terça-feira, 16 de abril de 2019

Entrevista com o autor Luciano Campos Tardock


Bom, galera, é com orgulho que hoje apresento mais uma entrevista! Conversei um pouquinho com o  super gente boa Luciano Campos Tardock, escritor do livro "“A Capitânia Real do Rio de Janeiro”, um suplemento muito bacana, e muito bem avaliado pela critica, do  excelente RPG "Bandeira do Elefante e da Arara", do  Christopher Kastensmidt.

Esse blog fica muito feliz em receber mais essa entrevista de peso!
E repito aqui o nosso lema: Sem edições ou cortes!




Olá, Luciano! Muito obrigado mesmo por aceitar essa entrevista! Fique livre para responder do jeito que quiser, seja através de um texto gigantesco de 5000 palavras, ou respostas monossilábicas! A proposta do nosso blog é “seja livre”.

Vamos lá então

1-    Luciano, como começou seu interesse pelo RPG? E pela literatura em geral?

Fala Tarcísio, boa tarde! Muito obrigado pelo convite e me sinto honrado em participar da comunidade Solo Rpg. Então, meu interesse com o RPG se deu com 14 anos e eu via a galera jogar rpg “matando aula” na escola. Mas o grupo era fechado, eles jogavam algo meio caseiro, mas apareciam alguns livros como Livro do Jogador do Ad&d e um manual básico de Gurps, que sempre estavam por perto. Toda aquela curiosidade só foi sanada meses depois quando um amigo de outra turma falou que também jogava e perguntou se eu queria participar. A partir daí eu nunca mais larguei o rpg.
Pela literatura em geral acredito que foi ainda criança. Uma pessoa muito próxima a minha família tinha uma coleção incrível de livros e aquilo tudo me era muito curioso. Comecei a ler revistinhas em quadrinho que ela ganhava e que meus pais me davam todo domingo ao voltar da missa.


2-    Como foi que você teve contato com a série de livros da Bandeira do Elefante e da Arara? E como surgiu a possibilidade de escrever um suplemento para ele?

Um amigo me indicou a comunidade por ser um material sobre história e folclore, temática que eu adoro. Comprei o livro e comecei a narrar, sempre buscando participar da comunidade. Em janeiro de 2018 (acredito eu), o Christopher abriu um processo para que os membros da comunidade produzissem algo. Aventuras em especial. Perguntei sobre a possibilidade de fazer um bestiário e ele deu a ideia de escrever sobre a minha região. Levei a ideia a sério e quando vi já tinha mais da metade do livro pronto sobre a Capitania do Rio de Janeiro. Foi um livro que nasceu bem rápido e espero que o pessoal tenha gostado do resultado final.


3-    Você tem alguns trabalhos, não ligados ao RPG, sobre história colonial, história do Brasil...e eu sei que você também é professor! Pode nos contar um pouquinho sobre sua trajetória profissional, e o que você tem estudado por aí?

Eu não tenho uma formação convencional. Sou formado em História e tenho uma pós em História Moderna e um Mestrado em História Social e Política. Quando terminei o mestrado fui convidado a começar a trabalhar com história pública, patrimônio, oralidade e memória, tudo de uma vez só, escrevendo pra sites locais em São Gonçalo, parei de dar aula e fui trabalhar com arqueologia, que sempre me foi uma área que me atraiu muito, essa mudança brusca em termos de áreas de trabalho dentro me abriu um leque bem interessante de possibilidades, mas, me fez ver que a história é muito mais do que documentos e textos dentro de uma sala de aula. Aprendi que a história é viva e fluida dentro do que a gente entende sobre relação humana.


4-    Fale um pouquinho sobre o suplemento “A Capitânia Real do Rio de Janeiro”, please!

Hahahahaha Claro, a Capitania é um cenário incrível! Claro que é o filho mais novo e tenho muito orgulho dele. Muito por conta de todo retorno bacana que venho recebendo (Mas nesse ponto tenho que fazer o comentário, nesse processo aprendi muito com o Christopher!). Ele é um cenário basicamente histórico, mas, assim como os textos do Chris, fiz questão de derramar tudo que pude de lendas, puxando ganchos do folclore, das memórias familiares, de curiosidades históricas, para dar uma cara bastante fantástica para a região. Obvio que eu queria escrever sobre todas as regiões possíveis da Capitania do Rio de Janeiro, ficaria lindo de se ver e ler, mas o livro teria umas 500 páginas. hahaha


5-    O primeiro RPG nacional a ter o Brasil colonial como inspiração foi o Desafio dos Bandeirantes, do Carlos Klimick, Luiz Eduardo Ricon e Flávio Andrade. Quais as principais diferenças e semelhanças você nota entre esses 2 cenários?

Pode parecer bobagem, mas, a primeira coisa que me vem a mente quanto a diferenças entre o material da Bandeira e o do Desafio, é a cor. O cenário do Christopher parece mais pujante, vívido. O do Desafio parece mais agreste, bruto... Mas talvez seja apenas uma sensação minha. Sem julgamento, gosto do Desafio, tenho muito respeito pelo material e por ser uma referência importante no rpg nacional. Semelhanças acredito que apenas a temática do Brasil Colonial, o foco central é esse e só.



6-    Livros e RPGs como esse despertam o interesse pela nossa história, pela nossa cultura, de uma forma que eu acredito ser única. Qual a importância, enquanto material didático, de livros como o que você escreveu?

Tá aí uma pergunta difícil. Eu escrevi a Capitania sempre pensando nos meus alunos. O que eles gostariam de ler. Eu tentei escrever um livro que não fosse para veteranos, pensei nos iniciantes. Sabemos do impacto do rpg em nossas vidas e de como ele tem um fator agregador sob diferentes aspectos. Vejo nos rpg’s que toquem nesses temas uma questão de valorização, de descoberta da sensação de pertencimento que até então não era percebida. Sou morador de São Gonçalo, região metropolitana do Rio de Janeiro, mas, sou professor em outro município, Itaboraí e uma grande parte dos meus alunos não conhecem a história local. Se eu fizer uma aventura d’A Bandeira do Elefante e da Arara, focando na região deles, usando como dinâmica uma pesquisa onde eles me auxiliem a construir parte do cenário, com certeza essa experiência vai mudar a vida deles. É isso que eu vejo de mais importante nos jogos de rpg, seu fator transformador de seres humanos.


7-    Quais seus RPG s favoritos?

Sem ordem de preferência: A Bandeira do Elefante e da Arara, Apocalypse World (E seus derivados – Dungeon World, Monstro da Semana, Sombras Urbanas, Monsterheart, etc), Deloyal (Do Valpassos e do Rafão! Que é um dos melhores jogos de rpg nacional com certeza!), Dungeons and Dragons e Um Anel (Que é uma lindeza do início ao fim). Preciso citar ainda Castelo Falkenstein por questões óbvias... Não dá pra deixar de lado essa obra prima.


8-    Eu sei que professor geralmente é professor 99% do tempo!kkkkkk! Além do RPG, você tem algum hobby (uma vez que o RPG é na verdade, parte dos seus trabalhos)?

Jogar botão conta? Uhauhahuahua Eu venho pesquisando times de futebol dos anos 10, 20 e 30 de São Gonçalo e fiquei tão pirado nisso que encomendei a um dos últimos artesãos da velha guarda do botonismo (Salve Seu Zé!) um time pra mim! rs


9-    O que você prefere, mestrar ou ser jogador?

Acho que mestrar ganha essa...


10-  Como você conheceu a ideia de RPG solo? Já teve alguma experiência/aventura dentro dessa modalidade? Algum jogo favorito?

Eu encontrei a comunidade do RPG Solo pelo Rafael Beltrame que fez um comentário na página da Appendix N e OSR - grupo de discussões, tive um primeiro contato por conta de um problema familiar e, na ausência do grupo por conta desse problema familiar, me peguei lendo e conhecendo os jogos solo. Tanto que venho buscando adaptar eles e apresentar para os meus alunos. Tenho dois jogos favoritos até o momento: Diário do Caçador, do Tiago Junges, um monstro! Produz muito! E o Blanc & Noir, do Felipe Faria que me trouxe todo o saudosismo de jogos como Mafia, LA Noire, entre outros...


11-  E aqui um espaço para você falar o que quiser! Sobre seu trabalho, sua vida, um recado...be free, man!

Ah... Como tenho jogado menos, tenho escrito mais. Tenho rabiscado umas ideias sobre um jogo baseado em “A Revolução dos Bichos” e “1984” do Orwell, então, vamos ver o que sai. Até então, tenho escrito algumas coisas extras pra “Bandeira” e colocado no meu médium que vou deixar o link aqui, vai que alguém entra pra ler? Hahaha Um abração e obrigado pela oportunidade. :D

(Nota do Blog: Segue aqui o link para o Medium do Luciano:https://medium.com/@luchietardock )



Bom, é isso aí, Luciano! Me desculpe se algumas perguntas parecem amadoras...sou formado em musica, na verdade!kkkkkkkk!


HUAHUAHUAHUAHUAUHA Que isso, não tem pq pedir desculpas. A vida é muito mais que títulos e formações. 😉 Tamo na área! :D



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