segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Entrevista exclusiva com o criador/autor/escritor/game designer Marcelo Paschoalin

Galera, é com muita alegria que apresento hoje essa entrevista. O trabalho do Marcelo tem uma importância muito grande em minha vida: Em 2008, após passar muitos anos afastado do Hobby, decidi voltar ao menos ler livros de RPG, e o primeiro livro que comprei foi "O Anel Elemental" que me fez redescobrir o quanto eu gosto de tudo isso. Esse jogo me rendeu ótimas aventuras e sessões.

Eu gosto muito da descrição sobre o autor que podemos encontrar no site Skoob:

Marcelo Paschoalin é  autor de literatura fantástica e livros de RPG.
Nascido em Santo André-SP, é casado e formado em Psicologia. Costuma dizer que sua profissão é ser escritor, tendo como hobby o trabalho diário.
Não tem nenhum animal em casa, mas gostaria muito de ter um cão ou gato - porém entende que um apartamento pequeno não é lugar para uma criatura que nasceu para ser livre.
Falando em ser livre, prefere o campo à praia e se orgulha de ter escrito boa parte de seus livros usando um smartphone (deixando a tarefa de diagramação para o final em seu desktop). Quando você o vir, provavelmente ele estará digitando algo em meio à vida cotidiana.



Ahhh, segundo informações atualizadíssimas do autor, ele tem 7 gatos

PS 1: Nota do Blog: EU, Tarcisio Lucas, acredito piamente que os gatos são os Mestres supremos do universo, e me alegrei imensamente com essa infomação!

Pois bem, sem enrolação, eis aqui a entrevista!




1) Primeiramente, gostaria que você nos contasse sobre como foi seu contato inicial com o RPG de maneira geral.

-[olha para o horizonte] Já faz 30 anos? 32, na verdade. Começou com a caixa preta do D&D, em inglês, que um amigo tinha. Foi meu primeiro contato e lembro do meu maguinho de primeiro nível lançando um míssil mágico que "abriu um buraco no meio do peito do ogro" (palavras do Mestre na época -- tenha em mente que eu tinha 6 anos de idade e posso me lembrar das coisas de maneira meio difusas, mas tenho certeza de que as regras, como escritas, dificilmente teriam ogros que sucumbissem ao 1d4 de dano daquela magia). Jogamos um pouco, e, dois anos depois, meu avô apareceu com um GURPS Basic Set (2nd printing), em inglês... Disse que me ajudaria a aprender melhor o idioma. Ajudou, claro, pois eu li e reli aquele livro até soltar as páginas... E, de lá pra cá, bem... são três décadas de jogo, né? Muita coisa rolou.

2) Você tem produzido muita coisa, Marcelo, tanto no Brasil quanto no exterior. Se você tivesse que apresentar seu material para quem ainda não o conheçe, quais você apresentaria primeiro?


-Provavelmente eu começaria com o AF&F (Aventuras, Foices & Feitiços), pois foi feito também com o iniciante em mente, recheando o livro de exemplos, com um cenário cujo paralelo com outras coisas que tenha visto torna próxima a relação com o leitor. Isso, no caso, de um total iniciante. Dependendo a quem eu apresentasse meu trabalho (digamos alguém que já demonstre apreço pela fantasia urbana), já saltaria para o zauBeR, por conta da premissa. Já se a pessoa falasse que gosta mais de ler do que jogar, apontaria na direção dos meus romances, como "Regência de Ossos." Há livros para todos os gostos, e é natural que um leitor (e jogador) se sinta mais cativado por um tema do que outro.

3) Você tem muitos projetos de sucesso quando o assunto é financiamento coletivo, uma coisa impressionante, ainda mais se considerarmos a realidade do nosso país. Qual a chave e o segredo desse sucesso, em sua opinião?


-Acho que o ponto principal é a sinceridade e a consistência: ser franco com seu público acerca do que você pretende entregar e fazer isso dentro do prazo esperado (até antes!). Entendo que isso é mais fácil de gerir quando se produz praticamente tudo sozinho (ao contrário de editoras, que dependem de mais pessoal), mas é o que tenho procurado fazer. Tenho um público pequeno, mas fiel, e sei que, quando anunciar um próximo financiamento coletivo, por conta de tudo o que entreguei até agora, eles vão também apoiar.
Lembre-se de que a palavra mais importante em "financiamento coletivo" é justamente a segunda: coletivo. O público tem de se empolgar com o que você faz, do contrário nada acontece.

O livro que me fez voltar ao RPG...


4) Enquanto jogador, quais os seus RPGs favoritos?


-Tem tanta coisa legal, mas confesso que, tirando algumas mesas no último ano, raramente eu me sento como jogador, costumeiramente assumindo o papel de Mestre. Ainda assim, seria mentira se eu não dissesse que meus RPGs favoritos foram os que escrevi, pois ali estão coisas que eu realmente gosto em jogo. Mas, se for para citar jogos de outros autores, minha preferência recai sobre Dungeon World (com o Saqueadores na Fronteira), Masks, Swords & Wizardry, Street Fighter: the Storytelling Game, Fudge, GURPS, e Dragonlance: 5th Age, sem nenhuma ordem específica.

5) Sem ser RPG, quais outros assuntos/hobbies despertam seu interesse?


-Gosto de estudar a religiosidade celta (afinal, sou Druida), mitos, oráculos, filmes, séries e livros diversos, além de tocar música (sou tecladista e baixista). Contudo, como nunca vivemos alheios ao mundo que nos cerca, costumo me inteirar sobre políticas públicas e defender, ainda que de maneira indireta, aquilo que acredito. Se é para usar a palavra escrita (e, como escritor, é meu trabalho fazer isso com um mínimo de competência), que seja para tornar o mundo melhor.

6) Se você tivesse que passar o resto da vida jogando um único RPG/Sistema, qual seria?


-Teria de ser um sistema genérico, pois aí abarcaria todas as possibilidades de criação, e para isso eu escolheria Fudge (afinal, como ferramenta, abriria espaço para muito mais coisa). Mas se fosse escolher um único cenário, escolheria Atisi.

7) Quais os seus planos, enquanto autor, para este ano (2019)?


-Tenho dois RPGs já em fase de playtest, um de fantasia sombria e outro de ficção científica. Tenho sido também cobrado para continuar com a saga dos meus romances (tem leitor esperando pelo livro "Espada de Ossos" há algum tempo) e, talvez, desta vez eu o termine. Mas esse é o plano atual, das coisas como estão. De repente pode surgir algo no meio do caminho, mudando os planos, mas isso "é o que tem pra hoje."

8)Quais as diferenças, na sua visão, entre publicar no exterior e publicar no Brasil?


-Aqui no Brasil eu publico há muito mais tempo do que lá fora, então a diferença principal é a construção do público. Confesso que é difícil já me manter ativo na comunidade lusófona, quem dirá na anglófona, então "não ser conhecido" é sempre uma barreira a transpor. Fora isso, escrever em inglês envolve certo know-how que depende muito de revisores/editores nativos de lá, pois há termos e expressões que nós, por mais que conheçamos a língua, não temos igual desenvoltura ao nos expressar. Tive a sorte de encontrar uma magnífica editora que trabalhou no "Ancient Worlds: Atisi" e tornou minha obra ainda melhor.

9) Criando tanta coisa e gerenciando tantos projetos, você ainda encontra tempo para jogar o tanto que gostaria?


-Não tanto quanto eu gostaria, ainda mais que, muitas vezes, acabo mais jogando para testar mecânicas em desenvolvimento do que simplesmente para me divertir. Mas nada tão grave que eu precise recorrer da frase d'O iluminado: All work and no play makes John a dull boy.

10) Qual RPG sistema você gostaria que convidassem você para escrever um suplemento? Sobre o que seria esse suplemento?


-Há tantas editoras com trabalhos tão fantásticos que seria difícil escolher uma numa hora dessas. A escolha do tema do suplemento também deveria casar com a linha editorial, mas eu tanto poderia resgatar temas que já escrevi no passado (faroeste, por exemplo, com o "1887: Sob o sol do Novo México") ou algo que envolvesse fantasia sombria e aventura, como os temas dos meus romances "A última Dama do Fogo" e "Crença de Ossos".

11) Bom, Marcelo, deixo agora o espaço livre para você deixar uma mensagem aos nossos leitores!


-Tenho muito a agradecer pelo espaço aqui. Foi ótimo relembrar o caminho até agora, falar um pouco do presente e até do futuro. Espero que quem não conhecia meu trabalho aproveite para visitar http://letraimpressa.com.br e conferir um pouco do que faço e, tendo quaisquer dúvidas, entre em contato para a gente bater um papo. Que este 2019 seja um ano fantabuloso para nós, e que consigamos passar em todas as Jogadas de Proteção que nos obrigarem a rolar -- que resistamos e vençamos sempre!


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