quarta-feira, 11 de julho de 2018

Era melhor antes...só que não!

Galera, resolvi escrever um pequeno artigo comparando como era a vida de um Rpgista na década de 90, e como é a vida de um Rpgista atualmente (2018).
Eu sou um tipico integrante da chamada "geração xerox", a geração que teve contato com o RPG no meio da década de 90.

Geralmente é tradição entre as gerações mais velhas o argumento de que "antigamente era melhor..."

Só que não.

Deixo bem claro que a proposta desse texto é deixar claro minha opinião de que estamos vivendo a melhor época dentro do RPG em todos os tempos!


Nos anos 90...


Foi uma época icônica. O RPG chegava com tudo ao Brasil, recebendo o investimento de empresas gigantescas, como a Grow, a Abril e a Ediouro. Havia matérias sobre o RPG até no Fantástico, em horário nobre. No entanto...

Apesar dessa hype, encontrar os livros, especialmente para quem morava fora do circuito das grandes capitais, era uma tarefa absurdamente difícil e cara. A maioria dos adolescentes da época simplesmente não tinham dinheiro para comprar o material que estava sendo lançado.
Mesmo com esse "Boom", demorou muito até termos variedade no mercado. Comparado a hoje, a quantidade de jogos disponíveis em português era muito limitada, e a cena indie que hoje nos |brinda com milhares de ideias originais todos os anos atualmente, simplesmente não existia (ou existia, mas era uma sociedade secreta a lá Maçonaria).
Quando alguém conseguia algum material, logo aparecia umas 20 pessoas querendo tirar cópia daquilo. Daí o nome de toda essa geração de jogadores, a "geração xerox".
Lógico, havia toda aquela magia que envolvia o RPG naquela época. Era uma novidade em nosso país, e as imagens que evocava começava a marcar profundamente a vida de muitos de nós.
Eu lembro que eu pegava algumas edições da Dragão Brasil, na página de propaganda da loja FORBIDEN PLANET (alguém lembra?), e ficava horas sonhando com aqueles livros, imaginando histórias épicas para cada capa.
A segunda coisa que fiz quando comecei a trabalhar e ter um pouco de dinheiro foi ir atrás de cada um daqueles livros. A primeira coisa foi comprar um violino, que nunca aprendi a tocar (mas isso já é outra história).


Atualmente...

Atualmente, a meu ver, estamos na época mais massa para ser um jogador de RPG. Existem uma infinidade de excelentes RPGs oferecidos gratuitamente, ao alcance de um click do seu celular ou computador. O próprio D&D, o mais famoso de todos, oferece um KIT introdutório com tudo que se precisa para jogar de forma inteiramente gratis.
E verdade seja dita, sem hipocrisia: QUALQUER sistema se encontra a um click de distância. 

Eu li todos os livros de Pathfinder, e não comprei nenhum deles! Não me orgulho disso, mas também não me arrependo.

Temos uma cena indie nacional com jogos maravilhosos, como Busca Final, Violentina, Terra Devastada. Todos gratuitos.
Temos jogos épicos de peso, como o Mighty Blade e o Old Dragon, também com versões gratuitas. E temos vários sistemas mais obscuros muito bons, como New Dragon, Warrior Quest, Nexus...só para citar alguns.
Temos os financiamentos coletivos, uma das coisas mais lindas que já inventaram!
Na verdade, qualquer um que queira criar seu jogo tem total condições de fazer isso, sem precisar de nenhuma intermediação no processo.

Temos uma série de aplicativos para celular que ajudam na hora de jogar, como dados virtuais, geradores de mapas...programas como Skype e sites como Roll20 e Fantasy Ground permitem jogarmos com pessoas do mundo todo, sem precisar sair de casa.

Não importa qual a sua dúvida sobre certo sistema, a chance de você encontrar um fórum debatendo exatamente isso são enormes.
Temos muito mais opções, muito mais RPGs, muito mais tudo.

Eu respeito muito o saudosismo que a época da geração Xerox desperta, mas reconheço a mudança positiva de tudo isso que amamos tanto!

E, acima de tudo, temos uma infinidade de jogos focando o solo RPG, algo que a década de 90 ignorou quase que completamente (com exceção da RIACHUELO GAMES, que sempre defendeu essa bandeira, desde 1994!).

Enfim, guardo com carinho todas as experiências que tive naquela época; era só um muleque desajeitado, tentando encontrar um lugar no mundo, e o RPG me ajudou muito não apenas como entretenimento, mas também como um norte, que me ajudou a moldar muito da minha personalidade.
Mas adoro os tempos que estamos vivendo agora!

2 comentários:

  1. Cheguei ao RPG já tinha o GUPS e o comprei, também acho que estamne na melhor época pelo menos para mim é.

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  2. O GURPS foi um marco na década de 90, Marcos! Sempre quis jogar naquela época, mas nunca consegui comprar o livro!

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