quinta-feira, 27 de maio de 2021

RPG SOLO sem pressão - O Zen dando guias de como jogar RPG solo

 Olá, tudo bem com vocês?

Hoje um artigo com reflexões.


O RPG solo tem uma série de particularidades que o tornam único. Existem preocupações que ocorrem frequentemente no RPG tradicional em grupo que simplesmente não fazem sentido na abordagem solo (por exemplo a eterna discussão "será que o que me diverte está divertindo meu grupo?", ou "será que meus jogadores vão curtir e aceitar essas minhas regras da casa?").

Da mesma forma, tem certas preocupações no RPG solo que simplesmente não fariam sentido em uma mesa em grupo.

Sempre existirão novos materiais, novas tecnicas que vão abordar essas problemáticas, tanto no solo quanto no grupo.

Mas esse artigo é para dizer que muitas vezes colocar essas questões em primeiro plano pode ser uma forma de sacrificar os proprios gameplays, o proprio entretenimento, a propria diversão (tem pessoas rolando em posição fetal agora que eu sei...), a propria motivação.

E vou colocar aqui MEU ponto de vista.

Eu tenho notado que, para responder algumas dessas questões, muita gente acaba sacrificando o proprio jogar. Conheço SIM muitas pessoas que em "busca do jogo ideial" passam tanto tempo discutindo teorias e formas de jogar que simplesmente não jogam! Sim, conheço pessoas que discutem todos os dias coisas relacionadas a RPG nas redes sociais e que estão há 2, 3 anos sem fazer uma única sessão.

Sério, isso realmente acontece.

Não acho errado. Tem gente cujo contato com o RPG passa pela esfera do debate, da teorização, da fundamentação teórica, e é dessa forma que essa pessoa "degusta" o RPG. Se você se encaixa nisso, manda ver! Em nenhum momento eu disse que essa discussão e que esse debate não é necessário.

Mas parece que tem gente que está eternamente insatisfeito com a forma como está jogando, e nessa busca por limar essas arestas, acaba deixando de aproveitar o seu jogar atual.

Minha dica é:

Aproveite o seu jogo, o seu jogar. Passe um tempo com ele.

Pegue aquele jogo que você comprou/baixou/criou, e passe um tempo consideravel com ele, sem pressa, sem aquela ansiedade do "Meu Deus, tem 50 jogos que eu quero jogar e ainda nem li eles!".

Simplesmente jogue o seu joguinho, e enquanto joga ele , tente aproveitar ao máximo aquela experiência. É um princípio do zen budismo: "Quando estiver sentado, sente-se"; "quando comer, coma".

Vale muito a pena levar esse pensamento para o RPG solo:

"QUANDO JOGAR, JOGUE"

Permita-se fazer um jogo que seja um que você não vai ficar comparando aquelas regras de combate com as regras do D&D, ou ABEA, ou seja lá qual for. Tente jogar ao menos uma vez um Dungeon Crawl sem ficar, no MEIO DA SESSÃO, comparando tudo que está acontecendo com o o Notequest, ou o 4 Against Darkness, ou o Gloomhaven, ou o Descent. Jogue AQUELE jogo, e vá fundo na história que está sendo contada.

Apenas aproveite aquele jogo, naquele momento, e viva aquela experiência de forma livre. Viva aquela história que está sendo criada com AQUELE conjunto de regras. Passe um tempo COM aquele sistema, e não um tempo com aquele sistema e outros 20 na sua cabeça.

Não estou falando para não comparar, buscar um jeito melhor; estou apenas dizendo para fazer isso depois.

A menos que você REALMENTE goste dessas comparações no momento de jogo e isso faça parte da sua experiencia de, ou que você precise fazer isso por razões de game design e criação, aí tudo bem.

Mas eu particularmente acho bem triste quando percebo pessoas no RPG eternamente insatisfeitas com os jogos que participam por que queriam estar jogando "outro" jogo, e quando vão jogar esse "outro" jogo, aparece um outro, e outro...

Como vivemos um mundo polarizado ao extremo, tenho certeza absoluta que muita gente vai chegar até aqui na matéria (os que chegarem, muita gente vai ler só 2 paragrafos, vai se revoltar, não vai ler mais e ainda vai postar algo sobre como eu estou errado) achando que eu falei que NÃO é pra ler outros livros de RPG, que NÃO é pra debater, que NÃO é pra procurar melhorar seus jogos e sistemas.

Bom, quem me conhece sabe que eu tenho leitura dinâmica e que por conta disso eu consigo ler quantidades enormes de páginas em um curtissimo espaço de tempo. Aproveito isso pra ler o máximo de livros de RPG possíveis. Eu leio MUITO sistema de regras. Como não vai gastar muito do meu tempo, eu costumo ler até sistemas de regras que eu definitivamente não gosto (li o FATAL inteiro e tb li o MYFAROG, do Varg VIkernes. Meus olhos quase sangraram com essas 2 abominações, mas eu li sim).

E eu acho o debate importante, bem como a teorização.

Mas tem que ter momentos. Não tem nada de errado em se entreter com um sistema de regras, mesmo se ele não for tão bom quanto "aquele ali". Não se joga um jogo apenas para comparar com outro.

E em grupo todas essas questões são realmente complexas, mas no solo temos a opção de suspender momentaneamente essas questões e simplesmente passar um tempo rolando dados, usando miniaturas e vivendo histórias em um outro mundo.


2 comentários:

  1. Bom dìa.
    Eu nao encuentra uma manera pra contactar o autor de esde blog!
    Se voce pode, enviar uma e-mail a niliarpg@gmail.com

    Saludos

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  2. Muito interessante o seu comentário sobre a atitude em relação à experiência do jogo e a seriedade com que se diverte com o jogo, concentrando-se na experiência. Tem sido um problema para mim, não tanto a comparação entre sistemas - eu não sei muito sobre RPG, apenas alguns sistemas - mas a capacidade de mergulhar em um jogo. É contraditório, porque estou realmente interessado em "peça solo", por diferentes razões (acabei de encontrar seu blog através da entrevista de Tana Pigeon, e ela menciona várias razões para peça solo válidas para mim também), mas a falta de interlocutores humanos, ou seja, o compromisso de manter a atenção na experiência compartilhada, simplesmente para não ser rude, está resultando em eu ser muito mais facilmente distraído, com uma mensagem no telefone ou uma idéia que me passou pela cabeça, uma referência pesquisada na internet e, de repente, passaram 10 minutos, ou 45. Diante disso, a sugestão de se concentrar na experiência, não porque seja uma obrigação, mas para realmente obter o máximo da experiência de jogo em si, é bem-vinda. Muito interessante seu blog, eu o adicionei aos meus favoritos. Vou colar aqui meu comentário em português traduzido por deepl e o original em espanhol, abaixo. Abraço!

    Muy interesante tu comentario sobre la actitud para encarar la experiencia del juego y ponerse serio sobre el disfrute del mismo, enfocarse en la experiencia. Viene siendo un problema para mí, no tanto la comparación entre sistemas -no conozco demasiado sobre Rol, sólo algunos sistemas- sino la capacidad de sumergirme en una partida. Es contradictorio, porque realmente me interesa el "solo play", por distintas razones (acabo de conocer tu blog mediante la entrevista a Tana Pigeon, y ella menciona varios motivos para el juego solitario válidos para mí también) pero la falta de interlocutores humanos, es decir, el compromiso a sostener la atención en la experiencia compartida, simplemente para no ser descortés, viene resultando en que me resulte mucho más fácil distraerme, con un mensaje en el teléfono o una idea que se me cruzó, una referencia buscada en internet y de pronto, pasaron 10 minutos, o 45. Frente a eso, la sugerencia de concentrarse en la experiencia, no porque sea una obligación, sino para realmente sacarle el jugo a la propia experiencia del juego, es bienvenida. Muy interesante tu blog, lo agregué a mis marcadores. Pegaré aquí mi comentario en portugués traducido mediante deepl y el original en español, abajo. Salud!

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