People, é com imensa alegria que apresento aqui no nosso Blog uma entrevista exclusivíssima com nada mais nada menos que Tana Pigeon, criadora do Mythic Game Master Emulator, além de outros livros emblemáticos!
Extremamente acessível, solícita e simpática, Tana conversou um pouco comigo sobre o maior sistema de RPG solo de todos os tempos, além de nos contar um pouco sobre sua trajetória pessoal!
Enfim, sem mais enrolação, segue aqui essa entrevista lendária!
Oi, Tana Pigeon Aqui é o Tarcisio Lucas, do Blog QUEST RPG SOLO. Em primeiro lugar,
gostaria de registrar que gosto muito do seu trabalho, e posso dizer com
certeza que o Mythic mudou minha vida! Eu sempre quis jogar RPG, mas nunca fui
capaz de formar um grupo consistente da forma como eu queria ... com o Mythic, eu pude realizar
totalmente esse sonho!
Aqui estão as perguntas!
Tana Pigeon: Saudações Tarcisio! Estou muito feliz por você ter aproveitado
muito do Mythic. Isso me deixa feliz :)
1- No ano passado você lançou um novo suplemento para
Mythic, o "Variations II", apresentando novas ideias e métodos para
aprofundar a experiência do Mythic. Foi um lançamento incrível, eu adorei. Como
surgiram as ideias apresentadas ali?
Tana Pigeon: Fico feliz que você tenha gostado do Variations
2. O Mythic ficou por um longo tempo sem
nenhuma revisão importante, ou uma segunda edição. Ainda que a mecânica central
do Mythic, a abordagem de perguntas “sim / não” pudesse ser usada para resolver
qualquer detalhe, eu sempre quis que o Mythic incorporasse mais questões de
linguagem natural. Em vez de tentar criar uma única maneira de lidar com todas
as perguntas, achei que era melhor criar várias maneiras diferentes de fazer e
responder a diferentes tipos de perguntas. Então, é aí que entra o Va 2. Eu Variations
II; eu queria que o Mythic fosse capaz de responder qualquer pergunta, não
apenas sim / não.
2 - Você é reconhecida como o criadora do RPG mais
emblemático quando se trata de RPG solo ... mas eu gostaria de saber se você
tem alguma preferência como jogadora: jogar solo, cooperativo ou em grupos
tradicionais (com um Mestre)?
Tana Pigeon: Eu amo jogar sozinha. (Grande surpresa, certo? Lol)
Honestamente, eu gostaria de jogar em um grupo tradicional também, mas eu
simplesmente não tenho tempo para isso. Muitas pessoas estão no mesmo barco. Eu
acho que mesmo que eu tivesse acesso a um grupo, eu ainda estaria basicamente
jogando solo porque eu amo isso. Quando eu realizo um jogo solo, costumo
escrever tudo, como um romance. Eu vejo meus jogos solo como parte de uma
história em desdobramento.
3 - Muito do que foi desenvolvido relacionado ao RPG solo
nos últimos anos se baseia fortemente no que foi apresentado no Mythic. Você
tem acompanhado algum desses novos jogos? Algum chamou sua atenção de uma
maneira especial?
Tana Pigeon: Eu estou sempre interessada em ouvir sobre
eles, porque eu acho fascinante as diferentes direções que as pessoas encontram
para jogar sozinho. Eu também gosto de discussões sobre o jogo solo, porque há
tantas boas ideias por aí. Mas é raro eu me aprofundar demais em outros
sistemas solo, principalmente porque estou profundamente envolvido em projetos.
4- Como foi seu primeiro contato com o RPG? E em que ponto
você pensou: “Eu preciso criar um sistema que me permita jogar sozinho?"
Tana Pigeon: Como muitas pessoas, eu descobri o RPG em uma
idade tenra. Provavelmente por volta de quando eu tinha uns dez anos. Eu me
apaixonei por ele imediatamente. Eu era uma garota introvertida e passava muito
tempo sozinha. Eu adorava fazer jogos de tabuleiro, apenas rabiscando-os com
lápis, em um papel. Estes eram principalmente jogos solo que eu jogaria. Quanto
mais eu me envolvia em RPGs, mais frustrado se tornava o fato de não poder jogar
sozinho. Comecei a pensar seriamente em criar um mecanismo solo no começo da
adolescência, talvez já aos 13 anos. Eu participava de um curso de programação de computadores, coisas
realmente básicas com um Commodore 64. Eu gostava de fazer meus próprios jogos
de computador e aprendi mais sobre conceitos de inteligência artificial. Isso é
o que me fez realmente pensar em misturar o conceito de uma IA de computador
com um RPG de papel e caneta. Os mecanismos solos que desenvolvi passaram por
muitas iterações. No momento em que eu tinha cerca de 30 anos, eu tinha talvez por
volta de dez versões diferentes do que acabou se tornando Mythic.
5- Além de jogar RPG, você tem algum outro hobby em
particular?
Tana Pigeon: Claro. Eu amo livros e escrever. Já escrevi
alguns contos, alguns livros e escrevo alguns poemas todos os meses. Eu sou uma grande nerd e amo ficção científica e fantasia. Eu gosto de escrever online com
outras pessoas também em uma espécie de colaboração, improvisação de histórias.
Eu gosto de design gráfico e publicação, que também é minha principal fonte de
renda. Eu toco piano e gosto de música em geral.
6. De todos os livros que você escreveu, qual deles você
mais gostou de escrever? E qual foi o mais difícil?
Tana Pigeon: Isso é difícil. Cada livro é um trabalho de
amor, então eu gostei de todos eles. O primeiro livro do Mythic que eu
provavelmente gostei mais, mas também foi o mais difícil de fazer porque eu
estava pensando em como fazer e publicar um jogo enquanto eu fazia. Eu
honestamente não achava que alguém estaria interessado no Mythic, parecia muito
incomum, então eu não conseguiria vender, na verdade. Eu fiz isso porque eu
amava o Mythic e eu estava usando isso há anos, com as regras sendo apenas um
monte folhas soltas de papel que eu mantinha em uma pasta. Eu senti que isso
merecia estar em um livro real na minha prateleira, então eu decidi produzi-lo.
Dos livros posteriores, eu gostei muito de fazer o Creature Crafter porque eu
adoro monstros. Quem não gosta de monstros?! Esse livro foi simplesmente
divertido de se fazer.
7- Além dos jogos que você criou, quais RPGs você mais
gosta? E qual é o seu tipo favorito de cenário?
Tana Pigeon: Eu tenho um par de estantes cheias de livros de
RPG. Talvez 150 deles ou mais. Eu estou sempre comprando mais, não consigo
resistir. Eu raramente jogo os RPGs que compro, apenas adoro lê-los. No
entanto, se eu fosse escolher os jogos que eu mais gosto, minha escolha teria que ser Call of Cthulhu (O
Chamado de Cthullhu, um RPG publicado pela Chaosium). É um gênero tão incrível,
e o mito de Lovecraft é tão rico e com uma atmosfera única. Eu realmente não
consigo me cansar disso. Eu sou um grande fã de D & D também. Eu acho que a
quinta edição é provavelmente a melhor versão desde sempre. Eu costumo gostar
de cenários mais escuros, com magia, e eu gosto de cenários um pouco mais “pé
no chão” e realistas, porque eu sinto que você pode ter um drama muito pungente
aí. Outro dos meus favoritos é o antigo jogo da TSR “Marvel Adventures”. Eu amo
RPGs de super-heróis em geral. Atualmente, estou jogando o Rogue Trader. Eu
gosto muito de todo o universo de Warhammer, é tão lindo e estranho. Eu também
sou fã dos jogos da Palladium (outra editora americana). São RPGs Old School
que ainda estão se mantendo até hoje em grande parte inalterados. O que falta
aos jogos no design moderno é isto,
frisar um pouco em pura diversão.
8- Aqui no Brasil o RPG solo está apenas começando, de forma
mais sistemática. O RPG de maneira geral movimenta um pequeno número de pessoas
aqui (mas temos ótimos jogos, muito bem escritos). Como você vê a cena solo de
RPG em seu país, Tana?
Tana Pigeon: Isolar o meu país em termos de jogo solo é difícil para mim. Eu estou tão envolvida
no ambiente on-line há tantos anos que tenho a tendência de pensar nos RPGs
como uma comunidade global. Meu sentimento é, no entanto, que o jogo solo é
bastante incomum nos Estados Unidos, mas para aqueles que se dedicam a isso,
eles são totalmente apaixonados. É
interessante para mim, porque os jogadores de RPG tendem a amar profundamente
os jogos. Então aqui você tem uma comunidade que não só adora RPGs, mas também
ama o jogo solo. É um nicho dentro de um nicho. Minha esperança é que o jogo
solo continue a se expandir para públicos maiores dentro da comunidade de RPG,
e acho que isso está acontecendo.
9- Mythic e seus suplementos têm uma série de mecânicas
muito especiais - Fate Chart, Chaos Factor, Flavor Points, questões complexas,
e muito mais - que mecânicas você criou que você mais se orgulha de ter feito?
Tana Pigeon: A Fate Chart Tabela do Destino), com certeza.
Esse é o coração do Mythic. Tudo o resto orbita em torno dele, em apoio. Tenho
orgulho do fato de que um mecanismo tão simples como o Fate Chart pode ganhar
tanta vida quando você começar a usá-la. Muitas pessoas parecem ter rapidamente
a sensação de que o jogo está vivo e pensando enquanto o usam. É uma combinação
da própria aventura tomando vida própria e a imaginação do jogador naturalmente
dando cada vez mais significado a tudo o que acontece. Tudo isso está ao redor
da Fate Chart, que é aquilo que dá forma e formato.
10- Quais são as maiores recompensas em trabalhar com uma
editora de jogos de RPG? E quais são os maiores desafios?
Tana Pigeon: A maior recompensa para mim é ouvir pessoas que
usam o Mythic e amam de coração. Eu recebo e-mails de pessoas me dizendo coisas
tipo que eles amam RPGs, mas nunca
poderiam jogá-los antes, mas agora (graças ao Mythic) eles podem. Ou eles
dizem que o Mythic deu nova vida aos seus jogos, ou de alguma forma tocou suas
vidas de uma forma positiva. Ouvir tais coisas energizantes de pessoas nunca é
algo que eu esperava quando cheguei a isso, e é facilmente a melhor parte de
publicar o Mythic para mim. O maior desafio é quanto trabalho ele dá. Eu amo os
jogos que faço e os levo a sério, então levo muito tempo para produzir um
livro. Estou apresentando as ideias, escrevendo, encomendando obras de arte,
editando os livros, testando, mantendo o site, respondendo a e-mails de fãs,
verificando grupos on-line e cuidando do lado comercial das coisas. Tudo isso,
e apenas eu fazendo isso de cima para baixo. Eu amo tudo, mas às vezes é
frustrante para mim que eu não possa produzir mais, e mais rápido.
É isso aí, Tana. Mais uma vez, muito obrigado! Quando
comecei a espalhar o solo de RPG aqui no Brasil, nunca me passou pela cabeça a
possibilidade de entrevistar alguém tão importante para a história dos jogos
que tem essa proposta.
Um grande abraço, te vejo mais tarde
obrigado os dois pela dedicação. Não vejo a hora de entender tudo para que eu consiga finalmente o horror pessoal que eu sempre idealizei e tornar meu mundo de morpheu mais projetivo e emocionante!
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