Bom, galera, é com
orgulho que apresento aqui mais uma grande entrevista, dessa vez com o autor/
game designer Douglas Santana Mota, uma das pessoas por trás do RPG MYSTHEA,
que está em fase de financiamento coletivo no Kickstarter. Na verdade, o
projeto já está financiado, contando com mais de 500 apoiadores, tendo atingido
sua meta em apenas 1 dia! Não tem nem o que falar, correto?
Mas para saber mais a
respeito sobre o #mysthearpg, e da mente criativa por trás dele, segue aqui
então essa entrevista muito bacana!
Vamos lá então!
Como vocês estão acostumados, e como é a proposta do blog (e na verdade de tudo que eu faço), nada aqui foi editado!
1- Douglas, primeiramente, seja muito
bem vindo! Antes de tudo, gostaria que você se apresentasse para a galera.
Então, quem é o Douglas Santana Mota?
Valeu pelo convite!
Cara,
sou um sujeito reservado, que vive na estrada, ama livros... e o RPG, claro.
Narro há mais de duas décadas e até conheci minha esposa jogando Vampiro: A Máscara
muitos, muitos anos atrás! Trabalho um bocado, como Segurança numa plataforma
de petróleo, e sempre perco os eventos de RPG mais maneiros por estar embarcado
ou viajando rss
2- O RPG “Mysthea: Legends Form the
Borderlands” está em fase de financiamento coletivo lá no Kickstarter. Como
você apresentaria o jogo para alguém que nunca ouviu nada a respeito do jogo e
desse universo em particular?
Que
tal um cenário de fantasia lírico – com ilhas flutuantes, cristais místicos,
monstros cultos e tempestades eternas – onde você controla não só um herói, mas
uma facção inteira de mercadores, soldados, nobres, místicos, etc. Com heróis
que podem ser criados em 15 minutos, mas ainda assim instigantes e profundos;
como o Mártir, o Veterano, ou o Insurgente. E onde todos têm acesso a poderes
telecinéticos!
Além
disso, que tal um jogo que trata do aspecto humano da guerra e das dificuldades
em se reconstruir uma cidade devastada, curando as feridas entre conquistados e
vitoriosos? Onde você pode mesmo mudar o mundo... ao longo de décadas de jogo.
Mysthea
é tudo isso. Um RPG com um pé no narrativo e o outro nos jogos de estratégia, num cenário intrigante,
com uma arte fenomenal.
3- O Mysthea na verdade já atingiu a
meta inicial de financiamento, já estando com mais de 500 apoiadores (522, no
momento em que escrevo essa pergunta). O que mais podemos esperar agora? Quais
as próximas metas?
Acabamos
de liberar um Modo Solo para o Mysthea, graças a uma meta social que atingimos. Logo chegamos a próxima meta, que libera um
complemento, com uma nova Facção, rebelde e insidiosa, um grande projeto para
as facções, a Revolução, e um ensaio da Helen Gould sobre protestos e
resistência. Tudo junto, numa megapacote! Temos mais uns cinco desses
megapacotes na manga para um fim de campanha épico, como foi o do Legacy.
Além
disso queremos oferecer uma experiência linda na mesa, e para isso também
anunciaremos metas para fichas de Heróis e Facções impressas em material de
extrema qualidade, além de já termos um mapa editável e um baralho útil e
estiloso como opcional.
4- Quais os pontos que , na sua opinião,
diferenciam o Mysthea de outros RPGs de ficção e fantasia?
Em
primeiro lugar, o propósito das aventuras e campanhas. Queria desde o início um
cenário de fantasia, mas que nos fizesse pensar um pouco sobre as sagas e os
heróis do mundo real. Trazendo problemas bem contemporâneos, como por exemplo o
dos refugiados e veteranos de guerra, ou o acesso seguro à agua, comida e
educação. Enfim, que houvesse uma boa razão para que seu personagem ouse,
sofra, persista... e uma recompensa diferente em caso de triunfo: mudar o mundo
de verdade, para melhor.
Mas
também tenho trabalhado cada detalhe para que Mysthea seja um jogo de alianças
e lealdade. Uma busca incessante pela liberdade... ou poder. Isso só vai
realçar o aspecto único de se controlar uma facção E um personagem, e os
conflitos de interesses entre eles. Além da possibilidade de crônicas
abrangendo décadas de história, com múltiplos personagens, amplificar os
efeitos dos dilemas e escolhas dos jogadores.
E
por fim, sou um fã de literatura Weird, de Nathaniel Hawthorne e Michel
Moorcock à Laird Baron e China Mieville. E o Mysthea é um prato cheio para o
misticismo e o fantástico quase horror e para o horror quase ficção científica.
5- Douglas, o jogo está sendo lançado
pela UFO Press. O que você pode nos contar sobre essa editora? É uma editora da
Inglaterra, certo? Qual é exatamente a sua relação com eles (fundador,
parceiro, funcionário...)? Conte-nos um pouquinho sobre ela!
Baseada
em Oxford, a Ufo Press a princípio era a Jay Iles, e ocasionalmente a esposa
dela. Mais indie, impossível. Até que eu apareci do nada com uma proposta
criativa e comercial e virei o primeiro free lancer. Lançamos um suplemento
para a primeira edição do Legacy. Na segunda edição, assumi a posição de
co-autor e fui, digamos, o motor criativo do projeto, que cresceu e abraçou
muita gente. Meio que revelamos o Tithi Luadthong, um artista tailandês
incrível, e agregamos talentos de um punhado de colaboradores.
Já
a parceria com a galera da Tabula Rasa, detentora do jogo de tabuleiro do
Mysthea, foi ideia minha e dessa vez a Jay está na administração do projeto e
no layout. Com isso, me tornei o Lead Developer, responsável pela ficção,
regras e texto.
Na
prática, o freelancer oficial da casa! J
6- Como foi seu início no mundo do RPG? E
quando você começou a trabalhar profissionalmente dentro do mercado de RPG?
Meu
início não podia ter sido mais orgânico e gradual. Lembra daqueles livrinhos:
“Agora Você Decide”? Devorei tudo. Livros jogos? Também. Até evoluir para o
Dungeoneer e Blacksand, com os quais narrei pela primeira vez. Não demorou e me
graduei nos RPGs “sérios” com Shadowrun.
Ediouro,
eu te amo.
(Pronto.
Precisava quitar essa dívida cármica! Rss)
Até
o belo dia que peguei um Lobisomem: O Apocalipse todo sambado e mergulhei por
uma década no Mundo das Trevas. Infelizmente narrei muito D&D nessa época também.
Mas
depois de 15 anos, saturei do mainstream.
Passei
a buscar sistemas alternativos. E um belo dia fui convertido ao Powered by the
Apocalypse pelo charmosíssimo Spirit of 77 – uma jóia meio ignorada no meio, mas que dá um banho em títulos da moda. Nessa
mesma época, perdi o emprego. Era algo esperado, eu estava tranquilo e
preparado para passar muito tempo em casa. Bom, preparado financeiramente,
porque psicologicamente o ócio não me fez nada bem. E decidi então publicar. E
esse foi o pulo do gato: eu não queria escrever! Isso eu já fazia. O objetivo
era publicar.
Para
isso estudei o mercado, tracei um plano e enviei propostas criativas para três
jogos. Fechei com a Jay e o Legacy e publicamos. Simples assim.
7- Quais os seus sistemas favoritos?
Sempre
mestrei todos os outros jogos buscando inconscientemente o Powered by the Apocalypse
do Vicent e Meguey Baker. Mas também sou fã do O Um Anel do Francesdo Nepitello
pela elegância das regras, conceitos e escrita. Outras referências? Ben Robbins
(Microscope e Kingdom), Greg Stolze (Wild Talents e Unknown Armies) e Phil
Brucato (Mago: a Ascensão).
8- Na sua opinião, quais as principais
diferenças entre o mercado de RPG lá fora, e aqui no Brasil?
Vou chover no molhado: a pirataria
selvagem impossibilita um investimento no mercado de PDFs, que representa um
terço da nossa receita lá fora.
No
aspecto menos óbvio, costumo dizer que a receita para publicar é planejar como
um executivo, criar como um artista, produzir como um operário e promover como
um publicitário. Aqui infelizmente sinto que muita gente se contenta em ser no máximo dois desses quatro.
9- Existe alguma chance do Mysthea ser
trazido para a língua portuguesa?
Estamos
em negociação para o Legacy em 2019. E se essa parceria fechar como imagino, o
Mysthea com certeza vem também.
10- Agora a pergunta mais importante: Por
que todo mundo deveria apoiar esse RPG incrível que é o Mysthea?
Porque
não há nada parecido com o Mysthea em termos de RPG de fantasia. Simples assim.
Um
jogo de gerações? Em dois níveis, facção e personagem? Com horror místico,
política maquiavélica e dramas humanos de verdade? Com um sistema versátil e
exaustivamente testado? Com nosso primor de produção? Capa dura, todo colorido,
arte fenomenal e um universo ficcional original e em franca expansão?
Háh!
Boa sorte!
11- Você mesmo nos contou que está
desenvolvendo um modo solo para o jogo...pode nos adiantar um pouco sobre como
está sendo esse trabalho? E, complementando, como foi que você conheceu a ideia
do “solo RPG”?
Não
me surpreendi quando nossos parceiros italianos informaram que clientes deles
estavam pedindo o modo solo. Afinal, Iron Sworn tinha recentemente balançado o
mercado, com um solo robusto, mas simples.
Topei
então encarar o desafio de criar esse modo. De certa maneira, comecei no RPG solo,
lembra? E eu já vinha me divertindo ocasionalmente com o Dungeon Solitaire e
comprado e estudado o dito Iron Sworn.
Ainda
estou trabalhando no primeiro esboço, mas até agora a ideia inicial é colocar 5
pares de dados cristalinos de cores diferentes num bag. O jogador saca os dois
dados para os testes regulares, definidos numericamente. Com isso, baseado na
matriz das cores dos dados escolhidos, define-se quais os próximos eventos do
cenário. Cada uma das 5 cores indicando: pesquisa/conhecimento,
interação/contato, magia/mistérios arcanos, movimento/viagem,
conflito/guerra. Mas isso é só o começo...
12- Douglas, a partir de agora, sinta-se
livre para falar o que quiser aqui. Pode incluir perguntas que achou que
ficaram faltando, e já responde-las! Be free, man!kkkkkkkk
Só quero agradecer o
entusiasmo da galera online e dos amigos, o reconhecimento e a apoio de vocês
valem ouro para gente!
Quem quiser conhecer melhor o projeto e participar do financiamento, e ainda por cima ter acesso gratuitamente ao quickstart do jogo, é só ir lá na página do kickstarter: Myshtea Financiamento Coletivo
#mysthearpg
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