terça-feira, 17 de julho de 2018

Entrevista com Tiago Junges, criador do Mighty Blade (e MUITOS outros jogos sensacionais!)

Pois é, galera, quando comecei os meus vídeos no youtube e esse blog, nunca passou pela minha cabeça que isso iria me aproximar de tantas pessoas que eu já admirava.
Depois de entrevistas sensacionais com  alguns outros autores e jogadores, eis que hoje apresento um "bate papo" que tive com nada mais nada menos que Tiago Junges, a mente por trás de jogos como Mighty Blade, Calisto, Malditos Goblins, Malleus, Bairro Zumbi...e muitos outros mais (a lista é extensa!).
Segue aqui essa entrevista fantástica, e como sempre seguindo a dinâmica de tudo que eu faço: sem edições!






Olá, Tiago! Tudo jóinha?

Primeiramente, muito obrigado por ter aceito meu convite.
Preciso confessar que entre os anos 2003 e 2010 fiquei afastado do mundo do RPG. E meu retorno aconteceu com o Mighty Blade, jogo pelo qual tenho imenso carinho!
As perguntas não necessariamente seguem uma ordem ou sequência lógica (eu não conseguiria fazer isso!kkkk). E se alguma pergunta não fizer sentido, sinta-se livre para deixar em branco!

Vamos lá:

Tiago Junges: Fala, Tarcisio!
Bora lá!

1-Tiago, você tem um histórico de muita produtividade dentro do mundo do RPG, e até mesmo dos Card Games. Mas como foi seu contato com o Mundo do RPG enquanto jogador?

Tiago Junges: Cara, comecei lá nos anos 90. Eu ganhei um Heroquest e aquilo explodiu minha cabeça. Eu comecei a ler os livros-jogos também, e dai veio minha primeira experiencia de RPG: O RPG Aventuras Fantásticas. Logo em seguida saiu pela editora Abril o AD&D em fascículos nas bancas, e ai foi amor pra toda vida

2- E quando foi que você parou e decidiu: “Ok, agora é hora de criar meu próprio jogo”?

Tiago Junges: Sabe que foi bem natural. Acredito que o primeiro RPG que eu escrevi foi para o mIRC (chat da época). Assim como todos jogos q eu faço, ele nasceu da necessidade. Jogar RPG na internet não era fácil usando qualquer RPG da época (GURPS, AD&D e Storyteller). Então acabei fazendo um para isso. Depois levei ele para minha mesa presencial. Dai a cada sistema novo que eu jogava, eu ia pegando elementos que eu gostei para montar updates do sistema ou até novos sistemas. Uma época eu quis jogar um RPG de Starwars, por exemplo, e nao achava nenhum sistema bom pra isso (Sim, tinha GURPS, mas nunca fui tão fã dele), então eu fiz o meu próprio.
E claro, tem o Mighty Blade, que eu fiz em uma epoca que eu queria apresentar o RPG para o meu irmão menor e seus amigos. E eu queria conseguir passar a mesma experiencia que eu tive com o AD&D. E o resto é história.


3- Mighty Blade foi sua primeira criação?

Tiago Junges: Mighty Blade foi feito lá por 2005 se não me engano. Ele foi o resultado de muita experiencia fazendo outros jogos. Como eu costumo dizer, a tua primeira criação é sempre uma porcaria. Tu precisa fazer muito e errar muito para fazer algo realmente bom. Acredito que o Mighty Blade foi o resultado disso.

4- De tudo que você produziu, qual aquele que mais lhe deu satisfação enquanto criava?

Tiago Junges: Dificil dizer por ter muitas coisas feitas em épocas diferentes e com sentimentos diferentes. Mighty Blade foi o de maior destaque e que eu dei saltos que nunca esperava, como publicar uma versão física do livro. Mas hoje, o meu maior orgulho é o Nebula RPG. Foi um jogo feito com muita atenção e que reflete muito da minha evolução como game designer.

5- Você tem também uma forte relação com jogos solo, certo, Tiago? Eu adoro o Malleus (e muitas pessoas do nosso grupo também!). Como foi que surgiu a inspiração para criar esse jogo?

Tiago Junges: Por um bom tempo eu via o RPG como um jogo social. Um RPG solo não faria sentido já que a história teria que ser criada coletivamente. Mas com o advento dos RPGs indies, o mundo de possibilidades se abriu. As definições de RPG foram atualizadas (e até, para muitos, o próprio nome "RPG" deveria ser mudado par "Jogo Narrativo", mas isso é outro papo). Um dos RPG solo que, pra mim, mais prova isso é o "Quill". Não tem como não chamar de "Jogo Narrativo" e não é apenas uma adaptação para solo.
Pessoalmente, eu sou muito mais de boardgames solo. Porém, nunca publiquei tantos justamente pq achava um nicho praticamente inexistente (eu não conhecia nenhum grupo de print n play solo até mês passado! hehe).
O novo Malleus está quase pronto, e em breve teremos mais novidades dele. E eu decidi finalizar alguns dos meus pnp solo que estavam parados na minha gaveta e devo lançar nos moldes dos meus mini jogos. "Minisaga" será o próximo.

E quanto ao “Bairro Zumbi”?

Tiago Junges: Eu tinha vários rascunhos de jogos e mecânicas legais nos meus cadernos que eu acabava nunca usando. E como eu também estava bem frustrado com o alto custo de produzir boardgame no brasil, decidi descarregar todas essas ideias em jogos print-n-play. Sempre gostei de PnP (Print-n-Play) mas não via muita gente com o mesmo gosto. Não me importei com isso e segui fazendo, colocando como meta fazer 3 jogos pnp de no maximo 2 folhas até o final do ano. "Bairro Zumbi" foi desses mini jogos.

6- Além de suas próprias criações, quais são seus RPGs favoritos?

Tiago Junges: Pergunta bem dificil. Eu costumo ter um jogo favorito por semestre... hehe.
Agora nos últimos tempos, eu to querendo narrar uma aventura que escrevi de Cthulhu Dark. Eu narrei CoC e Rastro, e sempre sentia que tinha algo faltando (ou sobrando... hehe). Quando descobri o Cthulhu Dark foi como se os deuses tivessem me ouvido. Adoro o sistema para narrar investigação sobrenatural e nao troco por nada hoje.




7- Você costuma jogar RPG solo com frequência? Tem algum jogo ou sistema/engine solo que você utiliza com frequência?

Tiago Junges: Joguei um pouco do D100 e "4 against the darkness", além de uns pequenos print-nplays. Já morri jogando Barbarian Prince. Quill é um que eu to querendo muito jogar mas ainda não tive tempo pra isso.

8- Além do RPG, quais outros hobbies você gosta de cultivar (e RPG para você vai além do Hobby, logicamente, com suas publicações e produção)?

Tiago Junges: Além de RPG, eu jogo boardgames, cardgames e as vezes jogos digitais. Eu organizo alguns Larps (Live Action Role Play) em Porto Alegre, em especial o Kampfest, que é um evento anual de acampamento medieval interiamente "Em ON". Eu também curto pintar miniaturas, mas há anos que não consigo tempo pra isso (acho até que já deixou de ser um hobbie... hehe)



9- Você também desenvolveu um Card game muito bacana, Tiago! Pode falar um pouquinho sobre ele? E que outros card games você curte (eu sou apaixonado por card games, tanto quanto por RPG!)?

Tiago Junges: O Card Goblins foi desenvolvido em 2012, e foi pioneiro nos financiamentos de boardgame/cardgame. É um jogo bem divertido que mistura elementos de party-game com estrategia. Fiz ele em conseuqencia do Munchkin, que eu estava começando a ficar triste pela pouca flexibilidade e falta de estrategia dele. Usei a tematica que tinha tudo a ver, que eu ja tinha até usado no RPG Malditos Goblins

10- O que você está planejando para o futuro do Coisinha Verde e seus lançamentos?

Tiago Junges: Para o ano que vem eu estou pensando em publicar minijogos e rpgs de forma economica. Talvez tendo versoes fisicas de baixo custo dentro de um Patreon (no caso, usarei o financiamento recorrente do Catarse). Talvez em um formato tipo "Revista"/"Zine" bimestral. Ainda não está bem decido

11- Com qual autor/escritor de RPG você gostaria de tomar um café?

Tiago Junges: Gosto muito do Luke Crane e das palestras de gamedesign dele. Eu me identifico muito com ele, e sinto que teriamos uns papos bem loucos. 


12 – E quanto a LARPs, Tiago? Me parece que você tem algum interesse nessa modalidade!

Tiago Junges: Eu organizo Larps em Porto Alegre há 7 anos. Começamos com um evento mensal chamado Kaldjorn, e nos reuniamos no Parque Marinha. Era gratuito e aberto. Com o tempo tivemos muita experiencia e há 4 anos decidimos acabar com o Kaldjorn e começar um novo cenario: Verloren. Esse cenario é explorado no evento anual Kampfest. Que é um evento de acampamento medieval. Rodei outros larps fechados também e espero no ano que vem fazer mais ainda.


Bom, é isso, grande Tiago! Um super abraço e muito obrigado pelo tempo cedido ao nosso blog!

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