quarta-feira, 12 de abril de 2023

Entrevista: Oghan N'thanda

 Olá, pessoas, tudo bem com vocês?

Hoje temos uma nova entrevista, dessa vez com o escritor Oghan N'thanda, que além de publicar romances e contos dentro do gênero "steampunk" também atua dentro do cenário nacional de RPG. 

Como já é tradicional aqui, a entrevista não tem cortes. Aproveitem e depois vão atrás das obras do Oghan, vale muito a pena!

1- Vamos começar com o básico: como você se apresentaria para alguém que está tendo contato com sua obra pela primeira vez?

Olá, eu sou o Oghan, sou autor de afrofuturismo e primeiro autor de steampunk do Brasil, já traduzi a saga Terra de Ninguém, do Batman, pela DC Comics, venci o Prêmio Wattys em 2018 na categoria Construtores de Mundo, atuei como revisor do selo Valiant Comics do Brasil, além de ser autor dos romances: A canção do silêncio, a máquina do mundo e Os Oradores dos Sonhos. Em formato de conto já publiquei com as editoras Draco, Multifoco, Andross, Jambô, Empíreo, Grupo Editorial Quimera, Revistas Nocaute e Trasgo, e Omenana, na Nigéria.


2- Você é reconhecido por ser o primeiro e maior autor nacional a abordar o universo/tema do afrofuturismo. Esse ainda é um termo que ainda gera dúvida entre alguns leitores. Você poderia explicar para nós o que é o afrofuturismo?

Uma correção, é steampunk.

Eu sou o primeiro autor de Steampunk do Brasil e um dos autores com o maior numéro de obras publicadas no gênero: até agora são 13 contos e 2 romances.

Steampunk é um gênero estético e literário que combina elementos da ficção científica, da fantasia e do estilo de vida da Era Vitoriana com tecnologias futuristas imaginárias movidas a vapor. O termo "steampunk" foi cunhado no final da década de 1980 como uma brincadeira com a ficção cyberpunk e se refere à ênfase na tecnologia a vapor e na aparência retrô da moda vitoriana.

O steampunk tem uma estética distinta que geralmente envolve corsets, espartilhos, óculos de aviador, armas de metal e engrenagens expostas. As histórias de steampunk geralmente se passam em uma realidade alternativa em que a tecnologia evoluiu de maneira diferente e as invenções a vapor são predominantes.

As obras de ficção steampunk podem incluir elementos de mistério, aventura e romance, e geralmente apresentam personagens inventivos e engenhosos que usam a tecnologia a vapor para superar desafios e obstáculos. O steampunk tem uma forte comunidade de fãs e é frequentemente celebrado em convenções e eventos de cosplay. No steampunk nós chamamos o cosplay de Steamplay.

Já o afrofuturismo é um movimento cultural que combina elementos da cultura afrodescendente com a ficção científica, a fantasia e a cultura pop. O termo foi cunhado na década de 1990 pelo crítico cultural Mark Dery e se refere à maneira como os afro-americanos e as culturas da diáspora africana abordam a especulação sobre o futuro e a tecnologia em suas obras. O afrofuturismo tem como objetivo imaginar um futuro em que as culturas afrodescendentes ocupem um papel central e ativo. Isso pode envolver elementos como tecnologias futuristas inspiradas em culturas africanas, referências a religiões africanas, histórias de ficção científica que abordam questões raciais e sociais, entre outros. O afrofuturismo tem sido explorado em diversas áreas da cultura popular, incluindo música, literatura, cinema, moda e arte visual. Artistas afrofuturistas incluem Octavia Butler, Sun Ra, Janelle Monáe, George Clinton e N.K. Jemisin. O afrofuturismo tem se tornado cada vez mais popular nos últimos anos, com mais artistas e criadores incorporando elementos afrofuturistas em suas obras e projetos.Tem algumas autoras e autores que eu gosto muito: Margareth Weis, Tracy Hick, Stephen King, Italo Calvino, jose J Veiga, Glenn Cook, Terry Pratchet, China Mieville. Nos nacionais gosto do Ed Kasse, Ana Lucia Merege, Cirilo Lemos, Ale Santos, Lu Ain Zayla, Sandra Menezes.


 3- Como foi que você começou a escrever dentro dessa ótica afrofuturista?

foi meio sem querer, eu estava percebendo uma movimentação da comunidade negra ao redor desse gênero, que se tornou mais forte após o lançamento dos filmes do Pantera Negra, por outro lado eu sempre quis trabalhar com ficção espacial de alguma forma e trazer a minha visão do que seria uma SPACE OPERA com foco na negritude e identidade afro-diaspórica.

4- Qual foi o primeiro livro que você publicou? E qual você considera a obra sua mais interessante para alguém começar a acompanhar o seu trabalho?

Meu primeiro livro publicado foi O Baronato de Shoah, também meu livro mais importante, por ser um épico stempunk com várias referências a cultura pop, como Final Fantasy, Dungeons & Dragons e as Revistas Heavy Metal. Com o passar dos anos o livro e o cenário, Nordara, ganharam um peso ainda maior por fazerem parte do movimento Steamfunk, um movimento que coloca mais cultura negra no steampunk com a cultura africana como protagonista - o meu livro é inspirado nos judeus etíopes e na cultura cananeia.


5- Agora algumas questões mais pessoais: como é ser escritor em nosso país? Quais as maiores recompensas e os maiores desafios?

Ser escritor no Brasil é um desafio, se você pensar somente na venda do livro direto, sem querer se espalhar para outras áreas: eu me envolvi com redação publicitária e com a indústria da criatividade, como roteiro, podcast e criação no geral e tem sido bom para mim. 

O Brasileiro também é muito isolado culturalmente, ele não se conecta com os países de idioma espanhol, nem inglês, o que dificulta nosso acesso e nossa expansão comercial.

Nós precisamos melhorar nossa postura e nos expandir, temos ferramentas virtuais pra isso, hoje.


6- Quais as suas maiores fontes de inspiração?

Tem algumas autoras e autores que eu gosto muito: Margareth Weis, Tracy Hick, Stephen King, Italo Calvino, jose J Veiga, Glenn Cook, Terry Pratchet, China Mieville. Nos nacionais gosto do Ed Kasse, Ana Lucia Merege, Cirilo Lemos, Ale Santos, Lu Ain Zayla, Sandra Menezes.


7-      Você também participa ativamente da cena nacional de RPG. Poderia contar um pouco sobre seus projetos atuais nessa vertente?

Meu projeto atual é com o pessoal da Craftando Jogos, onde estamos desenvolvendo O Último Ancestral RPG, baseado no livro de mesmo nome do Ale Santos, um livro finalista do prêmio jabuti.e  semi-finalista do 1º CCXP Awards. Atualmente já terminamos o Fast Play e a capa!


8-      Cara, aqui nessa última “pergunta” o espaço é todo seu. Use para falar tudo que as perguntas não permitiram, faça seu jabá, xingue, critique...seja livre!

Eu quero convidar cada um de vocês a ser a inspiração que vocês não tiveram quando mais jovens. Sejam os escritores, escritoras, que vocês queriam ver nos eventos, na internet, nas revistas, podcasts! Sejam o símbolo da mudança e o abraço para a próxima geração.

E leiam meus livros, por favor.

Aqui a paginada AMAZON onde vcs podem adquirir as obras do Oghan: Amazon - Livros do Oghan

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