – não sei se alguém já disse isso alguma vez na história da humanidade – pelos RPGs live action da White Wolf, como Mind's Eye Theatre: The Apocalypse, que cheguei a jogar na época. Os personagens têm características, adjetivos, que são mencionados para se obter vantagens nos testes. A prioridade é a narrativa, e esse sistema mais solto, sem um rigor matemático, se aplica bem quando não há um “juiz” dando as cartas. Dependendo dos personagens, é possível jogar sem ficha, na mesa de bar, por exemplo. Cheguei a fazer isso durante um playtest. O sistema de combate, por outro lado, é um pouco mais concreto, há armadura, armas, dano, pontos de vida, movimentação, e os personagens podem morrer se não forem espertos! Ainda assim, quis manter a coisa simples.


O que te motivou a escrever um jogo voltado para o solo, e não para o grupo?
O Nômades é voltado ao GMless, ao jogo sem narrador e sem necessidade de preparação. Ele funciona bem tanto solo como em grupos pequenos; recomendo até três pessoas. Eu gosto muito de jogar ele solo, e me esforcei para criar sistemas simples para garantir que o jogador solo nunca trave na narrativa. Não coloquei perguntas complexas, por exemplo, pois observei a tendência que elas têm travar um pouco a fluidez da narrativa quando não estamos num dia especialmente inspirado para contar histórias.
Sempre tem algo prestes a acontecer, e o fato de ele trazer também um universo próprio facilita nessa questão. É muito mais intuitivo você saber quais organizações, seres estranhos, gangues e personalidades estão prontas para entrar em cena. Além disso, a Cidade, lugar onde se passam a maioria das histórias de Nômades, é uma cidade normal, como a minha ou a sua. Isso permite que os jogadores incorporem elementos da vida real em suas narrativas, se quiserem. Quer um lugar para ambientar sua história? É só olhar pela janela.
Voltando à pergunta: a vontade de criar algo que pudesse ser jogado solo veio da minha experiência como jogador de wargames e board games. Gosto muito quando eu, como jogador, tenho a possibilidade de explorar um jogo sozinho. Não tenho um grupo fixo de boardgames, e é cada vez mais difícil ter tempo para encarar um wargame hoje em dia. Então jogar sozinho – mesmo jogos que não têm essa opção – é uma constante pra mim. Eu queria fazer algo nesse sentido, e algo que fosse possível de produzir dentro da realidade brasileira. Um boardgame é mais caro, mais difícil de colocar na rua, ainda mais fazendo todo sozinho. Um livro me pareceu mais viável, e o RPG solo caiu como uma luva nessa proposta.


Em breve começará o financiamento coletivo do NÔMADES. Você poderia falar um pouquinho sobre como será?
Quero que o Nômades seja um livro competitivo no mercado em termos de qualidade e acabamento, mas quero também que seja acessível. O meu plano é que ele seja impresso papel couche, todo colorido. Já fiz quase dez orçamentos e acredito que seja um projeto viável. Detalhes como capa dura, verniz localizado na capa e outros luxos estão sendo estudados. É um sonho de longa data, então pretendo me esforçar ao máximo para que ele seja produzido da forma como eu idealizei.
Além disso, penso em alguns brindes, como moleskines – pegando a ideia do Tiago e da Aline no Ronin – marca páginas, um card com as duas principais tabelas do jogo e um índice com todas as tabelas disponíveis... enfim, alguns extras para incrementar o pacote. Também estou rodando um curta-metragem – bem curto mesmo, deve ter uns três minutos – que servirá de divulgação para o financiamento. Ainda não tenho uma data para lançar o curta e a campanha, mas pretendo fazer tudo ainda neste ano.
Por fim, estou planejando um jogo introdutório em forma de livreto, poucas páginas. Será uma aventura pronta, com tabelas específicas para esta aventura. Servirá como um tutorial e uma introdução ao universo de Nômades, pois as regras e ambientação vão sendo explicadas conforma a aventura progride. Ah, ela talvez tenha o final mais sinistro que já escrevi na vida!


Você pensa em futuros suplementos?
Ideias não faltam! Já tenho alguns rabiscos para o primeiro suplemento e uma ideia geral do que quero abordar no segundo. O universo de Nômades têm histórias que eu comecei a criar na cabeça há mais de dez anos. Então muito do que eu escrevi desde então está ligado a este universo. Tenho bastante coisa pra dizer, bastantes personagens para apresentar. Claro, o lançamento ou não depende muito do sucesso da campanha e do interesse do público pelo Nômades. A minha parte eu garanto! Hahaha!

Recentemente , junto com o Alexandre Selliach, vocês montaram o selo independente Loners Solo RPG. O NÔMADES sairá dentro do selo, ou será independente?
Nômades é meu projeto principal, será lançado de forma independente. Tenho várias outras ideias de jogos que pretendo produzir, jogos menores, que caem bem na ideia que eu e o Alexandre tivemos para o selo.

Falando nisso, como surgiu a ideia de montar esse selo?
Estávamos falando de RPG, eu acho. Aí a ideia surgiu daí. Temos que planejar o que faremos com ele ainda, não falamos sobre o Loners há algum tempo, mas já tenho pelo menos umas três ideias de jogos bem focados que quero fazer! O que falta é tempo, o Nômades acaba tomando todas as minhas horas livres!

Cara, agora o espaço é seu, para falar o que quiser! Pode elogiar, criticar, recomendar, fazer jabá, cantar um bolero russo… seja livre, o espaço é seu!
Bom, quero convidar todo mundo pra acompanhar o desenvolvimento do Nômades lá no @nomadesrpg, tanto no Instagram como no Facebook. Conforme o livro vai ficando pronto, vou publicar mais previews e vídeos. E agora, claro, aquele bolero russo:

Я пришел с конца времен
Чтобы исправить то, что было не так
Освободить заключенных
и дай им рай.

Я пришел с конца времен
Купать меня в крови
Очистить всю вселенную
За порогом.

Я пришел с конца времен
Чтобы положить конец всей боли
За порогом
Я Освободитель.



Pagina oficial do projeto no facebook: https://www.facebook.com/nomadesrpg/

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