sábado, 2 de junho de 2018

Minha História com a Fortaleza de Berdolock



Tenho um carinho muito grande por muitos jogos. Muitos fizeram e fazem parte da minha vida, sendo pilares importantes que me ajudaram inclusive a atravessar períodos difíceis, crises, e até mesmo tristezas na vida real.
Entre os jogos pelos quais tenho um carinho especial, está o Fortaleza de Berdolock.
Trata-se de um Dungeon Crawl, exploração de masmorras, genuinamente nacional, desenvolvido originalmente em 1994 - 24 anos atrás! - pelo grande Antônio Marcelo, da Riachuelo Games.
Atualmente, existem muitos jogos similares. Como exemplo, podemos citar o grande 4 Against Darkness, que tem feito muito sucesso entre os rpgistas. Ainda temos outros, como o incrível d100 Dungeon.
Comparativamente, todos esses novos jogos são bem mais completos que a Fortaleza.
Mas ao lembrarmos que a Fortaleza teve sua origem mais de 2 décadas atrás, fica o respeito pelo pioneirismo!

Eis aqui a capa do primeiro livro:
Uma história curiosa contada pelo próprio Antonio Marcelo, criador do jogo, é que essa edição quando foi lançada era vendida dentro de caixas de vídeo cassete, juntamente com os dados e folhas de papel quadriculado. Eles eram conhecidos na época como "os caras que faziam jogos em caixas de video cassete!". Uma idéia absurdamente genial.
Pouco tempo depois, foi lançado o primeiro suplemento, os "Pergaminhos Perdidos de Berdolock, Tomo 1":
Por algum motivo que nunca entenderei, as revistas de RPG que pipocaram na decada de 90 deixaram passar essa preciosidade.
A Dragão Brasil, a maior de todas, infelizmente nunca fez uma matéria sobre a Fortaleza de Berdolock, um crime isso! (Lógicamente, eles tem todo meu perdão, por todo trabalho maravilhoso que o Marcelo Cassaro e toda a galera fez ao longo dos anos!)

Acredito sinceramente tratar-se de um produto MUITO injustiçado. Imagine se ele tivesse recebido a atenção necessária; poderia ter gerado novos suplementos, e poderíamos ter tido um "4 Against Darkness" 100% nacional e 20 anos adiantado!
Mas invés de lamentar, vamos celebrar o fato do jogo ter sobrevivido ao longo dos anos, com uma pequena mas fiel comunidade de fãs.

Em 2013, em um período em que eu estava trabalhando com Produção Cultural, e viajava muito pelo país produzindo peças de teatro e exposições de arte, e em decorrência disso passava a maior parte do tempo em quartos de hotel, descobri o pdf do livro básico.

Foi amor a primeira vista, especialmente pela simplicidade do sistema.

Eu havia acabado de ler o Dungeons and Dragons 4 edição, e verdade é que eu não tinha gostado nem um pouco daquelas regras infinitas e enfadonhas (minha opinião mudou ao longo do tempo, hoje tenho mais respeito por essa versão...). A Fortaleza veio na contra mão disso, com regras super simples e fáceis de aprender e memorizar.

Comecei a jogar em quartos de hotel. Matei mortos vivos no Amapá, trolls em Belo Horizonte, orcs em Mogi das Cruzes, e enfrentei armadilhas no Rio de janeiro.

Conheci então o suplemento do Tomo 1, e gostei imensamente.

No inicio de 2015, eu decidi enviar para o Antonio Marcelo as "house rules" que utilizava. Ele gostou tanto que publicou junto com o material inicial, dando origem ao "Fortaleza de Berdolock Old School".


Nunca parei de jogar e produzir material para a Fortaleza.
Depois dessa versão Old School, infelizmente a Riachuelo Games encerrou as atividades, e muito material se perdeu no processo. 
Eu escrevi 2 novos suplementos com regras opcionais, quem tiver interesse é só entrar em contato. Quem faz parte do grupo Solo RPG no facebook já teve esse material disponibilizado.

Enfim, eu sei das limitações do sistema, e que também depois de um certo tempo o jogo cai em um tipo de "mesmice". Mas acredito que se for jogado de forma "homeopática", sem exageros, pode render vários minutos de diversão genuína e simples!

Que fique aqui registrado minha admiração por esse jogo!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Entrevista: Isabella Leão, escritora e game designer

 Olá,  pessoal, tudo jóinha? É com enorme alegria que hoje apresento aqui no blog uma entrevista com a escritora e Game designer Isabella Le...