Engajamento Espontâneo: um fóssil?
People, hoje vou falar sobre um fenômeno que muitas vezes parece
ser apenas uma relíquia de algum tempo remoto, e que é algo absurdamente raro: o
Engajamento Espontâneo.
O que seria isso?
Eu chamo de “Engajamento Espontâneo” aquele tipo de envolvimento
de uma pessoa com um material que ocorre de forma natural, por gosto e por identificação
direta. Não é aquele engajamento que surge por conta de doses maciças de propaganda
e Marketing.
HEY! SE NESSE MOMENTO VOCÊ ENTENDEU QUE EU ESTOU FALANDO QUE
O ENGAJAMENTO QUE SURGE POR CONTA DE UMA CAMPANHA DE MARKETING BEM FEITA É RUIM,
VOCÊ ENTENDEU COMPLETAMENTE ERRADO!
É POSSÍVEL SIM CRIAR ENGAJAMENTO SINCERO COM BOM MARKETING, E
ACHO O MÁXIMO QUE ISSO SEJA POSSÍVEL.
Mas eu chamo de Engajamento Espontâneo aquele que ocorre da seguinte
forma: a pessoa conhece/lê um material, e por gostar muito daquilo, de forma totalmente
espontânea decide falar sobre aquilo, recomendar, e até mesmo produzir conteúdo
sobre aquilo de alguma forma, seja, um vídeo, um relato de sessão, um stream.
Veja bem, SEM que tenha ocorrido uma forte campanha de marketing
ou bombardeamento de exposição daquilo material. Aquele que não precisa disso.
Como exemplo, vou citar o RPG com a maior quantidade de vídeos
em meu canal: o Pocket Dragon.
Os vídeos foram feitos muito antes do Rafael Beltrame criar a
comunidade do jogo no Facebook (comunidade essa que ajudou MUITO na popularização
do PD). Na época,o Pocket Dragon era um documento bemmmmm longe das discussões e
preferências da comunidade. Mesmo sendo um dos primeiros jogos OSR do país, as comunidades
OSR ignoravam a existência do jogo (como aliás continuam a ignorar qualquer jogo
REALMENTE underground e fora do Hype, mas enfim....).
Eu conheci o jogo no site da Red Box Editora (atual Buró), me
apaixonei pela proposta, e mesmo sem ninguém mais comentando, sem qualquer indicativo
de que isso iria atrair público, comecei a fazer vídeos com ele. Os 3 primeiros
vídeos do Canal, intitulados “Como jogar RPG de mesa sozinho”, foram utilizando
e apresentando o Pocket Dragon.
Atualmente, meu canal tem mais de 30 vídeos sobre esse sistema.
E não foi o único caso.
Abordei o Desafio dos Bandeirantes, o RPG A TRAMA, e muitos outros,
movido por esse “engajamento espontâneo”. Até o jogo “Stranger Things RPG”, escrito
pela Lorena, uma menina na época com 13 anos de idade, apareceu no meu canal.
Na verdade o título desse artigo foi enganoso: o RPG solo nacional
tem muitos exemplos além de mim desse tipo de Engajamento. É algo bem comum na comunidade,
e é basicamente o que move a produção de conteúdo da galera.
Mas fora dele, acho que dá sim pra dizer que é um fenômeno em
extinção.
Na verdade, nem mesmo campanhas de marketing de sucesso tem garantido
um engajamento consistente; da pra citar uma dezena de jogos que investiram bastante
em propaganda, tiveram boas vendas ou FCs de sucesso, que posteriormente geraram
ZERO engajamento.
Atualmente o que tem ocorrido é a sucessão vertiginosa entre
focos de interesse, guiados por exposição fruto de campanhas de marketing hora inteligentes
e instigantes, hora apelativas e de mau gosto (e muita coisa que fica no meio termo
entre esses 2 extremos).
Geralmente a principal justificativa das pessoas ao tentarem
explicar porque não exercem esse engajamento espontâneo é a questão do “tempo”:
dizem ter o interesse, mas falta o tempo para se engajarem.
Que é um argumento que eu – Tarcísio – acho uma desculpa muito
fajuta; a mesma pessoa que usa esse argumento
maratona 10 séries por ano na Netflix, ou assiste One Piece, ou lê tudo que sai
de D&D.
É uma questão de prioridade, isso sim.
E NÃO HÁ NADA DE ERRADO EM TER OUTRAS PRIORIDADES DE CONSUMO
QUE NÃO O ENGAJAMENTO ESPONTÂNEO. Só não entendo esse medo ou vergonha de admitir
isso. Porque a menos que você viva em um estado de semi escravidão (e infelizmente
isso ainda existe em nosso país), um mínimo de controle de tempo e agenda você tem
sim. Se não tem, algo está muito errado, e aí é bom reavaliar muita coisa....
No solo, temos uma vantagem ENORME com relação a isso, por um
fator muito simples:
É totalmente possível a gente se engajar com nossas próprias
criações!
Temos a chance e o privilégio de podermos virar os maiores fãs,
consumidores e entusiastas de nossos próprios jogos. Isso é fantástico.
Bom, é isso!
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