domingo, 31 de março de 2019

A abordagem/técnica do Slowplay no RPG solo


Galera, tudo joia?

Hoje venho aqui apresentar um conceito que se desenvolve muito dentro do RPG solo, e que tenho certeza muitos de nossos membros realizam, ainda que poucas pessoas conheçam por esse nome; falo, logicamente, do conceito de “Slowplay”.

“Mas, Tarcisio...o que diabos é o “Slowplay”?




“Slowplay”, também conhecido como “Quiet Roleplaying” é quando o foco de uma cena, parte de uma aventura ou mesmo campanhas inteiras passam a se concentrar mais em ambientes, descrições de lugares, histórias simples contadas entre PCs e NPCs, “passeios” pela cidade, contemplação de lugares, florestas, estradas, cidades...deixa-se de lado o ritmo vertiginoso que geralmente se vê nos RPGs, e passa-se a “aproveitar” a viagem, as paisagens, as vistas...um exemplo de slowplay seria uma sessão inteira com os personagens em volta de uma fogueira, apenas contando histórias.

Ao meu ver, é bemmmm difícil fazer isso com um grupo – à menos que sejam jogadores experientes e maduros. Do contrário, creio que a maioria, julgando pela minha experiência como mestre nos últimos 20 anos, não tem muita paciência para vagar pelas ruas de uma cidade com seus personagens em uma tarde ensolarada, apreciando o brilho do sol nas torres de Marfim e as historias do povo nas ruas. Ou o personagem subir uma colina e apreciar atentamente a vista que se afigura embaixo.

Tudo isso é Slowplay!

Pequenas missões também se enquadram no slowplay. Invés de ir ao covil do Dragão, os personagens podem aproveitar o jantar oferecido pelo lorde da cidade, que os convidou após ouvir as historias sobre eles. Ou uma visita a uma taverna comum, dessas que recebem apenas pessoas comum, camponeses, e não heróis e aventureiros.

Tudo slowplay!



Nada contra as aventuras aceleradas, os dungeon crawls – que é meu estilo de jogo favorito!
Mas dentro do RPG solo temos essa enorme liberdade de explorar cada canto de um cenário, cada vista, cada paisagem, de uma forma que, em 95% dos grupos, seria impossível (aceito contestações dessas estatísticas!)

O poder do Oráculo!

No “slowplay”, o oraculo – a ferramenta analógica que usamos para responder perguntas, especialmente as de “sim” e “não”- vira um instrumento poderosíssimo!

No Slowplay não precisams ter medo de realizar muitas perguntas; na verdade, nesse tipo de proposta, quanto mais perguntas você fizer, mais detalhes e coloridos sua aventura e seu cenário terá. É possível rolar cenas inteiras inclusive sem nenhum personagem ativo, se concentrando apenas em elementos de cenário e de narrativa.

Exemplos de perguntas:

“Há torres no centro dessa vila?”
“São torres de marfim?”
“As pessoas parecem perceber a beleza das torres?”
“Existe um jardim próximo?”
“Existem artistas de rua por ali?”
“O chão está molhado de orvalho da noite?”
“Se escuta musica pelo ar?”
“Há crianças brincando?”



E a lista é infinita. Cada resposta pode ser desenvolvida, ampliada pela interpretação, lógica e contexto.

O slowplay pode ser apenas um breve momento dentro de uma campanha épica. Logo tudo pode voltar ao ritmo normal.
Ou pode ser assim a campanha toda, criando um mundo absurdamente rico em detalhes, onde cada um deles parece transpirar uma história.

Acredito que o conceito de slowplay seja um desdobramento do conceito de Sideplay, que já tratei em um dos meus vídeos no youtube.

Enfim, são opções!

Espero ter ajudado de alguma forma!

Esse texto e essa reflexão foi fortemente influenciado pelo artigo “Quiet Roleplaying”, do site Trollish Delver, do Scott Malthouse, criador do QUILL e meu game designer favorito.
Segue link para esse artigo:Artigo do Trolish Delver

2 comentários:

  1. Interessante. Dá vontade de explorar mais o assunto, vou procurar a matéria sobre quiet roleplaying e o vídeo sobre sideplay!

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  2. Muito Bom! quero fazer meus jogadores criarem o cenário dessa forma isso é um nível muito interessante de criação.

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