Agora o Marcelo está prestes a lançar seu novo jogo, através de uma campanha de financeamento coletivo - só lembrando que o Marcelo talvez seja o escritor nacional com o maior numero de projetos de financiamento bem sucedidos dentro do cenário do RPG!
Bom, chega de enrolação e vamos lá!
Com vocês, sem cortes e edições, Marcelo Paschoalin!
1- Marcelo, como você apresentaria o “Perdidos”
para quem ainda não conhece o jogo e o financiamento?
Perdidos é um RPG de mesa
inspirado por Bloodborne e Dark Souls. Nele você é um Perdido – alguém que
morreu mas não se foi por completo, ainda se apegando às suas lembranças para
cumprir com seu desígnio em um mundo em ruínas, fragmentado a ponto de nele
restarem apenas memórias. Isso inclui as relíquias de outrora, feras
monstruosas, seres que esqueceram seu propósito, e caminhos tortuosos a
trilhar.
2- Como surgiu a ideia de criar o jogo?
Eu sou muito fã dos jogos
Soulsborne (franquia Dark Souls e Bloodborne, da From Software). Já havia visto
tentativas de emular esses jogos em um RPG de mesa, mas geralmente caía na armadilha
de somente aumentar a letalidade, sem outras consequências que vemos no
videogame. Um dia, jogando Bloodborne, já tarde da noite, alguma peça do
quebra-cabeças encaixou de maneira tão sublime que, na mesma hora, parei de
jogar e comecei a escrever o jogo: eu tinha encontrado a mecânica que tornaria
Perdidos o jogo que é.
3- Da ideia inicial até o jogo começar a tomar
forma, quanto tempo se passou? Em que momento você decidiu transformar o jogo
em um projeto de financiamento?
Acho que uns 3 ou 4 meses. Foi um
tempo de escrita e reescrita, estudando possibilidades, fazendo playtests solo
usando o Mythic para ver como as mecânicas se comportariam em jogo, até que,
finalmente, eu tinha um manuscrito jogável e iniciei os playtests com jogadores
mesmo. Depois dos playtests iniciais (e peer-review de algumas coisas), vi que
o jogo já estava pronto para ser anunciado ao mundo.
Eu não quis criar o financiamento
coletivo antes de ter a certeza de que tinha algo pronto em mãos, pois meu
objetivo é entregar o livro aos apoiadores tão logo quanto seja possível.
4- Como foram os playtests do jogo? Você testou
sempre com o mesmo grupo, ou com grupos diferentes? Outras pessoas também
playtestaram o jogo?
Os primeiros playtests foram
solo, com o Mythic: Game Master Emulator. Depois, usando meu grupo regular de
jogo e, após isso, grupos distintos. Foram sequências de playtests, sempre com
uma sessão de feedback ao final para que o jogo fosse aprimorado cada vez mais.
5- Qual você acredita ser o maior diferencial
das mecânicas de Perdidos?
Os resquícios de memória, aqueles
fragmentos que mantém o Perdido são e íntegro, formam a base da mecânica
principal nesse jogo. Cada personagem começa com umas poucas lembranças de sua
vida pregressa e, conforme se aventura, pode (raramente) ganhar outras, ou
(mais comumente) perdê-las. Veja: quando você morre em Perdidos, você se
dissipa e se reconstitui num altar (que, para os fãs dos jogos Soulsborne, tem
o mesmo efeito de uma fogueira ou lanterna), mas perde um dos seus resquícios
de memória. Isso faz com que você esteja cada vez mais perto de se perder por
completo (tornando-se um antagonista sob o controle do Mestre de Jogo) – mas,
mais do que isso, também significa que sua própria essência muda: perder uma
memória pode fazer com que algo que você tinha como certo, como parte
definidora da sua personalidade, também se perca, e isso torna Perdidos também
uma jornada de descoberta e redescoberta de si mesmo.
6- Qual seria a trilha sonora ideal para
acompanhar uma boa sessão de Perdidos?
As trilhas dos jogos Soulsborne
se encaixam bem, sobretudo Dark Souls 2 e 3 e Bloodborne. Você sente a tensão
alternando com a calmaria etérea e fugaz que traz o mistério enquanto desvenda
esse mundo fantástico.
7- O financiamento vai trabalhar com metas
estendidas?
Sim! E a primeira delas é
propiciar que o livro (originalmente em brochura) seja confeccionado em capa
dura. Fora isso teremos “achievements”, ou troféus conquistados, na forma de
adesivos que podem ser colados na ficha de personagem (representando feitos,
bons e ruins, ao longo do jogo, como, por exemplo, indicar o “primeiro a
morrer” ou a derrota de um Primordial). Ainda temos também um mapa completo do
mundo de jogo (que é gerado aleatoriamente, mas aqui apresentamos “uma” das
versões possíveis); um compêndio de feras (com mais antagonistas); e o
suplemento MedievALMAS ESCURAS, que faz com que Perdidos tenha, além da
estética Vitoriana encontrada em Bloodborne, também possua uma estética
medieval, como em Dark Souls.
8- Como está sendo essa “pré recepção” ao jogo?
Tenho visto muita gente falando sobre ele!
Está sendo maravilhoso! Nunca vi
tanta gente empolgada com um projeto meu. Cada curtida e cada compartilhamento
da notícia do financiamento é um voto de confiança em meu trabalho, e eu não
vou decepcionar meus leitores.
9- Enfim, Marcelo, segue aqui um espaço para
você falar o que quiser! O espaço agora é seu!
Em primeiro lugar, gostaria de
agradecer uma vez mais pelo convite para falar dos meus jogos, pois sei que são
iniciativas assim que permitem com que mais gente passe a conhecer a minha
obra.
E também gostaria de agradecer
aos meus apoiadores, muitos deles que vêm me acompanhando de projeto em
projeto. Cada livro só tem nascido por conta da inestimável contribuição dessas
pessoas.
Por conta disso, tenho o compromisso
de fazer de Perdidos um jogo fenomenal, que realmente ecoe nas mesas de jogo,
trazendo a emoção dos combates viscerais de Dark Souls e Bloodborne e a
reflexão das nossas próprias perdas ao longo da narrativa. No fim das contas,
Perdidos não é sobre aquilo que abandonamos, mas sobre a esperança que temos de
que, um dia, conseguiremos cumprir com nossos próprios desígnios.
Que isso sirva de inspiração para
nossa vida fora da mesa de jogo também.
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