segunda-feira, 2 de julho de 2018

Entrevista - Danilo Faria, um dos criadores de Maytréia e Rebelião!

People, é com grande alegria que inauguro a seção de Entrevistas com autores do nosso blog!
E para começar com chave de ouro, conversei com o grande Danilo Faria, um dos criadores dos meus dois RPGs nacionais favoritos, o MAYTRÉIA e o REBELIÃO: ASCENSÃO e QUEDA.
O Danilo foi extremamente solícito e prestativo, e nos contou um pouco sobre a criação dos jogos, seus RPGs favoritos, projetos...e muito mais!

Abaixo, o fã (eu) babão, com os meus 2 RPGs nacionais favoritos, em sua versão com sistema próprio (mas eu adoro a versão com o sistema Daemon também!)


Como sempre, mantendo a tradição do blog (e de tudo que eu faço),nada aqui foi editado!

Vamos lá!


Ok, Danilo, muito obrigado por aceitar o meu convite! Primeiramente gostaria de dizer que sou muito fã dos jogos que você (co)escreveu, principalmente das versões de Rebelião e Maytréia com os seus sistemas próprios, portanto vou focar nessa versão, ok?

Claro, sem problema. Eu é que me sinto feliz em ter agradado.

1-Danilo, o RPG Maytréia tem fortes influências de filosofia oriental e espiritualidade de maneira geral, sendo bem mais aprofundado que a maioria dos RPGs que temos no mercado. Você poderia nos contar como surgiu a ideia de fazer um RPG dentro dessa temática?

Foi um desafio que me fizeram. Literalmente. Já tinha alguns anos que eu estudava Teosofia (que é essencialmente de base oriental) e – obviamente – já era fã de RPG. Tinha uma coisa interessante nestes estudos: é que acabávamos formando um pequeno grupo que continuava debatendo sobre o assunto na calçada, depois de terminada a reunião. Recomendo isso para qualquer curso que se fizer; seja uma faculdade, um cursinho de verão ou qualquer coisa assim, pois acabamos por aprender mais do que aquilo que ouvimos “oficialmente” na aula. Mas, enfim, numa dessas conversas, o instrutor – sabendo que eu já tinha trabalhado em projetos anteriores – desafiou-me a criar um RPG que provocasse uma mudança de consciência em quem jogasse. Não sei se atingi este objetivo, mas foi daí que nasceu Maytréia.

2- O sistema próprio de Maytreia foi criado antes da ambientação, depois ou foi sendo criado conjuntamente?

As duas coisas. Já tínhamos uma base que vinha do RAQ, mas as regras para o uso dos Shiddis e detalhes como o Sono da Alma, o funcionamento do Kharma e do Dharma ou a Constituição Psíquica e suas consequências vieram junto com o jogo e foram sendo desenvolvidas enquanto eu escrevia.

3- Eu sempre falo para os meus jogadores que o Sistema original de Maytréia é de alguma forma similar ao do sistema Storyteller, mas com a diferença que o sistema de Maytréia funciona!kkkkk. Uma brincadeira logicamente. Você acredita que ao se jogar o Maytreía com o sistema próprio e depois com o sistema Daemon (como foi lançado posteriormente) tem-se a mesma experiência do jogo?

Hahaha! Essa parte do sistema deve-se principalmente a Renato Simões. Ele carregou esse piano com dignidade e fez um ótimo trabalho. O resto de nós ajudou em algo, mas a beleza do sistema é essencialmente feita por ele. E, sim, gostávamos muito do Mundo das Trevas.
Quanto à experiência, eis uma pergunta interessante. Eu nunca ouvi de ninguém que tivesse experimentado os dois sistemas uma opinião deste tipo a respeito. Acredito que sim, mas sou suspeito para dizer. A adaptação foi feita por mim, então se não funcionou a culpa é minha. Mas penso que a experiência essencial que é a de entender o que está acontecendo com o personagem, o motivo dele existir e a luta dele para escapar da Maya se mantiveram.

4- Como surgiu o Rebelião? A ideia veio antes ou depois do Maytreia?

Surgiu antes. Eu, Luis Berbert, Renato Simões, Alex Genaro, João Lopes e – inicialmente – Fred Lafter havíamos acabado de sair do Icongrafix (um projeto de estúdio para a criação de HQ´s) e queríamos criar algo. De início, pensamos em quadrinhos com uma versão diferente do conceito de lobisomem, mas logo a paixão por RPG tomou conta e a ideia de um jogo de horror foi nos dominando.
Maytréia só viria anos depois. Essa confusão sobre quem veio primeiro é comum porquê Maytréia foi lançado antes de RAQ pela Daemon e as versões online com o Sistema Germinante foram disponibilizadas ao mesmo tempo.

5- Até hoje é possível acessar o blog “Universo Germinante”, que traz muito conteúdo bacana para o universo dos jogos que vocês criaram. Eu li todos os contos ali presentes, tanto os que se passam no mundo de Maytreia quanto de Rebelião. Falando sobre escrita, você tem atualmente algum projeto de escrita (literatura, RPG, alguma coisa técnica)?

Parece combinado, pois a pergunta vem exatamente quando eu terminei o primeiro livro das “Crônicas dos Descaídos”, que ocorre no universo de RAQ. O título dele é “O Homem sem Alma” e está na fase de revisão. Estou empolgado com o projeto porque todos que leram até agora demonstraram gostar da história.
Outro projeto meu é que terminei um remake de Conspiração do Amanhecer (que recebeu o título de “CdA – Os Anos Turbulentos”) do qual particularmente gostei muito. É um antigo RPG sobre psiquismo e teoria da conspiração (originalmente criado por Marcelo Telles) que foi, até onde sei, o segundo RPG nacional. Só que esse está difícil de publicar por vários motivos. Estou pensando seriamente na possibilidade de disponibilizar de graça na internet, pois acho uma pena o jogo ficar escondido dos fãs de RPG.

6- Uma curiosidade que eu sempre tive: Maytreia e Rebelião se passam no mesmo universo ficcional? (eu sempre coloquei eles juntos, mas queria saber a opinião dos criadores!)

Não. No entanto, fiz uma brincadeira com o conto de abertura no primeiro suplemento de Maytréia – sobre a Tendência dos Brâmanes – de que no Plano Mental existe uma abertura para se conhecer outras realidades. Tem uma pista lá!
Aliás, uma das coisas boas do RPG é que ele permite total liberdade aos mestres dos jogos para criarem o que acharem mais interessante. Não existem dogmas ou regras intocáveis, desde que todos que participam se sintam confortáveis e não assuste a alguém que por acaso veja a sessão de jogo, claro. Portanto, misturar os universos deve ser uma experiência muito interessante e rica.

7-Quais os seus RPGs favoritos, Danilo?

“Mago, a Ascensão” (meio óbvio, né?) e “Wraith, The Oblivion” estão no topo. Gosto muito do antigo Mundo das Trevas. Achei recentemente “Mutante – Ano Zero” bem legal. Também tenho experimentado alguns RPG´s alternativos muito divertidos como “Este Corpo Mortal”, “Fiasco” e “Lasers e Sentimentos”.
Para citar títulos nacionais, estou lendo “Projeto Memento”, de Fabiano Saccol, e gostando bastante e “Terra Devastada”, de John Bogéa, que está na fila, me parece muito bom.

8- Atualmente, quais são os seus hobbies?

Jogar RPG se tornou mais raro, infelizmente. Mas ainda amo ler! Leio dos mais diversos estilos, inclusive RPG. Filmes e música também estão entre meus passatempos favoritos. Sou um cara caseiro. No entanto, não nego uma paixão por shows – inclusive adoro um cover de banda de rock das antigas bem feito.

9- Qual das escolas iniciáticas de maytreia mais você se identifica? E tendência?

Num mundo ideal eu seria um Liturgo Brâmane, mas aceitaria ser um Filosofista.

 10- Eu sou professor e utilizo o RPG como ferramenta pedagógica junto aos meus alunos. Você enxerga algum outro fator que o RPG possa trabalhar que vá além do simples entretenimento?

Você mesmo já mostrou um dos pontos em que o RPG pode ser uma ferramenta poderosa: educação. Todavia, sendo um pouco mais ousado, acho que ele ajudaria demais em administração, desenvolvimento de roteiros, resolução de conflitos e para achar solução de problemas. Na terapia também me parece ter um grande potencial.

Muito obrigado por tudo ,Danilo.

Quem agradece sou eu! Obrigado pela lembrança, pois é muito legal ver quando nosso trabalho agrada e rende frutos. Espero ter sido útil! Um forte abraço a você e aos leitores!

2 comentários:

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