sábado, 30 de março de 2019

Mysthea: Entrevista com o autor e game designer Douglas Santana Mota!


Bom, galera, é com orgulho que apresento aqui mais uma grande entrevista, dessa vez com o autor/ game designer Douglas Santana Mota, uma das pessoas por trás do RPG MYSTHEA, que está em fase de financiamento coletivo no Kickstarter. Na verdade, o projeto já está financiado, contando com mais de 500 apoiadores, tendo atingido sua meta em apenas 1 dia! Não tem nem o que falar, correto?

Mas para saber mais a respeito sobre o #mysthearpg, e da mente criativa por trás dele, segue aqui então essa entrevista muito bacana!

Vamos lá então!
Como vocês estão acostumados, e como é a proposta do blog (e na verdade de tudo que eu faço), nada aqui foi editado!


1-      Douglas, primeiramente, seja muito bem vindo! Antes de tudo, gostaria que você se apresentasse para a galera. Então, quem é o Douglas Santana Mota?
Valeu pelo convite!

Cara, sou um sujeito reservado, que vive na estrada, ama livros... e o RPG, claro. Narro há mais de duas décadas e até conheci minha esposa jogando Vampiro: A Máscara muitos, muitos anos atrás! Trabalho um bocado, como Segurança numa plataforma de petróleo, e sempre perco os eventos de RPG mais maneiros por estar embarcado ou viajando rss

2-      O RPG “Mysthea: Legends Form the Borderlands” está em fase de financiamento coletivo lá no Kickstarter. Como você apresentaria o jogo para alguém que nunca ouviu nada a respeito do jogo e desse universo em particular?

Que tal um cenário de fantasia lírico – com ilhas flutuantes, cristais místicos, monstros cultos e tempestades eternas – onde você controla não só um herói, mas uma facção inteira de mercadores, soldados, nobres, místicos, etc. Com heróis que podem ser criados em 15 minutos, mas ainda assim instigantes e profundos; como o Mártir, o Veterano, ou o Insurgente. E onde todos têm acesso a poderes telecinéticos!

Além disso, que tal um jogo que trata do aspecto humano da guerra e das dificuldades em se reconstruir uma cidade devastada, curando as feridas entre conquistados e vitoriosos? Onde você pode mesmo mudar o mundo... ao longo de décadas de jogo.
Mysthea é tudo isso. Um RPG com um pé no narrativo e o outro nos jogos de estratégia, num cenário intrigante, com uma arte fenomenal.

3-      O Mysthea na verdade já atingiu a meta inicial de financiamento, já estando com mais de 500 apoiadores (522, no momento em que escrevo essa pergunta). O que mais podemos esperar agora? Quais as próximas metas?

Acabamos de liberar um Modo Solo para o Mysthea, graças a uma meta social que atingimos. Logo chegamos a próxima meta, que libera um complemento, com uma nova Facção, rebelde e insidiosa, um grande projeto para as facções, a Revolução, e um ensaio da Helen Gould sobre protestos e resistência. Tudo junto, numa megapacote! Temos mais uns cinco desses megapacotes na manga para um fim de campanha épico, como foi o do Legacy.
Além disso queremos oferecer uma experiência linda na mesa, e para isso também anunciaremos metas para fichas de Heróis e Facções impressas em material de extrema qualidade, além de já termos um mapa editável e um baralho útil e estiloso como opcional.



4-      Quais os pontos que , na sua opinião, diferenciam o Mysthea de outros RPGs de ficção e fantasia?

Em primeiro lugar, o propósito das aventuras e campanhas. Queria desde o início um cenário de fantasia, mas que nos fizesse pensar um pouco sobre as sagas e os heróis do mundo real. Trazendo problemas bem contemporâneos, como por exemplo o dos refugiados e veteranos de guerra, ou o acesso seguro à agua, comida e educação. Enfim, que houvesse uma boa razão para que seu personagem ouse, sofra, persista... e uma recompensa diferente em caso de triunfo: mudar o mundo de verdade, para melhor.

Mas também tenho trabalhado cada detalhe para que Mysthea seja um jogo de alianças e lealdade. Uma busca incessante pela liberdade... ou poder. Isso só vai realçar o aspecto único de se controlar uma facção E um personagem, e os conflitos de interesses entre eles. Além da possibilidade de crônicas abrangendo décadas de história, com múltiplos personagens, amplificar os efeitos dos dilemas e escolhas dos jogadores.

E por fim, sou um fã de literatura Weird, de Nathaniel Hawthorne e Michel Moorcock à Laird Baron e China Mieville. E o Mysthea é um prato cheio para o misticismo e o fantástico quase horror e para o horror quase ficção científica.  


5-      Douglas, o jogo está sendo lançado pela UFO Press. O que você pode nos contar sobre essa editora? É uma editora da Inglaterra, certo? Qual é exatamente a sua relação com eles (fundador, parceiro, funcionário...)? Conte-nos um pouquinho sobre ela!


Baseada em Oxford, a Ufo Press a princípio era a Jay Iles, e ocasionalmente a esposa dela. Mais indie, impossível. Até que eu apareci do nada com uma proposta criativa e comercial e virei o primeiro free lancer. Lançamos um suplemento para a primeira edição do Legacy. Na segunda edição, assumi a posição de co-autor e fui, digamos, o motor criativo do projeto, que cresceu e abraçou muita gente. Meio que revelamos o Tithi Luadthong, um artista tailandês incrível, e agregamos talentos de um punhado de colaboradores.

Já a parceria com a galera da Tabula Rasa, detentora do jogo de tabuleiro do Mysthea, foi ideia minha e dessa vez a Jay está na administração do projeto e no layout. Com isso, me tornei o Lead Developer, responsável pela ficção, regras e texto.

Na prática, o freelancer oficial da casa! J

6-      Como foi seu início no mundo do RPG? E quando você começou a trabalhar profissionalmente dentro do mercado de RPG?

Meu início não podia ter sido mais orgânico e gradual. Lembra daqueles livrinhos: “Agora Você Decide”? Devorei tudo. Livros jogos? Também. Até evoluir para o Dungeoneer e Blacksand, com os quais narrei pela primeira vez. Não demorou e me graduei nos RPGs “sérios” com Shadowrun.

Ediouro, eu te amo.

(Pronto. Precisava quitar essa dívida cármica! Rss)

Até o belo dia que peguei um Lobisomem: O Apocalipse todo sambado e mergulhei por uma década no Mundo das Trevas. Infelizmente narrei muito D&D nessa época também.

Mas depois de 15 anos, saturei do mainstream.

Passei a buscar sistemas alternativos. E um belo dia fui convertido ao Powered by the Apocalypse pelo charmosíssimo Spirit of 77 – uma jóia meio ignorada no meio, mas que dá um banho em títulos da moda. Nessa mesma época, perdi o emprego. Era algo esperado, eu estava tranquilo e preparado para passar muito tempo em casa. Bom, preparado financeiramente, porque psicologicamente o ócio não me fez nada bem. E decidi então publicar. E esse foi o pulo do gato: eu não queria escrever! Isso eu já fazia. O objetivo era publicar.

Para isso estudei o mercado, tracei um plano e enviei propostas criativas para três jogos. Fechei com a Jay e o Legacy e publicamos. Simples assim.


7-      Quais os seus sistemas favoritos?

Sempre mestrei todos os outros jogos buscando inconscientemente o Powered by the Apocalypse do Vicent e Meguey Baker. Mas também sou fã do O Um Anel do Francesdo Nepitello pela elegância das regras, conceitos e escrita. Outras referências? Ben Robbins (Microscope e Kingdom), Greg Stolze (Wild Talents e Unknown Armies) e Phil Brucato (Mago: a Ascensão).


8-      Na sua opinião, quais as principais diferenças entre o mercado de RPG lá fora, e aqui no Brasil?

Vou chover no molhado: a pirataria selvagem impossibilita um investimento no mercado de PDFs, que representa um terço da nossa receita lá fora.

No aspecto menos óbvio, costumo dizer que a receita para publicar é planejar como um executivo, criar como um artista, produzir como um operário e promover como um publicitário. Aqui infelizmente sinto que muita gente se contenta em ser no máximo dois desses quatro.

9-      Existe alguma chance do Mysthea ser trazido para a língua portuguesa?

Estamos em negociação para o Legacy em 2019. E se essa parceria fechar como imagino, o Mysthea com certeza vem também.

10-  Agora a pergunta mais importante: Por que todo mundo deveria apoiar esse RPG incrível que é o Mysthea?

Porque não há nada parecido com o Mysthea em termos de RPG de fantasia. Simples assim.
Um jogo de gerações? Em dois níveis, facção e personagem? Com horror místico, política maquiavélica e dramas humanos de verdade? Com um sistema versátil e exaustivamente testado? Com nosso primor de produção? Capa dura, todo colorido, arte fenomenal e um universo ficcional original e em franca expansão?
Háh! Boa sorte!

11-  Você mesmo nos contou que está desenvolvendo um modo solo para o jogo...pode nos adiantar um pouco sobre como está sendo esse trabalho? E, complementando, como foi que você conheceu a ideia do “solo RPG”?

Não me surpreendi quando nossos parceiros italianos informaram que clientes deles estavam pedindo o modo solo. Afinal, Iron Sworn tinha recentemente balançado o mercado, com um solo robusto, mas simples. 
Topei então encarar o desafio de criar esse modo. De certa maneira, comecei no RPG solo, lembra? E eu já vinha me divertindo ocasionalmente com o Dungeon Solitaire e comprado e estudado o dito Iron Sworn.
Ainda estou trabalhando no primeiro esboço, mas até agora a ideia inicial é colocar 5 pares de dados cristalinos de cores diferentes num bag. O jogador saca os dois dados para os testes regulares, definidos numericamente. Com isso, baseado na matriz das cores dos dados escolhidos, define-se quais os próximos eventos do cenário. Cada uma das 5 cores indicando: pesquisa/conhecimento, interação/contato, magia/mistérios arcanos, movimento/viagem, conflito/guerra. Mas isso é só o começo...

12-  Douglas, a partir de agora, sinta-se livre para falar o que quiser aqui. Pode incluir perguntas que achou que ficaram faltando, e já responde-las! Be free, man!kkkkkkkk

Só quero agradecer o entusiasmo da galera online e dos amigos, o reconhecimento e a apoio de vocês valem ouro para gente!

Quem quiser conhecer melhor o projeto e participar do financiamento, e ainda por cima ter acesso gratuitamente ao quickstart do jogo, é só ir lá na página do kickstarter: Myshtea Financiamento Coletivo


Um comentário:

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