Olá, pessoal, tudo jóinha?
É com enorme alegria que hoje apresento aqui no blog uma entrevista com a escritora e Game designer Isabella Leão.
Apesar de ser a entrevistada mais jovem dentre as mais de 40 pessoas já entrevistadass aqui, a Isabella tem uma produção muito sólida e de uma qualidade inequívoca.
Bom, segue essa entrevista incrível repleta de informações, dicas e revelações da autora!
Como já é tradição: sem edição ou cortes!
1- Primeiramente, conte para quem talvez não conheça o
seu trabalho. Quem é você?
Acho que
essa é a pergunta mais difícil pra mim!
Bom, vou
começar com perguntas que normalmente me fazem. Eu sou a Isabella, sou uma
escritora gaúcha, trabalho com escrita, diagramação e edição de imagens, sou
apaixonada por terror, medievalismo e Babymetal. Eu vivo com a minha mãe, tenho
20 anos, moro na zona rural de Porto Alegre, não faço faculdade, sou de gêmeos,
e minha santa protetora é Joana D'arc.
Eu sou autora de A Herdeira de Umbrea, um romance de fantasia sombria, do Pandora RPG, da novela #Polipa, e, em breve, autora de Clube do Ocultismo.
2- Quando é como você iniciou na escrita? O que veio primeiro, o RPG ou a literatura?
Ah, eu
comecei bem nova. Tinha uma oficina de escrita no meu colégio, era algo bem
simples para as crianças, mas foi lá que comecei a ter algum interesse. O
primeiro livro que me despertou a vontade de ser escritora foi Alice no País
das Maravilhas, porque eu amei a história e era tão simples que senti que
poderia fazer também. Depois eu comecei a escrever algumas fanfics, mas sempre
que eu mostrava para as pessoas que conhecia, elas não liam. Resolvi, então,
publicar no wattpad e deu bastante certo. Eu publiquei #Polipa na forma
de folhetim (um capítulo por semana) e ganhei muito público, muitos elogios e
conforme a história crescia, eu me motivava mais a trabalhar com isso. Hoje
#Polipa tem 170 mil leituras, mas não costumo recomendar muito ela porque é um
gênero que não trabalho mais.
Eu
finalizei #Polipa em dezembro de 2020 e comecei, em Janeiro de 2021, a escrever
A Herdeira de Umbrea, mais ou menos na mesma época que pensei em criar um RPG.
Eu tinha conhecido RPG um ano antes por conta do RPG de Game of Thrones,
que eu quis ler mais para devorar tudo da obra e aprender sobre o universo em
si, mas as regras e o jogo em si me despertaram uma curiosidade sobre aquilo.
Daí um primo meu me ensinou a jogar, mas eu não gostei muito, por ser muito
travada, eu não me sentia à vontade para interpretar e agir como queria. Eu só
voltei a me interessar por RPG quando conheci o canal Me, Myself and Die
e adorei o jeito como ele jogava sozinho. Inicialmente eu comecei a escrever o
Herdeira de Umbrea junto do que chamei na época de Umbrea RPG e ia testando as
versões do sistema. Enquanto jogava, eu também estava bem viciada em Sailormoon
e me deu vontade de também usar o sistema para jogar neste cenário, foi então
que me veio da ideia do Pandora RPG, como algo mais genérico e versátil. Como
eu conhecia mais de escrita do que de RPG, acabei fazendo um sistema bem focado
em elementos narrativos, o que me ajudou a criar o sistema de oráculo, fazer
classes e arquétipos serem mais focados em papéis narrativos do que profissões
em si, etc. E também eu assistia cada episódio do Me, Myself and Die anotando
tudo o que ele sentia falta durante o jogo e colocando no meu sistema.
Acabou que A Herdeira de Umbrea foi publicado em março de 2022 e o Pandora RPG apenas em 2023, pois me exigiu muito mais estudos e era uma área que eu não conhecia tanto, mas acho que nestes dois anos eu devo ter lido uns 50 livros de RPGs diferentes. Sempre gostei muito de pesquisar para escrever minhas obras, então era um prazer manter essa compulsão de leitura.
3- Fale um pouco de cada uma das suas obras principais
Bom, vou
falar das que já escrevi e dos meus próximos lançamentos. E sou apaixonada pelas
minhas obras, então aguentem!
Agora vou
falar das próximas obras.
Sussurros de Umbrea, Livro 2: o título ainda é
um mistério, mas o “Umbrea II” (esse virou o apelido oficial dele) já está
escrito e estou na fase de revisão e diagramação. O livro ficou bem maior (330
mil palavras, ou 1200 páginas em A5) e é a continuação direta de A Herdeira de
Umbrea. Foi um trabalho quase ininterrupto de 2 anos e estou super satisfeita
com o resultado. Não quero dar spoilers, mas para os leitores de A Herdeira de
Umbrea, vocês encontrarão o mesmo nível de violência, terror e muito mais
desenvolvimento do mundo, dos personagens e da cultura dravhosí. Espero publicar
o livro em Dezembro de 2024, também pela Amazon.
4- Quais são suas inspirações?
Todas as
minhas obras nascem do seguinte sentimento: eu queria muito ler "tal
coisa", mas essa "tal coisa" não existe, então irei escrever!
Minha
principal inspiração é sempre a História mesmo. Para escrever os livros de
Umbrea, pesquisei bastante sobre a cultura eslava, desde a mitologia até a
revolução soviética e me foquei, principalmente, no período entre 900 e 1200 de
Kyev em direção ao leste, misturando culturas ocidentais e orientais. Meu
primeiro contato com os eslavos foi por conta da lenda da Baba Yaga, que foi
algo que me apaixonei completamente e comecei a ler tudo sobre a mitologia
deles, gosto do modo como o terror é construído se misturando ao folclore
local. Outros eventos que me aprofundei foram as cruzadas e também a
inquisição. O livro Malleus Maleficarum, por exemplo, escrito em 1486 me deu
muito suporte para tratar a bruxaria de forma coesa com os pensamentos da
época. Na parte dos combates eu costumo usar HEMA (para o ennponí) e kenjutsu
(para o asthení), assim eu fico constantemente assistindo vídeos de luta para
deixar as lutas mais coesas. Inclusive o Livro dos 5 Anéis, de 1645, também
serviu como base para criar o asthení. Gosto de ver escritos da época e
entender como aquilo era visto no contexto próprio.
Indo agora
mais para obras e autores, o que fez eu me apaixonar pelo medievalismo foi Game
of Thrones, primeiro com a série e depois com os livros. Até hoje sou
apaixonada pela obra e é uma das minhas franquias favoritas. Em relação a
Umbrea, a obra que mais se assemelha, sem dúvidas, é Berserk, que é outra
grande inspiração minha. Claymore também foi uma grande influência no meu modo
de pensar e ver a fantasia sombria. Indo pro lado do horror, meu autor favorito
é Stephen King, adoro a construção do terror, a atmosfera gradual e o clímax
que ele cria. Ler Stephen King é uma aura de escrita criativa. Um autor que
também gosto e me comparam às vezes é o Andrzej
Sapkowski, autor dos romances de The Witcher. Além de usarmos a
mesma base cultural e mitológica (os eslavos), temos uma fluidez parecida no
ritmo da história. A ambientação dele vai um pouco mais para a fantasia e a
alta magia, enquanto eu vou para o realismo e o terror. Em termos literários,
se você gosta da escrita do Andrzej e da ambientação de Berserk, vai gostar
bastante do meu universo de Umbrea.
O terror
japonês também moldou muito minha forma de ver o mundo e de criar as minhas
histórias, acho que é inegável notar as influencias orientais na minha forma de
criar as histórias e as cenas. Ringu (original do Chamado) é meu terror
favorito japonês no cinema, e, nos animes, creio que Another e Corpses Party, e
nas série minha paixão atual é Girl From Nowhere (sim, ela é Tailandesa, mas a
ambientação é semelhante). As lendas urbanas do Japão me fascinam e minha
favorita é a Futakuchi-Onna. Ano que vem estarei iniciando mais um universo
meu, chamado Clube do Ocultismo, e vou trazer o terror japonês unido à vida
escolar (pois Mahou Shoujo também é uma de minhas grandes paixões!). Estou
adorando trabalhar nesse projeto e imergir ainda mais na cultura nipônica.
Embora eu
não goste muito de falar de política e religião, sem dúvidas a Santa Joana
D'arc é uma grande inspiração para a minha vida, tenho uma ligação muito forte
com ela e é com quem converso em muitos momentos da minha vida.
5- Quais são as maiores recompensas de trabalhar com escrita? E quais os maiores desafios?
Vou começar falando das recompensas!
A primeira
grande recompensa é ver a obra pronta, eu fico folhando meus livros do início
ao fim várias vezes. Além disso, há um prazer enorme em criar um universo, algo
que eu acho que todas as pessoas deviam sentir um dia. Dar vida a personagens,
criar culturas, elaborar enredos. Criar mecânicas para o RPG também me desperta
a mesma sensação, é um frio gostoso no estômago que não sinto de nenhum outro
lugar.
Ter
leitores, é claro, também é muito prazeroso. Gosto de manter contato pessoal
com quem esteja disposto a conversar sobre meus livros e adoro ouvir teorias,
interpretações diferentes, expectativas. É, sem dúvida, um dos meus assuntos
favoritos.
Agora se o
objetivo é a recompensa financeira, daí recomendo olhar o Top #100 da Amazon, é
triste, mas é a realidade. Não elaborarei mais sobre hehe
6- Além de RPG e literatura, quais outros assuntos você
se interessa?
Por
algumas limitações pessoais, não posso sair de casa cotidianamente, então meus
lazeres acabam sendo assistis filmes, animes e séries, ler mangás. Vou citar
alguns dos meus favoritos aqui:
Filmes: O Chamado, Rurouni Kenshin (os 5 filmes live action), La Vie De Adele, Linda Linda Linda, The Blair Witch, The Witch, Hagazussa, The Exorcist, About Time, Little Women (um caso raro que o filme é melhor que o livro).
Séries: Game of Thrones, The Borgias, Girl from Nowhere, Alice in Borderland, Penny Dreadful, The Haunting of Hill House, Night Has Come, All of Us Are Dead.
Animações: Ghost in the Shell, Evangelion, Sailormoon, Tenshi no Tamago, Sakura Card Captor, Konosuba, Frieren, Perfect Blue,
Mangás: Suzumiya Haruhi no Yuutsu, Claymore, Berserk,
Pokémon, Atelier of Witch Hat.
Ah, foi o que lembrei de cabeça, desculpem obras amadas que eu esqueci!
E amo ouvir Babymetal! Ouçam também, é muito bom, passo a maior parte do meu dia ouvindo as músicas delas.
Eu queria ter alguns hobbies mais artesanais, mas me falta ânimo. Adoraria fazer cenários e miniaturas pros meus RPGs. Todo ano me comprometo a isso e todo ano falho.
Eu tenho
um compromisso leal com as minhas personagens de tentar levar a história delas
para mais pessoas. Essa vai ser sempre minha prioridade, em respeito a elas, eu
vou continuar escrevendo e nunca vou permitir que a história delas seja deturpada
ou se curve a exigências externas. Então acho que o meu maior sonho é ser lida
mesmo, meio óbvio, eu sei, mas é o sentimento que mais predomina em mim.
Claro, eu
adoraria conseguir ganhar com a escrita o bastante para me sustentar e poder terceirizar
os trabalhos técnicos de um livro, poder pagar publi para divulgações, investir
em marketing. São coisas que não só me ajudariam a ter mais alcance, como me
permitiriam dedicar mais tempo à escrita.
8- Você já passou por algum período de bloqueio criativo?
Como você lida com isso?
Não,
bloqueio criativo nunca me prejudicou. Eu passo até pelo inverso, penso e crio
histórias num ritmo mais rápido do que consigo escrever, por questões pessoais,
sei que não terei tantos anos com capacidade plena para escrever, então
certamente muitas obras que eu queria fazer jamais serão escritas.
E existem
bastante técnicas para driblar o bloqueio criativo. Por exemplo, eu só começo a
escrever um livro quando tenho toda a estrutura organizada, do início ao fim,
com cada capítulo resumido em pelo menos um gordo parágrafo. Bagagem também
ajuda muito a evitar isso, então antes de escrever um tema, leia pelo menos uns
10 livros que sejam o mais parecidos possível para entender o que é feito e,
principalmente, o que ainda não é feito.
E
conversem com seus personagens, viagem para o mundo deles, não deixem a matéria
da nossa realidade limitar o livro.
Se nada
funcionar, me contratem como consultora! =D
9- aqui você pode falar o que você quiser. Pode ser seus
contatos, alguma pergunta que você gostaria de responder e nunca te
perguntaram, ou até uma receita de bolo! kkkkkk. Seja livre.
Bom, vocês
podem me encontrar nas redes sociais por @isabellap4ndora em praticamente
todas: x/twitter, instagram (essas duas são as principais, então prefiro elas),
facebook, telegram e até gmail. Como a maioria dos meus trabalhos vem pelas
redes sociais, estou sempre olhando as DMs, e respondo todos que forem
respeitosos. E podem ir direto ao assunto, pulem "oi/tudo bem" pra
conversar comigo.
Bom,
quanto a coisas que eu gostaria de falar e que nunca me perguntaram, tenho
muitas, mas sou tímida demais para ter autoestima o bastante para sair
respondendo assim sem me perguntarem. Talvez não pareça, mas sou extremamente
travada ao lidar com outras pessoas.
E sobre
receitas de bolo, no Umbrea II teremos várias receitas típicas dos dravhosí.
Além de terror, melancolia e angústia, o livro trará fome!
Acho que é isso, obrigada a todos que leram até aqui, quem se interessou pelo meu trabalho, fique a vontade para tirar quaisquer dúvidas comigo, posso demorar um pouquinho, mas sempre olho as mensagens.