Olá , pessoal! Tudo jóia com vocês?
Hoje tenho a honra de conversar com Athos Beuren, um dos maiores escritos de livros-jogos do país!
Entre as criações de Athos, temos os livros "O Senhor das Sombras" (que se passa no Universo de Tormenta), "Viver ou Morrer (cujo primeiro volume Athos escreveu e publicou com a idade de 10 anos de idade!), e "O Fantasma do Relógio", seu mais recente lançamento, um livro infantil lindo que tras a o livro-jogo para dentro de um universo mais colorido, para todas as idades!
Sem mais enrolação, e sem nenhuma edição, como sempre, vamos lá!
Cara, um prazer enorme
poder fazer essa entrevista! Fique à vontade para responder do jeito que achar
melhor: respostas gigantescas, ou monossilábicas, fique livre...o objetivo do
nosso blog é dar liberdade total.
1-
Olá!
Gostaria que você nos contasse como foi seu primeiro contato com o RPG,
especialmente com os livros-jogos?
Foi em uma livraria, onde me deparei com O Feiticeiro da
Montanha de Fogo, de Ian Livingstone. Eu tinha 8 anos e já gostava bastante de
ler e escrever, também gostava muito de jogar videogame. Ler um livro
interativo, onde o leitor se transforma no personagem principal da história e
pode fazer suas próprias escolhas, foi uma experiência incrível. Imediatamente
eu tive vontade de escrever histórias nesta plataforma, pois era um meio de
criar meus próprios jogos de videogame, mas usando a literatura.
2-
Como você
decidiu começar a escrever seus próprios livros?
Eu comecei escrevendo em sala de aula e no meu tempo
livre. Fazia histórias interativas para jogar e me divertir com meus colegas e
amigos. Meus pais e professores acompanhavam esta produção diferenciada e,
quando acumulei várias histórias, veio a sugestão de lançá-las como uma
coletânea de aventuras. Inicialmente seria um livro para a minha turma da
escola, mas o projeto acabou tomando dimensões maiores quando recebi um contato
da Mercado Aberto (extinta editora de Porto Alegre). Em 1997, quando tinha 10
anos de idade, lancei o livro através do
selo deles na Feira do Livro de Porto Alegre. Este primeiro livro, Viver ou
Morrer - Esta é a Jogada, foi agraciado com o Prêmio Açorianos de Literatura
(um dos principais prêmios culturais do Rio Grande do Sul).
3-
Como é o
processo de criação de um livro-jogo? Acredito que deva ser um processo bem
diferente de se escrever um livro tradicional...
O processo de criação de um livro-jogo realmente tem
suas peculiaridades. Como autor, acho incrível poder trabalhar com este formato
de literatura, afinal, enquanto a maioria dos autores se vê obrigado a levar
sua história por um ou outro caminho ("o que vai acontecer agora?"),
eu posso escrever TODAS as ideias e criar uma porção de histórias paralelas
para que o leitor decida qual deles vai viver. A liberdade é imensa! Na hora da
criação, a única coisa que eu uso mesmo para me organizar é uma lista dos
números do livro, onde controlo a montagem da história. É um método que eu
mesmo desenvolvi, já que nunca encontrei tutoriais ou dicas de como fazer.
Dentro da aventura, tento inserir tudo que acho importante em uma história: bom
enredo, personagens relevantes, tensão, desafios, recompensas, etc. A parte da
revisão, porém, exige um cuidado especial. Não basta você revisar o texto, mas
deve revisar também o jogo (mecânica), e não apenas para que os caminhos se
encaixem, mas para garantir que o nível de desafio está condizente com a
proposta e o público-alvo da obra (matemática). O Senhor das Sombras (aventura
solo que escrevi no universo de Tormenta RPG), por exemplo, foi considerado um
dos livros-jogos mais difíceis da atualidade. Ganhou até apelido: Dark Souls
dos livros-jogos!
4-
O RPG e
as histórias interativas são minha principal ferramenta enquanto professor de
idiomas. Sei que você também aborda em palestras e cursos esse papel lúdico e
pedagógico. Poderia falar um pouco mais sobre os usos nesse tipo de
literatura/jogo como ferramenta para outros aprendizados?
Há muito anos visito escolas, feiras e eventos com o
projeto Leitura & Aventura, uma iniciativa que trabalha o uso do RPG em
sala de aula como ferramenta de ensino se utilizando dos livros-jogos e
dinâmicas de grupo para estabelecer a
conexão com o público. Tendo o fator lúdico como catalisador para despertar o
interesse dos alunos, ensinar se torna mais fácil e eficaz; aprender se torna
mais divertido e instigante. Informações adquiridas são mais facilmente
lembradas e melhor aprendidas quando estão ligadas a uma emoção. Decifrar
enigmas, solucionar labirintos e calcular as chances de sucesso em cada ação
são algumas das mecânicas que fazem desta proposta um verdadeiro sinônimo de
aprender brincando. Esta abordagem literária pode ser usada de forma pedagógica
para ensinar sobre qualquer coisa – de matemática a inglês e até filosofia. Além
disso, o RPG já está sendo usado há anos na área da medicina, especialmente na
psicologia, e no mundo dos negócios quando se trata de gestão de pessoas,
liderança e administração organizacional.
5-
Se você
tivesse que escolher apenas 1 obra sua apresentar para alguém que ainda não
conhece seu trabalho, qual seria?
Claro que depende muito do perfil da pessoa, mas eu
diria que o Viver ou Morrer (jovem/adulto), O Inimigo Digital (juvenil) ou O
Fantasma do Relógio (Infantil).
6-
Você
acaba de lançar seu livro mais recente, “O Fantasma do Relógio”. Fale um pouco
mais sobre ele para nós
O Fantasma do Relógio traz uma história interativa
toda colorida e narrada em versinhos onde o leitor escolhe o que vai acontecer.
Trata-se de um livro-jogo infantil, simples, mas que na verdade vejo como uma
divertida aventuras para todas as idades. Na história do Fantasma basta
escolher os caminhos ao fim de cada trecho. Não há ficha de personagem nem
regras, não há rolagem de dados, é impossível falhar na aventura e, mesmo que a
criança leia o livro na ordem das páginas (ignorando o labirinto criado pelas
escolhas alternadas), a história vai se encaixar. O Fantasma do Relógio é
divertido, cheio de surpresas e emoções, uma boa maneira de conhecer as bases
do RPG e uma excelente opção para estimular o hábito da leitura com prazer.
7-
Enquanto
leitor, não apenas de livros-jogos, mas literatura em geral, quais são seus
autores e livros favoritos?
Stephen King (Misery - Louca Obsessão), Anne Rice (A
Hora das Bruxas), Bernard Cornwell (As Crônicas de Artur), Leonel Caldela
(Trilogia de Tormenta) e, claro, Ian Livingstone (Fighting Fantasy).
8-
E falando
especificamente sobre livros-jogos, quais aqueles você considera
indispensáveis?
Embora já tenha experimentado diversos autores/séries de
livros-jogos diferentes, ainda tenho Ian Livingstone, Steve Jackson e a coleção
Fighting Fantasy como favoritos. Para mim, os indispensáveis entre seus títulos
são O Feiticeiro da Montanha de Fogo, por ser um dos primeiros de seu gênero, e
A Masmorra da Morte, que é um clássico dos livros-jogos. No Brasil, os
livros-jogos de Tormenta RPG também são incríveis. Possuem um formato
diferenciado e um sistema único de criação de personagens.
9-
Falando
sobre RPGs especificamente, quais sistemas você curte? Quais você mais jogou
até hoje? Qual você gostaria de jogar, mas ainda não teve a oportunidade?
Meus favoritos são D&D e Tormenta, mas o que mais
joguei foi um sistema próprio, sem nome, que desenvolvi pinçando as mecânicas
que mais gostava dos outros que experimentei, simplificando o modelo para que
se tornasse rápido e convidativo para qualquer iniciante e focando um pouco
mais na narrativa do que nas regras. Gostaria de conhecer melhor e jogar Old
Dragon e Reinos de Ferro.
10-
Algum
novo projeto sendo gestado no momento?
Estou trabalhando em vários projetos simultaneamente.
Entre eles, posso citar novidades na série Viver ou Morrer, um segundo livro
interativo infantil, um projeto pessoal com um novo formato de livro-jogo e
novidades no universo de Tormenta RPG.
11-
Aqui o
espaço é livre para falar o que você quiser. Pode dar dicas, colocar formas de
contato com quem queira conversar contigo, ou até mesmo criar novas perguntas
para que você mesmo responda, se sentiu falta de alguma.
Um dos melhores jeitos de melhorar e se conectar com o
seu público é ouvindo o que ele tem a dizer. Ficarei muito feliz em receber o
contato da galera, seja crítica, elogio, sugestão ou pergunta; qualquer coisa.
Estou à disposição através do meu e-mail athosbeuren@hotmail.com ou na minha
página do Facebook www.fb.com/AthosBeurenRPG. Também convido todos a conferirem
meu Instagram @athosbeuren, onde está rolando uma aventura através dos stories
(está no fim, mas no álbum de destaques é possível conferir toda a história e,
depois do meio do ano, iniciaremos outra aventura).
12-
Ahhh, por
último uma única curiosidade (não precisa revelar nada)... “AthosBeuren” é um
nome bastante literário, bastante diferente, e que combina perfeitamente com a
imagem que eu faço de um escritor! Costumo dizer que alguns escritores possuem
“nome de escritor” (Stphen King, Charles Dickens, Tolstoi...), e AthosBeuren
definitivamente é um deles! É o seu nome original? Se sim, qual a origem
nacionalidade
desse nome?
O nome é original, então não tenho como me
esconder, hehehe! Além de ser nome de cachorro, Athos é o nome de uma montanha
na Grécia, onde há uma península homônima onde só vivem monges, e também de uma
comuna francesa, de onde foi tirado o
nome do mosqueteiro (o real, no qual também foi inspirado o ficcional de
Alexandre Dumas). Beuren é alemão, sobrenome da família adotado do município
onde se originou (Beuren fica na região Baden-Württemberg, na Alemanha), por
volta de 1850-1900.
Um forte abraço e boas aventuras!
Amei o Blog! Voltarei aqui mais vezes, pois estou pesquisando o Livro-Jogo para crianças da pré-escola. Desejo conhecer outros livros para crianças na faixa etária de 4/5 anos, encontrei apenas o de Athos. Existem outros escritores e livros-jogos para crianças pequenas? Abraços!
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