Galera, eis que está rolando mais um Financiamento Coletivo que muito nos interessa: Magos Lacunares da Torre Purpura, nova criação do Jorge Valpaços (Valps) juntamente com a Prissilla Souza (Priss). Além disso, o projeto conta com a diagramação do Diego Bernard e com ilustrações do Lud Magroski.
O jogo trará regras para o jogo em grupo, e também para o jogo solo, ou cooperativo sem mestre!
Vamos lá então! Como sempre, sem revisões, cortes ou edições!
Olá,
pessoal! Gostaria de dizer que é uma honra falar com vocês sobre esse jogo
incrível. Sintam-se livres para responder da forma que acharem melhor!
1.“Magos Lacunares da Torre Púrpura” entrou em Financiamento Coletivo, e logo nos
primeiros dias já angariou muitos apoios! Como vocês apresentariam esse novo
projeto para alguém que ainda não conhece a proposta do jogo?
Olá
Tarcísio! Primeiramente muito obrigado pela oportunidade de conversar um pouco
sobre este projeto!
Priss:
Magos Lacunares da Torre Púrpura é um jogo sobre aprendizado, magia e fluidez.
Passa por diversão, cuidado, superação, o que a criatividade permitir.
Valps:
Hum, de forma simples, Magos Lacunares da Torre Púrpura é um RPG sobre crianças
que aprendem a utilizar a magia da criatividade enquanto descobrem a si e ao
mundo fantástico que vivem em uma jornada divertida e empolgante!
2.Como surgiu a ideia desse jogo, que é bemmmmm peculiar?
Valps
e Priss: Muitas vezes a ideia já estava lá faz um tempão e ela vai se maturando
com o tempo. Eu não tinha criado até então nenhum jogo de fantasia e curto
pensar nos conjuradores. Então, conversado com a Priss há anos notamos que
tínhamos gostos em comum ao pensarmos sobretudo em como a narrativa se constrói
em jogos (que é o elemento de metalinguagem em Magos Lacunares), bem como a
relação entre aprendizagem e progressão em RPGs poderia ser explorada de formas
diferentes. E tudo isso explodiu quando colocamos no jogo muito sobre a relação
de ensinar a aprender, parte de nossa vivência enquanto professores.
Noctempluft, o nome do cenário do jogo, nasceu assim, como uma explosão de uma
bolha de sabão mágica em uma noite. E sim, é uma onomatopeia doidinha. ^_^
3.Quais obras serviram de inspiração? Quais obras e outras mídias – séries,
filmes, hqs, etc – vocês consideram capazes de passar um clima parecido com o
de Magos Lacunares?
Priss:
Vejo as referências em diversas obras, mas por alto. A gente tentou inovar no
modo de apresentação e como cada detalhe se harmonizaria com a leveza e a
doidera do Condado.
Valps:
São muitas, mas por diferentes motivos. A fantasia e a noção de descoberta
dialogam com Over the garden wall, a noção de jornada e missões dialogam com
Avatar, os elementos sensíveis do cenário e as relações de maturidade e
experiência se aproximam de Steven Universe. Sem sombra de dúvidas que a
literatura infantil e infanto-juvenil fazem parte das inspirações, mas talvez o
que surpreenda alguns é a presença do Mangue Beat, de fantasia urbana, folclore
nacional e uma certa brincadeira com uma leitura decolonial da fantasia.
Vaps
e Priss: Talvez a maior inspiração esteja no mundo que nós vivemos e na forma
que lidamos com jogos, com a vida, com as histórias, com o aprendizado. Tem muito
sobre como aprender (se) jogando em Magos Lacunares.
4.Graças a vocês, eu pude dar uma olhada no livro – que é incrível – e pude ver
que ele possui uma estrutura diferente de quase tudo que vemos por aí quando o
assunto é RPG! Isso foi intencional, ou simplesmente aconteceu do livro sair
assim?
Priss
e Valps: Este é um dos pontos mais interessantes na concepção do livro e do
jogo. O processo de escrita, testes e validação tinha de ser conectado à
experiência do jogo. Logo, a criação do RPG foi lacunar e a organização do
texto já entrega a proposta pela forma que ele se apresenta. Foi bem difícil
fazer um livro “aberto e preenchível”, e confesso que a gente esquentou a
cabeça vez por outra. Mas quando isso acontecia, bastava subir na Torre Púrpura
pra pegar uma brisa suave com cheirinho de lavanda. Ocorre que o próprio
conceito de manual de RPG é sustentado pela incompletude ante a experiência
proposta. Neste sentido existencial, a escrita de um jogo é sempre lacunar, uma
aposta, uma abertura, uma entrega. E os leitores/jogadores também a fazem em
dois níveis. O primeiro, em relação à própria obra, o segundo, em relação aos
demais que partilham as experiências à mesa (ou a si mesmo quando se joga RPG
Solo). Quando organizamos o texto da forma que ele está destacamos estas
relações sociais e existenciais subjacentes ao ato de ler e jogar RPG. Por isso
houve muita sensibilidade e carinho por nossa parte ao desenvolver este jogo,
que, como outros que me envolvo, também lidam com a tradição de jogar jogos narrativos
como um dos objetivos de desenvolvimento.
5.Magos Lacunares da Torre Púrpura é um projeto com várias pessoas envolvidas…
Vocês poderiam falar um pouquinho sobre vocês, como se conheceram, e o que cada
um cuida dentro do projeto?
Priss:
Sou uma professora de língua portuguesa, fascinada pelas lacunas literárias tão
potentes e fluidas. Revisora textual há uns 6 anos.
Valps:
Eu sou um professor periférico, um amante de RPG, alguém que gosta muito de
ler, de ouvir, assistir, criar histórias. E me descobri escrevendo. Faço parte
do coletivo criativo Lampião Game Studio há alguns anos
Priss
e Valps: A gente se conhece há muito tempo, desde o longínquo Ensino Médio, rs.
Estudamos juntos, jogamos RPG, a vida nos desencontrou e nos encontrou
novamente. Diego Bernard faz parte do Lampião e tem ótimos projetos e soluções
para nossos jogos. Vale conferir os trabalhos dele, sobretudo o cardgame que
está fazendo. O Lud eu (Valps) conheci pessoalmente no último Diversão Offline
de São Paulo, quando jogou Arquivos Paranormais na melhor mesa que narrei no
evento. Desde então acompanhei sua arte e encontramos a pessoa certa para
ilustrar o Magos Lacunares. Já a Editora CHA (Max e Stella) é composta por
pessoas incríveis, realmente compromissadas em trazer livros e jogos que
contemplem a diversidade e a inclusão. Quando apresentamos o projeto eles
gostaram bastante. Podemos dizer que essa é a equipe perfeita para o projeto!
6.Eu estaria certo se eu dissesse que Magos Lacunares bebe de fontes que vão
desde Ariano Suassuna até Harry Potter? Como vocês conseguiram criar um
universo fantástico tão original, e ao mesmo tempo tão próximo?
Priss
e Valps: É? Acho que sim, né? Hahahha. Então, nada é criado no vazio, no éter.
E penso que parte da originalidade está na contextualização de referências e da
coesão dos signos e símbolos que são evocados para construir um discurso. Seria
absurdo imaginar que uma adesão plena a um projeto se daria sem dialogar com o
repertório do leitor. Magos Lacunares não fala de um mundo fantástico totalmente
absurdo. Você consegue notar a proximidade de questões aqui do Brasil,
elementos que fazem você querer participar de histórias de um mundo
“distante-próximo”, e essa relação que parece contraditória não é por meio da
fantasia. Afinal, a magia está justamente aí, nessa alquimia que fornece
ternura, maravilhamento, emoções e afetos enquanto nos entregamos a um espaço
de possibilidades de nos (re)conhecermos. Não é em vão que em Noctempluft há
uma região chamada Terras do É-Não-É. ;)
7.Que o Financiamento será bem sucedido, isso não há dúvidas. Então, o que o
futuro nos trará dentro desse universo? Algum suplemento a vista?
Valps
e Priss: As metas extras já entregam os nossos projetos futuros. A ideia é
expandir as possibilidades de jogo em Magos Lacunares. As primeiras metas
detalham a capital do Condado e o interior da Torre Púrpura. Temos também um
suplemento em mente para detalhar regiões super mágicas do mundo. Além disso,
há 2 hacks para o jogo propostos. No primeiro, temos os maguinhos fazendo travessuras
e não tarefas dos mestres lacunares. E no segundo hack temos o que seria
considerada uma campanha épica, na qual se joga com os avatares da magia, com
os próprios mestres lacunares.
8.Bom, é isso! Aqui aproveitem para dar uma dica cultural aos nossos leitores.
Pode ser qualquer coisa: um livro, um filme, uma peça de teatro, uma banda… E
nem precisa ter relação com o RPG; sejam livres!
Priss:
Uma dica cultural, que tal conhecer os heterônimos de Fernando Pessoa? Estamos
há mais de um século nessa onda de multiplicidade...
Valps:
Uma dica cultural? Sugiro a leitura do quadrinho Re Tinta de Estêvão Ribeiro. É
um quadrinho excelente que merece a atenção de todos nós. Muito obrigado
novamente e que todos possamos construir futuros mágicos por meio da abertura,
maturidade e da magia lacunar!
Um
super abraço e muitíssimo obrigado!
Link do FC: Magos
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